BB desite e
Correios vão relicitar o Banco
Postal
VALOR ECONÔMICO
6/10/2016
6/10/2016
A sociedade da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) com o Banco do Brasil para a prestação de serviços
financeiros não será renovada. Depois de cinco anos, as duas partes esgotaram
suas tratativas para prolongar o contrato do Banco Postal, que termina em
2 de dezembro.
Os Correios já buscam um novo parceiro e
devem publicar hoje o edital de seleção, com uma série de inovações no
contrato. O prazo será de dez anos, com a posssibilidade de prorrogação por
mais dez e custará, no mínimo, R$ 1,2 bilhão em duas parcelas, uma no
primeiro ano e outra no sexto. Por cinco anos, o BB havia pago R$ 2,3
bilhões. Consórcios formados por até duas instituições financeiras poderão
entrar na disputa, abrindo caminho para aprticipação de bancos de menor
porte.
A melhor proposta dos interessados será
escolhida com base na combinação dos valores de tarifas por transação
repassados aos Correios, bônus que fizerem mais transações e eventual ágio
sobre o preço de entrada no negócio.
O presidente dos Correios, Guilherme Campos,
disse ao Valor que as nogciações para a prorrogação da parceria falharam
por causa da “diferença entre o que queríamos e aquilo que o BB estava disposto
a pagar”.
BB desiste de Banco
Postal e Correios abrem nova licitação
Daniel Rittner
A sociedade da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (ECT) com o Banco do Brasil para a prestação de
serviços financeiros não será renovada. Depois de cinco anos, as duas partes
esgotaram suas tratativas para prolongar o contrato do Banco Postal, que
termina no dia 2 de dezembro. Sem perda de tempo, os Correios já estão em
busca de um novo parceiro. O edital de seleção deve ser publicado
hoje mesmo.
Na tentativa de dar mais atratividade ao
negócio, em um momento de incertezas econômicas e mudanças no comportamento
dos clientes, a estatal definiu uma série de inovações no próximo contrato. O
prazo será de dez anos, com a possibilidade de prorrogação por mais dez,
no máximo. Consórcios formados por até duas instituições financeiras
poderão entrar na disputa, abrindo caminho para a participação de bancos de menor porte.
Os Correios vão receber um pagamento mínimo
dividido em duas parcelas de R$ 600 milhões cada. Chamado de valor de
acesso ao negócio, esse dinheiro propicia um alívio nas contas da estatal, que
teve o maior prejuízo de sua história no ano passado e registrará outro
rombo de grandes proporções em 2016. A primeira parcela será paga no ato
de assinatura do contrato e a segunda cai no sexto ano de operação.
A melhor proposta dos interessados será
escolhida com base na combinação dos valores de tarifas por transação
repassados aos Correios, bônus a serem pagos às agências postais que executarem
o maior volume de transações e eventual ágio sobre o preço de entrada do
negócio.
Em 2011, o BB ganhou o direito de
exploração do Banco Postal após ter oferecido um lance de R$ 2,3 bilhões.
Outros R$ 500 milhões foram dispendidos ao longo dos últimos cinco anos. Para
exercer seu direito de preferência e renovar o contrato, o BB precisaria
desembolsar uma cifra semelhante, corrigida pela taxa Selic - algo próximo
de R$ 4,7 bilhões.
O presidente dos Correios, Guilherme
Campos, afirmou ao Valor que as negociações em torno de uma prorrogação da
parceria não chegaram a bom termo por causa da "diferença entre o que nós
queríamos e aquilo que o BB estava disposto a pagar".
Campos disse que estava otimista sobre o
interesse do mercado em uma sociedade com a ECT para explorar o Banco
Postal. "A expectativa é positiva porque temos uma rede capilar, presente
em todo o país, onde a maioria do sistema financeiro não está atuando mais
e existem muitas pessoas desbancarizadas", observou o executivo.
Ao dobrar o período de vigência do
contrato, de cinco para dez anos, o presidente dos Correios acredita que
evita o risco de descontinuidade das operações e que aumenta a segurança do
parceiro privado. Para ele, a prestação dos serviços tem um aspecto social
importante, mas há boas oportunidades comerciais em jogo. Dados do Banco
Central indicam que há quase dois mil municípios no país sem agência bancária,
mas 1.633 têm um ponto de atendimento dos Correios prestando serviços como
abertura de contas, saques e recebimento de aposentadorias.
Com o avanço dos canais digitais, a
atratividade do negócio pode até ter diminuído, mas a rede da ECT está em
94% das cidades brasileiras e ainda constitui um ativo relevante. Além das 6,5
mil agências próprias, o Banco Postal poderá entrar agora nas quase mil
unidades franqueadas, concentradas nos centros urbanos e consideradas mais
rentáveis. O novo parceiro também ganha a possibilidade de
explorar produtos como seguros, consórcios e títulos de capitalização.
O uso da rede franqueda será feita apenas
de comum acordo com os franqueados, que já haviam manifestado preocupação,
no passado, com eventuais custos adicionais - trabalhistas e de segurança
- decorrentes disso.
Uma das dúvidas recorrentes no mercado gira
em torno do potencial sucessor do BB no Banco Postal. O Bradesco, que
detinha a operação até 2011, abriu mais de mil agências após ter perdido a
sociedade com os Correios. A Caixa, que já tem as lotéricas, pode precisar
de uma capitalização do Tesouro e o Itaú, outro possível candidato, está
na iminência de fechar a compra do Citi no Brasil.
A operação do Banco Postal permitiu ao BB
economizar com a abertura de agências. O banco havia assumido um
compromisso de estar presente em todos os municípios brasileiros até o fim de
2015 e afirmou, na época do fechamento do acordo, que o valor pago era
proporcional ao que gastaria com a abertura desses postos. No primeiro
trimestre, o BB abriu 111,2 mil contas na rede dos Correios e desembolsou
R$ 242 milhões com esse canal. Em sua rede própria de correspondentes foram
62,1 mil novas contas, mas R$ 1,4 bilhão desembolsados no mesmo período.
O edital e a minuta do novo contrato devem
ser publicados na edição de hoje do "Diário Oficial da União".
A reunião de abertura das propostas está prevista para o dia 14 de
novembro. Espera-se um período de transição e que o novo parceiro dos
Correios assuma efetivamente as operações em um prazo de até seis meses
após a assinatura do contrato.
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