Adcap Net 27/07/2020 - Correios – serviço universal, obrigação constitucional, inexistência de marco regulatório e capacidade de modernização e de investimento da estatal - Veja mais!
OLX lança serviço de entrega em parceria com Correios
O serviço da OLX é opcional aos vendedores e
garante maior segurança para o outro lado da negociação, protegendo
divergências na compra
Tecnoblog
24/07/2020
24/07/2020
A OLX anunciou nesta sexta-feira (24) que
está expandindo o serviço de carteira digital OLX Pay, além de firmar parceria
para entrega com os Correios. A ideia aproxima a
plataforma de seu maior concorrente, o Mercado Livre, ao intermediar parte do
comércio que é feito entre os usuários.
A carteira digital já estava em testes desde
o começo de maio deste ano, mas agora todos os usuários da plataforma começam a
receber a novidade que vai além da região de Campinas, mas que ainda está presa
ao Android. A OLX diz que a versão para navegadores em PCs ou smartphones,
junto do app para iPhone, continua em desenvolvimento e com lançamento previsto
para os próximos meses.
Junto da expansão da carteira digital, a
empresa holandesa começou a disponibilizar uma forma de envio de mercadorias
que é atrelada aos Correios e que faz parte do OLX Pay. “O envio de produtos por
meio do delivery traz mais oportunidades de transações para os vendedores e
compradores, pois a distância deixa de ser um obstáculo”, afirma Andries
Oudshoorn, CEO da OLX.
A ideia é de permitir a compra e venda de
itens sem a necessidade de ambas as partes se encontrarem fisicamente, além de
ter uma ferramenta que assegura a retenção e devolução do dinheiro em casos de
divergência na compra do produto, seja ele novo ou usado. É mais ou menos como
o Mercado Livre faz.
A empresa afirma que a adesão ao sistema
integrado aos Correios não é obrigatório e que o OLX Pay cobra uma taxa inicial
que varia entre R$ 10 e R$ 2 mil para o vendedor, que é automaticamente
inserida como restante do valor da venda. Este pagamento é feito apenas no
primeiro uso e até o dia 15 de agosto todos os vendedores são isentos deste
valor.
Para privatizar Correios, governo prepara marco legal para o setor postal
PPI quer enviar ao Congresso um projeto de
lei que desobrigue a União de prestar os serviços postais do país
Correio Braziliense
25/07/2020
25/07/2020
Para tentar destravar a privatização dos Correios,
o governo federal pretende apresentar ao Congresso um projeto de lei que
desobrigue a União de prestar os serviços postais do país. O projeto está sendo
discutido no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e do
Ministério das Comunicações, junto com os estudos de viabilidade técnica da
desestatização dos Correios.
"A gente acredita na possibilidade de
abertura desse mercado para investimentos privados, para a concorrência. Mas
isso passa por um marco legal, necessariamente", afirmou neste sábado
(25/07) a secretária especial do PPI, Martha Seillier, em live do Instituto
Brasiliense de Direito Público (IDP).
Martha Seillier explicou que a privatização
dos Correios enfrenta um "desafio jurídico interessante", porque
existe "uma previsão constitucional de que cabe à União manter o serviço
postal". Por conta disso, seria preciso "interpretar a Constituição
por meio de um marco legal para o setor" para poder avançar com essa
privatização. E é isso que o governo está tentando fazer.
"Temos um projeto de lei que está em
discussão. Agora, com a chegada do ministro Fábio Faria [das Comunicações],
estamos negociando e conversando bastante com ele sobre o tema", contou a
secretária do PPI. Ela acrescentou que a expectativa é "poder encaminhar
esse projeto ao Congresso e avançar com essa discussão". "Sabemos que
é delicada [a discussão]. Mas, se bem regulamentada, afasta preconceitos sobre
a privatização", explicou.
A secretária não deu detalhes sobre esse
projeto de lei. Mas lembrou que o governo FHC também tentou regulamentar o
setor postal. "Sou a fazer da interpretação de que 'cabe à União manter'
não significa que a União está obrigada a prestar o serviço por um braço
estatal. Significa que o serviço postal tem que ter universalidade, atender
todas as regiões do país", defendeu.
