BRASIL Portarias
devem impedir reposição de demissões voluntárias
VALOR ECONÔMICO
1º/3/2017
O governo deverá publicar novas portarias reduzindo o limite de pessoal nas
estatais que fizeram planos de demissão voluntária ou de aposentadoria
incentivada nos últimos meses. A ideia é aproveitar o enxugamento dos quadros
pela saída espontânea dos funcionários para vedar formalmente a possibilidade
de reposição por meio de concursos.
No Banco do Brasil e na Caixa, haverá "zero reposição" e os limites
vão diminuir na mesma quantidade de adesões aos planos implementados
recentemente, segundo o secretário de Coordenação e Governança de Empresas
Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento, Fernando Soares.
Cerca de 9,4 mil empregados se desligaram do Banco do Brasil.A Caixa tinha a
expectativa de atrair dez mil pessoas ao programa de demissão voluntária
lançado no início de fevereiro, que ficou aberto até segunda feira. Não houve
divulgação do número de adesões. O Banco do Brasil e a Caixa têm hoje,
respectivamente, limite fixado de 115.495 e 97.732 empregados.
No caso da Eletrobras, que está prestes a abrir um PDV para cerca de 5 mil
pessoas, a perspectiva é não haver reposição. Apenas a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT), que conseguiu pouco mais de cinco mil adesões, poderá fazer contratações
equivalentes a 25% do pessoal que saiu. O quadro máximo dos Correios é de 118,6
mil funcionários. "Cada caso é um caso. Mas, de forma geral, as estatais
precisam melhorar seus resultados, aumentar a produtividade e, principalmente
os bancos, se adequar às mudanças tecnológicas", afirma o secretário.
Para ele, os programas de demissão voluntária e aposentadoria incentivada têm
dado uma importante contribuição no esforço de saneamento das empresas e
compensado o gasto inicial com indenizações: "Eles estão tendo payback em
dez meses."
Soares prepara o lançamento, nas próximas semanas, de um novo boletim -
provavelmente bimestral - das empresas estatais. A ideia é elevar o grau de
transparência sobre os principais dados das 153 companhias sob controle direto
ou indireto da União, com informações como aportes, investimentos e quadro de
empregados.
Ciente de que as estatais não estão em condições de gerar dividendos e reforçar
as contas públicas, Soares avalia que uma colaboração ao ajuste fiscal pode vir
com a redução dos aportes feitos pelo Tesouro nas empresas.
De 2015 para 2016, a União aumentou suas capitalizações de R$ 3 bilhões para R$
5,4 bilhões, principalmente devido à injeção de recursos na Eletrobras. O
secretário garante que esse número vai ser menor neste ano, mas acha muito cedo
para cravar uma estimativa. "Zerar totalmente é bastante difícil, mas não
temos espaço fiscal para novos aportes. Como as receitas não estão se
recuperando como gostaríamos, fica inviável", afirma Soares.
A crise econômica e o agravamento das contas nas estatais derrubaram os
dividendos pagos ao governo. Em 2015, a União recebeu R$ 22,1 bilhões - quase
40% do que o recorde de 2012. No ano passado, foram só R$ 5,6 bilhões.
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