CVM triplica volume de multas em 2017
VALOR ECONÔMICO
13/12/17
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mais que triplicou o volume total de
multas já aplicadas em 2017, na comparação com o ano fechado de 2016.
Neste ano até setembro, foram aplicadas 51 multas, em um total de R$ 156 milhões.
Já no ano passado inteiro, as 155 penalidades somaram R$ 45,8 milhões. O
resultado consta de um novo relatório que será divulgado hoje pela autoridade
do mercado de capitais, com dados relativos a nove meses do ano. As próximas
divulgações serão trimestrais.
Três julgamentos impulsionaram as estatísticas de 2017. Em setembro, o
regulador multou em R$ 111,4 milhões o gestor Fabrizio Dulcetti Neves, no caso
que analisou desvios de recursos em um fundo cujo único cotista era o Postalis,
fundo de pensão dos Correios. Já o empresário Eike
Batista recebeu uma multa de R$ 21 milhões em julho por uso de informação
privilegiada com ações da empresa de estaleiros OSX. Outro processo, também de
"insider trading" com papéis da Aracruz, resultou numa multa a investidores
de R$ 2,45 milhões. Para todos os casos cabe recurso.
"A minha impressão pessoal é que este ano a CVM julgou processos mais
relevantes do que no ano passado. [Foram] Julgamentos importantes. É difícil
fazer uma comparação de ano para ano. Um caso sozinho pode alterar
completamente a situação", disse o diretor da CVM, Pablo Renteria.
Ainda que o volume de processos sancionadores, aqueles com termo de acusação já
instaurado, aguardando julgamento ainda seja considerado alto, a CVM vem
intensificando seu trabalho para redução do estoque de processos, que hoje é de
185 casos. Nos primeiros nove meses do ano foram 28 julgamentos. No caso das
condenações, além das multas, a CVM também aplicou inabilitação ou advertência
aos acusados.
Uma das medidas que o regulador tomou este ano foi a adoção do chamado rito
simplificado. Como o nome diz, visa simplificar o trâmite processual na
apuração de responsabilidades em determinadas infrações. A regra prevê que os
casos sejam julgados em 30 dias após o sorteio do diretor relator. Até
setembro, três acusações foram previstas neste rito, mas até aquela data ainda
não houve julgamentos.
A CVM pretende implementar novas medidas para agilizar os julgamentos. Nos
últimos anos, com a implementação do planejamento estratégico, todas as áreas
da CVM têm metas a serem cumpridas. "Teve um efeito que melhorou e deu
celeridade nas áreas técnicas e houve uma ampliação do estoque do colegiado
[...]. Teremos um novo projeto em que um dos focos principais será em relação
aos julgamentos", disse o superintendente de processos sancionadores,
Carlos Guilherme Aguiar.
Nem ele nem Renteria detalharam o assunto, mas afirmaram que as medidas fazem
parte da revisão do planejamento estratégico, prevista com a chegada do novo
presidente, Marcelo Barbosa.
Entre janeiro e setembro de 2017, a CVM tinha 306 processos administrativos, ou
seja, investigações com potencial sancionador em andamento. Ao final de 2016,
eram 286 andamentos deste tipo, contra 380 em 2015.
Desde 2013, o regulador instituiu metas para as seis áreas que atuam em ações
sancionadoras para eliminação desses casos, seja por proposta de abertura e
condução de inquérito administrativos ou de termo de acusação ou um eventual
arquivamento.
Para 2017, o objetivo é que todos os processos que possam gerar algum tipo de
ação sancionadora sejam posteriores a 1º de outubro de 2015. Já para os
inquéritos administrativos, a meta é que sejam instaurados todos os processos
cuja proposta seja anterior a 2016. As duas metas serão cumpridas, segundo
Aguiar e Renteria.
Nos primeiros nove meses do ano, a CVM abriu 95 procedimentos administrativos
investigativos: foram sete inquéritos administrativos e 88 termos de acusação.
Dos inquéritos, três foram relacionadas à atuação da JBS, seus executivos e
controladores, à luz da divulgação da delação premiada dos irmãos Wesley e
Joesley Batista. Eles já foram concluídos. No momento, há três termos de
acusação instaurados sobre esse assunto, mas ainda não há previsão de
julgamento.
Nos noves meses de 2017, a CVM aprovou termos de compromisso como são
chamados os acordos para encerrar processos de 92 proponentes
relacionados a 31 casos, totalizando R$ 15,3 milhões. Em 2016, foram R$ 93
milhões. Esses acordos se dividiram entre 29 processos e 92 pessoas que haviam
sido acusadas pelo órgão regulador.
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