Déficit chega a 20 mil e trabalhadores dos Correios cobram concurso
Metrópole
16/08/2018
16/08/2018
Os funcionários da Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos (ECT), mais conhecida como Correios, aceitaram a proposta mediada
pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e decidiram não parar durante as
negociações. O reajuste de 3,68% nos salários atende à categoria, porém, a
demora na realização de novo concurso e o impasse sobre o modelo de pagamento
do plano de saúde, as ameaças de demissões e de privatização continuam.
Segundo a Federação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), uma
das 38 entidades representativas dos funcionários, seria necessário suprir um
déficit de 20 mil profissionais para o bom funcionamento das agências e não há
motivo para adiar a realização de novo concurso.
O cenário é de crise e ameaça de
privatizações. No início do mês, a empresa anunciou o fechamento de 41 agências
próprias até dezembro, o que representará economia de R$ 1,5 milhão por mês. Os
funcionários poderão pedir transferência para outra unidade ou aderir ao plano
de demissão voluntária (PDV).Dentro do plano de reestruturação da empresa,
devem ser fechadas 513 agências, podendo gerar até 5,3 mil desligamentos,
informação que levou a direção dos Correios a ser chamada, em junho, a dar
explicações na Câmara dos Deputados.
A espera por um novo concurso se arrasta
desde 2015, quando os primeiros passos para seleção de 2 mil novos profissionais
foram dados e, em seguida, paralisados para nunca mais avançar. As vagas seriam
para operador de triagem e carteiro, cargos de nível médio com remuneração de
até R$ 2,8 mil. O discurso, agora, é esperar que redimensionamento da força de
trabalho seja concluído, para, só então, avaliar a necessidade de reforço.
Naquela época, eram contabilizadas cerca de 7
mil vagas ociosas em razão da campanha do PDV entre 2013 e 2014. Somado a esse
saldo, até meados do ano passado, haveria pelo menos 14 mil funcionários que
poderiam estar aposentados sendo mantidos na ativa. Enquanto isso, o quadro de
empregados só encolhe, de cerca de 125 mil, em 2013, para cerca de 106 mil,
atualmente.
Último concurso
A última seleção ocorrida para os Correios foi ano passado, com oferta de 88 vagas para área de saúde e segurança do trabalho e atraiu cerca de 21 mil inscritos para os cargos de auxiliar de enfermagem, enfermeiro, médico e engenheiro.
A última seleção ocorrida para os Correios foi ano passado, com oferta de 88 vagas para área de saúde e segurança do trabalho e atraiu cerca de 21 mil inscritos para os cargos de auxiliar de enfermagem, enfermeiro, médico e engenheiro.
Os aprovados do processo realizado pela
empresa Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades) estão sendo distribuídos
por todas as unidades federativas, exceto as localizadas em Mato Grosso.
Antes disso, em 2011, foi realizado um grande
concurso organizado pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e
de Promoção de Eventos (Cebraspe, antigo Cespe/UnB). Mais de 1,1 milhão de
pessoas se inscreveram para as 9.190 oportunidades em funções de níveis médio e
superior, boa parte delas relacionadas com a atividade-fim da empresa:
carteiro, atendente, operador de triagem e transborno e analista de correios. A
remuneração divulgada em edital era de R$ 1 mil a R$ 3,2 mil mais benefícios.
Os funcionários são contratados sob o regime
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e recebem bons benefícios. Além do
vale-transporte e alimentação, são oferecidos auxílio-creche ou babá para as
funcionárias com filhos de até sete anos no valor de R$ 360, auxílio a
dependentes com deficiência de R$ 571, adicional noturno de 60% sobre a hora
diurna, adicional de hora extra de 70%, vale-cultura e assistência médica e
odontológica.
Mudanças em cargos e remuneração
Alterações no Plano de Cargos e Salários têm sido questionadas pela Fentect e outras entidades de classe, que consideram haver sobrecarga e desvalorização dos empregados. Recentemente, o cargo de operador de triagem e transbordos – responsável pelo processo de tratamento e encaminhamento de cartas e encomendas – foi extinto, funções da área administrativa sofreram redução de jornada e de remuneração depois da vigência da nova lei trabalhista e houve a suspensão de férias de carteiros, atendentes e operadores de cargas.
Alterações no Plano de Cargos e Salários têm sido questionadas pela Fentect e outras entidades de classe, que consideram haver sobrecarga e desvalorização dos empregados. Recentemente, o cargo de operador de triagem e transbordos – responsável pelo processo de tratamento e encaminhamento de cartas e encomendas – foi extinto, funções da área administrativa sofreram redução de jornada e de remuneração depois da vigência da nova lei trabalhista e houve a suspensão de férias de carteiros, atendentes e operadores de cargas.
Também houve alteração no plano de saúde, que
passou a ter coparticipação dos funcionários para redução dos custos, e
exclusão de dependentes, o que gerou descontentamento. O custo para manutenção
do auxílio de saúde integralmente pela empresa representava 10% do faturamento
dos Correios, despesa de R$ 1,8 bilhão ao ano.
Em março, o movimento grevista foi tímido. As
agências próprias ficaram fechadas por três dias em 20 estados e no Distrito
Federal. O serviço com maior impacto foi o de distribuição, ainda assim, mais
de 85% dos funcionários trabalharam normalmente. Seis meses antes, as
atividades foram paralisadas por 17 dias.
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