Do Marcelo: Bolsonaro constata como é duro privatizar no Brasil
BR Político
07/01/2020
07/01/2020
Em conversa com jornalistas, na tradicional
paradinha na saída do Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro admitiu a dificuldade
que o governo enfrenta para poder vender as estatais do País. Na campanha e
durante todo o seu primeiro ano de mandato, Bolsonaro e o ministro da Economia,
Paulo Guedes, deixaram clara a disposição de reduzir o papel do Estado e a
intenção de privatizar o maior número possível de empresas.
O presidente, entretanto, percebeu que a
tarefa é muito mais complicada do parecia ser, como reconheceu hoje cedo ao
falar sobre os problemas para conseguir vender, por exemplo, os Correios.
“Não são fáceis as privatizações. Até o próprio Correio, que a gente quer
privatizar, mas tem dificuldade”, disse. Bolsonaro citou como entraves a
necessidade da venda das estatais precisar ser aprovada pelo Congresso, a
fiscalização do Tribunal de Contas da União sobre o processo e o próprio
destino dos funcionários das estatais.
Na verdade, há um outro gigantesco fator que
também ajuda a barrar o processo das privatizações em todo o Brasil, seja no
nível federal ou estadual. A questão política tem sido uma barreira quase
intransponível nesses processos. A forte pressão dos servidores das empresas,
como no caso dos Correios, sensibilizam políticos, especialmente num ano
eleitoral. O próprio Bolsonaro sabe que corre o risco de sofrer desgaste na sua
imagem nesse debate e tem insistido que os funcionários dessas empresas não
podem “ser jogados para cima” numa eventual venda.
Vai mais longe a pressão política contra
privatizações estratégicas. No Congresso, o presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), já afirmou ser contrário à proposta de venda da
Eletrobrás, considerada uma das joias da coroa que o governo pretendia
disponibilizar dentro desse processo. A empresa tem atuação estratégica nas
regiões Norte e Nordeste. E, por isso, parlamentares das duas regiões,
mesmo os liberais, gritam contra sua venda.
Por isso, nada mais realista do que a fala de
hoje do presidente dizendo que “se pudesse privatizar hoje, privatizaria”. O
problema é que, como Bolsonaro parece ter percebido, politicamente ainda não
pode.
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