Presidente dos Correios não descarta privatização da empresa
30/05/2017
O presidente da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, o ex-deputado Guilherme Campos, afirmou, em comissão geral
no Plenário nesta terça-feira (30), que a privatização não é
desejo do governo, mas disse que, se nenhuma das iniciativas em
curso para recuperação da empresa der certo, pode ser alternativa.
“Se nada der certo, os caminhos se estreitam: os Correios podem ser
um departamento dentro dos Ministérios das Comunicações; podem entrar
novamente numa pauta de privatização”, disse. Já trabalhadores e deputados
defenderam aporte do governo para preservar o caráter público da empresa e
empregos e enfrentar as mudanças tecnológicas. Segundo Guilherme Campos, para
tentar superar a crise financeira vivida pela empresa, os Correios estão
entrando nos serviços de logística, encomenda e comércio eletrônico.
Ele destacou, porém, que várias empresas – locais e internacionais – concorrem com os Correios nessas áreas. “Se não tivermos resultado, a
empresa não terá condições de sobreviver”,ressaltou. “Porque ela é uma empresa,
mesmo sendo pública, e tem que ser autossuficiente”, complementou.
Correios 'defasados'
O presidente dos Correios destacou que a crise foi provocada pelas
mudanças tecnológicas, já que o envio de cartas está diminuindo. “Os
Correios não se prepararam para essa mudança há 15 anos”, disse. “Os
grandes países do mundo o fizeram, mas aqui no Brasil estamos correndo
contra o tempo”, completou.
Ele defendeu ainda a quebra do monopólio postal dos Correios, que, para
ele, hoje é um ônus para a empresa.
Já o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), presidente da
Frente Parlamentar em Defesa dos Correios e proponente da
sessão, defende que os Correios continuem sendo uma empresa pública.
Segundo ele, o Governo Michel Temer coloca em prática programa de
privatizações, que incluiria a entrega dos Correios para o capital
internacional.
Para ele, a função da empresa pública não é ter apenas lucros, mas deve ser
analisada no contexto macroeconômico e de integração nacional. O deputado
ressaltou que os Correios têm 115 mil empregados e promovem a
universalidade do serviço postal, com preços justos – “dentre as faixas mais
baixas do mundo” –, além de atuarem como regulador de mercado no caso dos
preços de encomendas.
Monteiro acrescentou que os Correios têm avaliação extremamente da
população brasileira. “A população não quer a privatização”, observou.
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