Martha lembrou ainda que hoje os Correios
atendem 95% da população brasileira com mais de 95 mil colaboradores e 11 mil
agências. Porém, disse que "no seu formato público, não consegue se
modernizar e fazer os investimentos na velocidade que o setor demanda e
alcançar níveis de eficiência que o brasileiro demanda". Hoje, os Correios
têm um faturamento aproximado de R$ 18 bilhões/ano, mas também acumulam muitos
prejuízos.
Viabilidade
Viabilidade
O governo federal também está avançando com
os estudos de viabilidade técnica necessários ao processo de privatização dos
Correios. Segundo Martha Seillier, esses estudos estão em etapa de contratação.
"Até o final da semana que vem, no máximo na próxima semana, a gente já
vai ter a seleção dos consultores especializados [que farão os estudos]",
adiantou a secretária na live do IDP.
O processo de contratação desses consultores
foi conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
ao longo dos últimos meses. E, de acordo com Martha Seillier, terá dois objetivos.
De um lado, vai analisar os desenhos possíveis para a privatização dos
Correios. E, do outro, "os aspectos relativos ao patrimônio da empresa,
seus passivos, avaliações econômico-financeiras importantes que precisam ser
feitas".
Infraestrutura e Desenvolvimento | O Direito em tempos de Covid - 19
IDP
25/07/2020
25/07/2020
Assista AQUI (a partir de 1h51m)
Poder em Foco: Fábio Faria declarou que privatização dos correios é prioridade
Poder 360
26/07/2020
26/07/2020
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, de
42 anos, é o entrevistado do Poder em Foco deste domingo (26.jul.2020). O
programa semanal é realizado por meio de parceria editorial entre o SBT e o Poder360
e vai ao ar por volta da meia-noite (sempre depois do Programa Silvio Santos).
Na entrevista, o ministro declarou que a
mudança do presidente Jair Bolsonaro na maneira de se comunicar fez a imagem do
governo melhorar. De acordo com Faria, o ambiente era de “muita guerra na
imprensa” e “muita briga”. Agora, com uma “pacificação”, Bolsonaro faz com que
as “entregas” do governo cheguem ao conhecimento da população.
Faria disse que, agora, o país precisa
“comprar espaços” publicitários para melhorar a imagem no exterior. Ele afirmou
que o Ministério da Economia está preparando uma MP (medida provisória) para
liberar R$ 320 milhões em propaganda interna e externa. O objetivo: mostrar as
ações do governo relacionadas ao meio ambiente.
Com 3 estatais sob seu guarda-chuva
(Correios, EBC e Telebras), o ministro declarou que a privatização dos Correios continua
sendo prioridade do governo. A EBC deve ser “otimizada” e “reduzida de tamanho”
para uma eventual venda no futuro. Ainda não houve conversas sobre o que fazer
com a Telebras, segundo ele.
Fábio Faria disse que o leilão do 5G,
esperado para meados de 2021 e que vai acelerar a velocidade de conexão com a
internet, será 1 “assunto presidencial”. Como ministro, ele irá ouvir as
empresas e levar informações a Bolsonaro, que é que realmente vai decidir o
assunto.
O ministro ainda falou que acha “precipitado”
o PL (projeto de lei) que trata da disseminação de notícias falsas. Tratar
deste caso, no entanto, é papel da articulação política, comandada pelo
ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
Frequentemente apontado como articulador
informal por causa do trânsito entre congressistas (e de seus 14 anos como
deputado federal), Faria disse que sua atuação dentro do governo é mais como
“apaziguador”. Ele declarou que, quando há problemas de relacionamento, atua
para acalmar os ânimos, mas não participa diretamente de negociações com o
Congresso.
Assista AQUI a entrevista na íntegra
Release da ADCAP distribuído à imprensa em 27/07/2020
Correios – serviço universal, obrigação constitucional,
inexistência de marco regulatório e capacidade de modernização e de
investimento da estatal
Na última semana, autoridades e técnicos do
governo federal mencionaram os estudos para avaliação de desestatização dos
Correios. O Ministro das Comunicações Fábio Faria tratou do assunto em entrevi
sta ao programa Poder em Foco do SBT e a
Secretária do PPI também abordou o assunto numa live.
A ADCAP – Associação dos Profissionais dos
Correios tem se colocado à disposição do Ministério das Comunicações, da
equipe do PPI, do Congresso e de outras entidades que queiram aprofundar as
discussões sobre os Correios, na expectativa de poder fornecer a esses atores
elementos de contexto muito importantes e que, em normalmente, não são
conhecidos do público em geral.
