Relator da CPI dos
Fundos de Pensão deve
pedir indiciamento de
Vaccari
A Tarde
03/02/2016
O relator da CPI dos Fundos de Pensão na
Câmara, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), afirmou nesta quarta-feira, 3, que
deve pedir o indiciamento do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto por suposto
envolvimento dele em esquema para desviar recursos de fundos de pensão. Nesta
tarde, Vaccari compareceu ao colegiado, mas, munido de habeas corpus concedido
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), permaneceu calado.
"Há grandes possibilidades e,
provavelmente, pediremos o indiciamento. Há indícios muito fortes da
participação dele (Vaccari) na liberação de recursos de fundos de pensão para
fundos de investimento e para o PT. Ele ia pessoalmente na sede desses
fundos", afirmou o relator. O relatório final da CPI ainda não tem data para
ser apresentado. Criado em agosto, o colegiado deve encerrar seus trabalhos em
19 de março.
O presidente da CPI, deputado Efraim Filho
(DEM-PB), também afirmou que o colegiado tem indícios de que Vaccari exerceu
tráfico de influência junto aos fundos de pensão para desviar recursos e
atender interesses políticos e partidários. Para o parlamentar, o silêncio do
ex-tesoureiro do PT durante o depoimento poderá ser interpretado como
"presunção de culpa", diante das "graves acusações que o relatório
final trará".
Dispensa
Na terça-feira, 2, a defesa de Vaccari pediu
ao comando da CPI que dispensasse seu cliente da oitiva, já que ele
permaneceria calado, para evitar custos de deslocamento. Segundo apurou a
reportagem, a Polícia Federal teria gastado cerca de R$ 2,5 mil com o translado
de Vaccari de Curitiba, onde está preso, para Brasília, em avião particular. O
presidente do colegiado, contudo, negou o pedido dos advogados do
petista.
"Ficaríamos extremamente prejudicados se
sua presença não ocorresse. Não é de bom senso um relatório de CPI indiciar uma
pessoa sem dar a ela o direito de defesa", justificou Efraim Filho durante
a sessão da CPI desta quarta-feira. "Nunca vi aqui ninguém que veio para
CPI e ficou calado ser inocente. Quem veio para ficar calado é porque tinha
culpa", acrescentou o democrata.
O ex-tesoureiro do PT está preso em Curitiba
pelo seu envolvimento na Operação Lava Jato, que apura atos de corrupção e
desvio de dinheiro na Petrobras. Ele já foi condenado em primeira instância a
15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de
dinheiro e associação criminosa. Além disso, terá de pagar multa de R$ 4,3
milhões.
Na CPI, ele foi convocado após seu nome
aparecer em depoimentos de pessoas envolvidas em suposta manipulação na gestão
de fundos de pensão. Um desses depoimentos foi o do doleiro Alberto Youssef,
que disse ter ouvido falar que o ex-tesoureiro do PT era um dos operadores de
alguns fundos de pensão, como Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica
Federal).
Tramitação
Caso
o relator peça o indiciamento de Vaccari e o pedido seja aprovado pela CPI, ele
será encaminhado ao Ministério Público Federal. O órgão, então, analisará o
relatório para decidir se denuncia ou não os envolvidos à Justiça, a quem
caberá julgar o denunciado.
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