Presidente da CPI fala sobre desvios nos
Fundos de Pensão
Fundos de pensão
financiaram projeto de poder do PT
Uol
Notícias
12/02/2016
12/02/2016
Os
fundos de pensão representam no Brasil uma grande caixa-preta. Pouca
transparência, regulação confusa, um tema árido por onde poucos se aventuram a
decifrar seus enigmas. Por outro lado, cifras bilionárias concebem o lastro que
garante a aposentadoria de milhões de brasileiros, os quais depositaram
recursos de toda uma vida confiando na proposta de mais segurança e
tranquilidade no momento em que se aposentarem.
Porém,
esse panorama de fantasia já não existe. Os deficit dos fundos de pensão
alcançaram valores tão significativos que chegam a colocar em xeque o futuro
das pessoas e suas famílias. Foi neste cenário que foi concebida a CPI dos
Fundos de Pensão, na qual recebi a desafiadora missão de presidi-la e revirar
as entranhas dessa caixa preta.
Para
se ter uma ideia do patrimônio envolvido, apenas os quatro fundos objetos de
investigação somam R$ 350 bilhões em investimentos. Postalis (Correios), Petros
(Petrobras), Funcef (Caixa) e Previ (Banco do Brasil) representam quase 1
milhão de famílias e hoje tem deficit que se aproxima da marca de R$ 30
bilhões.
Ao
adentrar neste terreno hostil, descobrimos que parte desse deficit bilionário é
fruto de riscos do mercado, mas em sua grande parte também da má gestão,
temerária e fraudulenta. Desvios que revelam a face mais cruel de todos esses
escândalos que assolam o Brasil: estão roubando dinheiro dos aposentados.
Após
quatro meses de investigação, já percebemos que o mesmo modus operandi do
petrolão também é identificado nos fundos de pensão: o aparelhamento das
instituições, o tráfico de influência e o direcionamento dos negócios para
interesses político-partidários.
ão
tantos os desvios, que é crível afirmar que os fundos de pensão fizeram parte
da máquina de corrupção para financiar o projeto de poder do governo do PT.
Três dos quatro presidentes dos fundos são filiados ao partido do governo, o
que facilita a inserção dos operadores no meio dos negócios bilionários.
Figuras
se repetem entre os mesmos escândalos, por exemplo o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto, operador do esquema e com fortes indícios de coordenar o tráfico
de influência entre os fundos. Esteve na quarta-feira passada (3) depondo em
nossa comissão. Um depoimento polêmico, porque mesmo preso na Operação Lava
Jato optou por ficar calado e não responder as perguntas. Na minha experiência
parlamentar, nunca vi alguém que veio a uma CPI e ficar calado ser inocente.
Se
muitas comissões hoje iniciam com presunção de pizza, não será esse o destino
da CPI dos Fundos de Pensão. Temos um pilar propositivo a ser apresentado que
representará a modernização da legislação, hoje arcaica, e a redução das
fragilidades que permitem que os fundos sejam saqueados quando comandados por gestores
de má fé.
No pilar investigativo, a atuação
compartilhada com MP e Polícia Federal nos dá a expectativa de vários
indiciamentos ao identificar inúmeros crimes cometidos, e assim estancar a
sangria e resgatar ao aposentado a esperança de não ver o seu patrimônio
dilapidado por um governo que se destaca por confundir o público com o privado.
Não podem brincar com o futuro das pessoas e suas famílias, a sociedade precisa
reagir e estamos fazendo a nossa parte.
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