Correios e Azul devem começar a operar empresa até dezembro
Folha Pe
30/08/18
30/08/18
O presidente dos Correios,
Carlos Roberto Fortner, disse acreditar que a empresa transportadora de cargas
que a estatal planeja criar em parceria com a companhia aérea Azul começará a
operar ainda este ano, em caráter experimental. A empresa aérea informa que
atende a mais de 100 destinos em todo o país. Já os Correios estão presentes em
5.570 cidades brasileiras.
“Espero começarmos as primeiras operações
ainda em novembro ou dezembro”, estimou Fortner, minimizando os possíveis
efeitos do pouco tempo restante até o fim do ano e do encerramento de mandato
do atual governo, além do período eleitoral. “Não é por causa do momento da
vida política que uma empresa como os Correios tem que esperar. Temos que tocar
a vida”, afirmou.
A expectativa inicial, anunciada em dezembro
de 2017, era de que a nova empresa privada de logística começasse a funcionar
durante o primeiro semestre deste ano. Conforme anunciado em dezembro, a Azul
terá participação de 50,1% e os Correios de 49,99%. A previsão é de que a
empresa comece com um movimento de cerca de 100 mil toneladas de cargas por
ano.
“Será uma empresa nova, uma joint venture
[uma parceria entre duas empresas], resultante da parceria entre Azul e
Correios. Em mais ou menos um mês e meio deveremos ter uma deliberação do Cade
[Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e poderemos assinar os contratos
e começar os primeiros testes operacionais, com o aumento gradual da
transferência de nossas cargas para a nova empresa”, acrescentou
Fortner.
Posição do Cade
Consultada pela reportagem, a assessoria do
Cade informou que não é possível prever quando a análise do ato de
concentração, protocolado pelas empresas no último dia 8, será concluída.
Legalmente, o Cade tem até 240 dias para se manifestar, prazo que pode ser
prorrogado por mais 90 dias.
Nos casos em que a Superintendência-Geral do
conselho não constata risco à concorrência, o negócio pode ser aprovado sem ser
submetido aos conselheiros – reduzindo o tempo médio da análise para cerca de
30 dias. Se concluir que há risco concorrencial, a superintendência encaminha
ao tribunal uma sugestão de medidas a serem adotadas pelos interessados em
viabilizar o acordo ou com recomendação para que os conselheiros reprovem o
projeto.
A Azul não quis se pronunciar sobre as
declarações do presidente dos Correios. Em comunicado divulgado em dezembro de
2017, a companhia aérea afirmou que o início das atividades da empresa, após
aprovação pelos órgãos competentes, resultará em economia de custos, maior
eficiência operacional e ganho de receitas para as duas companhias,
proporcionando melhorias na oferta de serviços prestados aos consumidores.
Segundo Fortner, os serviços serão executados
por funcionários da nova empresa, que poderá, inclusive, recontratar empregados
que queiram se desligar dos Correios para passar a trabalhar na nova companhia.
“Isto, no entanto, é algo que ainda vamos estruturar melhor após a [eventual]
aprovação do Cade e a conclusão dos trâmites burocráticos necessários à
estruturação societária”, explicou.
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