Neste release, trataremos, sinteticamente, de
algumas questões relacionadas aos estudos em curso que demandam especial
atenção da sociedade, a saber:
- O que compreende o serviço postal prestado
de forma universal;
- Telefonia e Serviço Postal, diferenças de
contexto;
- A obrigação de a União prestar os serviços
postais;
- A inexistência de marco regulatório para o
setor postal;
- A capacidade de investimento e de
modernização dos Correios.
1. O que compreende o serviço postal
prestado de forma universal?
A área de reserva da União, na qual atuam os
Correios com exclusividade, se restringe às cartas, telegramas e
correspondência agrupada (malotes), não alcançando os serviços de logística e
de encomendas, os quais estão em franco desenvolvimento no país, com ampla e
livre participação da iniciativa privada brasileira.
A forte atuação privada nos serviços de
encomendas e logística pode ser constatada pela presença no Brasil de milhares
de operadores, que vão desde as gigantes UPS, DHL e FedEx, até as empresas
nacionais, algumas das quais contando inclusive com capital de correios de
outros países, como é o caso da Jadlog, que tem boa parte de seu capital em
mãos do correio estatal francês.
2. Telefonia e Serviço Postal,
diferenças de contexto.
Quando o governo brasileiro encaminhou a
privatização do setor de telecomunicações no Brasil, tínhamos um quadro em que
o acesso à telefonia era bem difícil, as linhas eram caras, a ponto de serem
consideradas como patrimônio a ser lançado no imposto de renda, havia filas de
espera para obter novas linhas e muitas regiões desassistidas. A mudança deste
cenário dependia de fortes investimentos e o governo entendeu, na época, que
seria melhor privatizar o serviço, passando à iniciativa privada a responsabilidade
pela realização desses investimentos, em contrapartida ao grande crescimento de
demanda que podia ser projetado.
No caso do serviço postal universal, a
situação é bem diferente. O preço da carta no Brasil está entre os menores do
mundo, apesar das dimensões continentais do Brasil, e o atendimento postal é
extremamente capilarizado, interligando todos os municípios brasileiros.
3. A obrigação de a União prestar os
serviços postais.
A prestação do serviço postal aos brasileiros
é um direito assegurado pela Constituição Federal. Na atualidade, isso é
garantido pelos Correios, com suas agências em todos os municípios e diversos
distritos e, ainda, com o serviço de entrega domiciliar, que alcança os
endereços de todos os brasileiros, de qualquer renda e poder econômico, ou
seja, o serviço postal é um dos serviços mais universalizados e democráticos do
País. Para modificar isso, será necessário demonstrar à sociedade e ao
Congresso Nacional que os brasileiros não serão onerados nem ficarão sem
atendimento após uma eventual privatização, ou seja, que não ocorrerá de
somente os brasileiros que tiverem renda mais elevada poderem se utilizar desse
serviço, a exemplo do que ocorre hoje em Portugal, onde o serviço postal foi
privatizado mais recentemente e a sociedade portuguesa vem sofrendo com maiores
preços e falta de atendimento.
Importante observar ainda que, enquanto o
comércio eletrônico cresce aos saltos, inclusive potencializado pela pandemia,
o volume de correspondências, que constitui a área de reserva, vai decrescendo
no mundo todo, substituído por comunicação eletrônica. Porém, o fato de o
volume de correspondências estar diminuindo não significa que seja zero e nem
que esteja perto disso. São entregues no Brasil todo ano mais de 5 bilhões de
correspondências e essas correspondências são indispensáveis para o
funcionamento das empresas, como no envio de boletos, cartões de crédito e
propagandas, e para a troca de mensagens escritas entre as pessoas. Além disso,
deve ser considerado o compromisso brasileiro com outros países na entrega das
correspondências recebidas do exterior e envio aos demais países das
correspondências oriundas do Brasil e destinadas ao exterior.
4. A inexistência de marco regulatório
para o setor.
Além de o Estado ser desobrigado de prestar o
serviço postal, uma eventual desestatização dos Correios dependeria de prévia
aprovação de um marco regulatório para o setor postal. Hoje esse setor não tem
qualquer regulação para disciplinar a garantia constitucional ao sigilo das
correspondências e às obrigações de qualidade e de preços aos consumidores. Os
operadores de serviços de courier, por exemplo, não se submetem a qualquer
norma específica, mas tão somente às normas que se aplicam a qualquer empresa e
não contribuem, por exemplo, para um fundo de universalização, que seria
necessário para custear a prestação do serviço postal em todo o território
brasileiro, modelo que foi desenvolvido há mais de duas décadas na União
Europeia, por exemplo.
A construção do marco regulatório para este
setor da economia exige conhecer toda sua amplitude e ouvir todos os atores
antes de simplesmente deliberar.
5. A capacidade de modernização e de
investimento dos Correios.
Em 2010, os Correios dispunham de mais de R$
6 bilhões em caixa. A Empresa enfrentava, porém, dificuldades para se
desenvolver como organização. Não podia, por exemplo, constituir parcerias. O
Governo Federal montou então um Grupo de Trabalho Interministerial que, depois
de estudar em profundidade a situação, propôs modificações de legislação que
superavam aquelas dificuldades, autorizando constituição de coligadas pelos
Correios, a atuação da empresa no exterior, além de reforçar a possibilidade de
atuação em serviços financeiros, em logística integrada e em correio digital. A
lei 12.490/11 implementou essas modificações, que se encontram em plena
vigência.
Apesar da nova lei, fatos subsequentes
impediram os Correios de seguir sua trilha de modernização e crescimento.
Integrantes do próprio Governo Federal, especialmente o Ministério da Fazenda,
cuidaram de impedir a tão desejada modernização. Primeiramente, o Tesouro
Nacional recolheu de dividendos muitos bilhões de reais, numa medida eu ficou
cunhada como “pedalada postal”, a qual descapitalizou a empresa. Depois, não
autorizou as tentativas que se seguiram de constituir coligadas. Mais à frente
um pouco, a omissão da área econômica do governo federal trouxe outra grave
consequência para estatais grandes empregadoras como os Correios – a abrupta
implantação da norma contábil CPC-33, que exigiu a contabilização antecipada de
verbas que as empresas só dispenderiam de fato muitos anos à frente e que
sempre eram contabilizadas no momento em que ocorriam e não antecipadamente. O
governo federal não agiu e deixou que as estatais se virassem como pudessem
para se ajustar à nova norma. Correios e Caixa Econômica Federal foram as mais
penalizadas; a Caixa, inclusive, teve dificuldades com risco de
desenquadramento nas regras de Basiléia. Mas, como banco no Brasil é sempre o
melhor negócio do mundo, a Caixa conseguiu superar relativamente bem a
situação. Já os Correios, que não são um banco, sofreram um impacto fortíssimo
em seu balanço, que originou o déficit até hoje utilizado para tentar
justificar a intenção de privatização. Importante lembrar ainda que não se
trata de um déficit que vem sendo ampliado, mas sim o contrário, posto que os
Correios registraram lucros nos últimos exercícios.
6. O que os Correios poderiam fazer
para superar de vez esse desequilíbrio que ocorreu?
Muito simples. Basta lembrar que no último
processo de seleção pública de parceiro para o banco postal o Banco do Brasil
pagou aos Correios mais de R$ 2 bilhões para ser o parceiro nesse negócio, além
das taxas definidas para cada operação realizada. Além do banco postal, há
diversos outros segmentos em que parceiros privados podem ter interesse em
investir para exploração exclusiva da rede dos Correios. Pode-se pensar, por
exemplo, em seguros, capitalização e logística integrada. Cada negócio desse,
colocado na perspectiva do tamanho empresarial dos Correios, pode fazer uma
grande diferença para qualquer parceiro, como demonstram as mais de 11 milhões
de contas abertas para o Bradesco durante os dez anos de parceria com os
Correios.
Nada disso ocorrerá, porém, se as autoridades
do governo federal prosseguirem atacando sistematicamente a imagem da empresa,
desqualificando seus serviços e insistindo no caminho da privatização.
Administrados profissionalmente, os Correios
podem ser uma boa fonte de dividendos para o próprio Governo Federal, além de
cumprirem seu papel público de universalização do serviço postal. São, assim,
um ativo valioso para os brasileiros, que não devem se iludir com as tentativas
de depreciação lançadas à mídia para tentar justificar a intenção de
privatização.
A ADCAP permanece à disposição para
aprofundar qualquer um desses temas ou outros relacionados aos Correios.
Direção Nacional da
ADCAP.
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