quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Correios terão programa de demissão como parte de reestruturação


O Globo
10/11/2016

BRASÍLIA - Os Correios vão implantar um plano de demissão voluntária com expectativa de cortar até 8 mil servidores do seu quadro de 117,4 mil funcionários, como parte de um programa de reestruturação da companhia. Segundo Guilherme Campos, presidente da estatal, o programa de demissões deverá ser formalizado nos próximos dias, com foco principal em servidores de áreas administrativas com mais de 55 anos, já aposentados ou com tempo de serviço para requerer a aposentadoria.

O programa de demissão será permitido financeiramente pela tomada de um empréstimo de R$ 750 milhões dos Correios junto ao Banco do Brasil, que, segundo Campos, já “está bem encaminhado”, mas que depende de autorização do ministério do Planejamento. A previsão é que as indenizações variem conforme salário e tempo de casa e estejam disponíveis até abril de 2017. Segundo o executivo, o programa terá impacto também no fundo Postalis, dos servidores do setor, que passa por dificuldades financeiras.

— O Postalis vai ter que dar uma reboladinha — afirmou.


A folha de pagamentos dos Correios corresponde a cerca de dois terços dos custos da companhia, segundo Campos. O programa de demissão poderá implicar economia de R$ 1 bilhão por ano à companhia. No ano passado, os Correios apresentaram prejuízo de R$ 2,1 bilhões e, neste ano, segundo o presidente, deverá ficar abaixo de R$ 2 bilhões.

— Se não funcionar o programa de demissão, medidas mais duras terão de ser tomadas na sequência — disse Campos.

Os Correios também vêm negociando com servidores revisões sobre o plano de saúde dos funcionários, que deverá avançar até 2017, como meta para redução de mais custos para a companhia.

De acordo com o presidente, os Correios solicitaram ao governo federal um aporte de capital de R$ 840 milhões, que pode chegar ao fim em 2017, para resolver a situação de seu caixa.
— Pedimos aos controladores aumento de capital e nosso controlador maior não sinalizou de maneira positiva a esse aporte — disse.

Segundo Campos, continua em curso a recomposição de tarifas dos Correios. Neste ano, os valores já subiram ao redor de 18% e a estatal continua negociando com o governo novos aumentos.

— Há quanto tempo vocês não recebem uma carta ou um cartão postal de alguém? A atividade do monopólio que os Correios têm sobre o mundo postal. Com isto (um aparelho celular), está fazendo assim (sinal de desaparecimento com as mãos).

A meta da empresa é aumentar sua participação em transporte de encomendas, em que há concorrência efetiva com outras empresas.

Os Correios contrataram a consultoria Accenture para preparar um conjunto de medidas para recuperar a empresa da sua situação de prejuízos acumulados e dependência do aumento de tarifas. Segundo a estatal, a Lei das Estatais, de junho, exige a atualização de estratégias pela empresa.

— É uma consultoria de conhecimento internacional na atividade postal, para sairmos do monopólio da correspondência, para a concorrência da encomenda, reestruturando toda essa mudança — destacando que a consultoria foi contratada hoje.

Entre os objetivos da consultoria está a revisão do plano estratégico da empresa e a metodologia de orçamento base zero. A consultoria custará R$ 29 milhões e trabalhará ao longo de 30 meses.

Os Correios também estão fazendo uma reforma de distribuição aérea de seus produtos, com concentração no aeroporto de Viracopos, em Campinas, e continua a avaliar o investimento em companhias aéreas, que ficaram travadas no Tribunal de Contas de União (TCU).

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