Municípios querem Estado a intervir diretamente nos correios se serviço não for corrigido
RTP Notícias
28/11/19
28/11/19
O serviço de correios em Portugal
está numa situação "inaceitável", que tem de ser corrigida e,
"se necessário, com intervenção direta do Estado", defende o
presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel
Machado.
"A situação hoje do serviço postal, dos
correios, é inaceitável" e resultante de um "erro humano, um erro de
cálculo e de um erro político", afirma, em entrevista à agência Lusa, o
presidente da ANMP.
Esse erro tem de ser corrigido, "se
necessário, com intervenção do Estado - direta", admite Manuel Machado,
considerando, designadamente, que "não é aceitável que este serviço
público essencial" tenha sido "eliminado" em cerca de 50
municípios.
Os correios, que têm "funções próprias
do serviço público postal", podem ser "explorados por uma entidade
privada, mas com o Estado presente e com poder de decisão e de
intervenção".
"Não é aceitável", mesmo para
"os próprios exploradores privados do sistema", a "leviandade
com que foram extintas estações de correios" em perto de 50 concelhos do
país, destaca o líder da ANMP, que também é presidente da Câmara de Coimbra.
Os CTT tinham "um funcionamento
impecável, capacidade de resposta, de eficácia e de confiança", mas
"hoje não têm".
A atual situação do serviço é
"intolerável" e "põe em causa tudo aquilo que é basilar numa boa
organização do Estado", realça Manuel Machado.
Os cidadãos "reconhecem o Estado em
função da sua proximidade, da sua presença", sustenta.
"Quando o Estado se distancia das
comunidades, o povo reage - por vezes por caminhos que não são os melhores -,
mas tem o direito de reagir", adverte o presidente da ANMP.
"Em determinada fase da história
recente", houve "uma dinâmica centralista e privatística em algumas
áreas", nuns casos com racionalidade aceitável, "noutros por mera
exploração daquilo que dá lucro, em prejuízo do Estado, conclui Manuel Machado.
"O Estado somos todos nós, convém não
esquecer", sublinhou.
Sob o lema "Descentralizar,
Regionalizar, Melhorar Portugal", o XXIV congresso da ANMP, que não é
eletivo, realiza-se na sexta-feira e no sábado, no Teatro Municipal de Vila
Real.
Durante o encontro, cuja abertura será
presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o
encerramento pelo primeiro-ministro, António Costa, mais de 800 autarcas
debaterão questões relacionadas com a organização do Estado, o modelo de
desenvolvimento do País e o financiamento local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário