CORREIOS CELULAR TERÃO APARELHOS À VENDA NAS AGÊNCIAS, AFIRMA GUILHERME CAMPOS
TELE.SÍNTESE
05/07/2017
05/07/2017
As agências dos Correios vão
vender em breve aparelhos de celular, além dos chips do serviço pré-pago de sua
nova operadora de telefonia móvel, que pretende estar presente em mais de três
mil municípios brasileiros até o final deste ano. O presidente dos Correios, Guilherme
Campos, nesta entrevista ao Tele.Síntese faz um balanço dos desafios de suas
gestão, e avisa que pretende livrar a empresa do prejuízo (de mais de R$ 2
bilhões) ainda em 2017.
TELE.SÍNTESE: Qual a vantagem competitiva do
Correios Celular, se é apenas pré-pago?
GUILHERME CAMPOS: Correios Celular é um
produto muito simples de ser explicado. A presença física que dá muita
credibilidade. E, na operação, a cada chamada você tem um retorno de qual
é seu saldo restante. Transparência na relação com os clientes.
TELE.SÍNTESE: Esse serviço, para os Correios,
do ponto de vista financeiro, é importante?
GUILHERME CAMPOS: É um produto importante,
que tem agregado ao portfólio da empresa. Não é a solução para todos os
problemas dos Correios, mas é um produto muito interessante e que nos ajuda
nesse processo de reposicionamento da empresa, na busca da rentabilidade e de
resultados. Nós já estamos colhendo um ganho marginal, e deu uma
rejuvenescida na marca muito grande.
TELE.SÍNTESE: Vocês financiam aparelho
de celular?
GUILHERME CAMPOS: Ainda não.
TELE.SÍNTESE: Mas pensam em fazer?
GUILHERME CAMPOS : Sim. Vamos vender
aparelhos nas agências. Também me perguntei porque a gente não começa a usar o
Correios Celular nas nossas atividades aqui da companhia. Aí descobri que não
poderia, porque são licitação distintas.
TELE.SÍNTESE: Para vender o aparelho tem que ter
uma negociação boa com o fabricante.
GUILHERME CAMPOS : Já recebi vários
interessados.
TELE.SÍNTESE: Vai conseguir um preço igual ao
das grandes teles, que compram centralizado para o mundo todo?
GUILHERME CAMPOS: Opa! Tenho recebido preços
bem interessantes.
TELE.SÍNTESE: Imagina chegar a 500 mil
usuários de celular?
GUILHERME CAMPOS: Em doze meses.
TELE.SÍNTESE: Março do ano que vem (2018)?
GUILHERME CAMPOS: Isso!
TELE.SÍNTESE: Depois de um ano o sr. imagina
já estar vendendo aparelhos?
GUILHERME CAMPOS: Acho que antes disso.
TELE.SÍNTESE: A empresa está com uma
dívida muito grande
GUILHERME CAMPOS : Os Correios no Brasil
deixaram de se preparar e de se atualizar para esse mundo aonde não tem mais
papel. Os Correios no Brasil não fizeram a lição de casa há pelo menos dez
anos.
TELE.SÍNTESE: O que o pretende com os
Correios? Que tenha rentabilidade e que não precise de orçamento federal?
GUILHERME CAMPOS: Ele nunca teve
orçamento federal. Nunca teve!
TELE.SÍNTESE: Mas hoje tem um prejuízo de
dois bilhões. Quem paga?
GUILHERME CAMPOS: A empresa.
TELE.SÍNTESE: Ela se endivida para
poder pagar o prejuízo?
GUILHERME CAMPOS: Ainda não chegou a se
endividar.
TELE.SÍNTESE: Parece que essa nova estratégia
para os Correios é que passe a prestar serviços para o governo. Seria a
mesma exclusividade reivindicada, por exemplo, pela Telebras, que não precisa
disputar licitação para prestar esses serviços?
GUILHERME CAMPOS: Estamos falando coisas
distintas. O governo precisa se relacionar com o cidadão. Ele não precisa criar
nenhum balcão para fazer esse atendimento ao cidadão. Pode usar os Correios,
que já estão aí.
TELE.SÍNTESE: E como é que está avançando
essa negociação? Estão negociando com o planejamento? Ministério por
Ministério?
GUILHERME CAMPOS: Isso é tão importante, que
na reestruturação que realizamos, foi destinada uma vice-presidência para
tratar do assunto, que é a de negócios de setor público. E é ela que vai
cuidar disso.
TELE.SÍNTESE: Como é o novo Correios que
está imaginado?
GUILHERME CAMPOS: Um modelo de prioridade de
negócios, saindo de um modelo anterior, funcional. O nosso momento é para
reduzir custos, utilizar processos, sinergia entre as áreas, fazer um
enxugamento para poder ter novamente resultados para o futuro. Uma migração de
curto prazo cada vez maior, saindo do mundo do monopólico postal e entrando no
mundo concorrencial, que é a encomenda. E agregando com outras atividades que
possam ser potencializadas pelas características dos Correios.
TELE.SÍNTESE: Em relação ao enxugamento, tem
enxugamento de pessoal?
GUILHERME CAMPOS: Tem. Já fizemos o PDI, que
está aquém da nossa necessidade. Estamos avalizando a possibilidade
da vinda de mais um PDI. Uma última chance para quem quiser aproveitar o PDI e
sair da empresa, porque o próximo passo é demissão motivada. Porque nós estamos
muito apertados mesmo.
TELE.SÍNTESE: Pretende sair do prejuízo em
quantos anos?
GUILHERME CAMPOS: Nosso planejamento é estar
no azul ainda este ano.
TELE.SÍNTESE: Porque precisa estar no azul
ainda este ano?
GUILHERME CAMPOS: Porque a nossa situação
como empresa, como estatal independente, não aguenta mais um ano na
situação de prejuízo continuado que estamos passando. Simples assim!
TELE.SÍNTESE: E qual é sua avaliação sobre o
Banco Postal?
GUILHERME CAMPOS: O modelo do banco postal
não é dos Correios, é do Banco do Brasil e o Banco do Brasil não dá uma atenção
com tanto carinho para o banco postal como ele dá para ele mesmo.
TELE.SÍNTESE: Tinha um problema, não sei se
existe mais, em relação ao transporte aéreo. Foi resolvido?
GUILHERME CAMPOS: Transporte aéreo é um dos
problemas a serem resolvidos. A definição da base aérea remonta o tempo de
transporte da correspondência e não do transporte de encomenda. É necessária
uma readequação do transporte aéreo.
TELE.SÍNTESE: Alguma ideia de abrir o capital
dos Correios?
GUILHERME CAMPOS:Essa é uma questão de
Estado. Quem pode responder a essa pergunta é o Michel Temer
TELE.SÍNTESE: Já foi discutido isso?
GUILHERME CAMPOS: Não.
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