A ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios lamenta que os trabalhadores tenham chegado a essa medida extrema, com graves reflexos para a sociedade, mas compreende que a condução das relações trabalhistas pela atual direção dos Correios não deixou alternativa para os trabalhadores, diante da tentativa de imposição de uma redução significativa nas remunerações.
Os trabalhadores dos Correios possuem, em
média, a menor remuneração das estatais federais. Um carteiro ou atendente tem
um salário inicial de menos de R$ 1.800,00, o que torna todas as parcelas
salariais, como vale alimentação, por exemplo, indispensáveis na composição da
renda.
A soberba da direção dos Correios, cujo
Presidente nunca recebeu um dirigente das entidades representativas, e a
declarada disposição da direção de reduzir à força a remuneração dos
trabalhadores praticamente determinou a realização da greve, já que a outra
opção seria aceitar a absurda, descabida e drástica redução de remuneração,
durante a pandemia, quando os trabalhadores dos Correios estão em plena
atividade, prestando à população o serviço postal, que foi corretamente classificado
como essencial.
O comportamento da direção dos Correios toma
contornos ainda mais graves quando, ao mesmo tempo em que procura forçar o
empobrecimento dos trabalhadores concursados, o Presidente da Empresa contrata
banca especializada de advogados para defender a permanência na Empresa de
assessores especiais, admitidos sem concurso público para ingressar nos quadros
dos Correios, companheiros de política ou de caserna, que não entram pela porta
da frente, os quais custarão o mesmo que 200 carteiros, suficientes para
atender uma população de 800.000 habitantes. E abre ainda mais 7 vagas de
assessores especiais na subsidiária - Postal Saúde, com salários de R$
16.000,00, para abrigar outros apaniguados.
De quem é, então, a responsabilidade por esta
greve? Dos trabalhadores que buscam tão somente manter a remuneração que já
recebem, sem qualquer reajuste ou melhoria, e ter condições mínimas de
segurança à saúde no trabalho, ou do general, encastelado em seu bunker e
rodeado por assessores especiais caros e desnecessários, que nada faz além de
buscar meios de apresentar resultados para seu chefe a partir do empobrecimento
dos trabalhadores?
As pequenas e grandes empresas de comércio
eletrônico que tem nos Correios sua opção de entrega, os prestadores de serviços
que dependem dos Correios para garantir seu faturamento, as escolas que enviam
e recebem tarefas escolares, os laboratórios que recebem material para exame,
enfim todos os brasileiros que usam os serviços dos Correios por confiarem e
reconhecerem suas justas tarifas sofrerão os efeitos e consequências dessa
greve, que jamais ocorreria se no comando da Empresa houvesse um dirigente
minimamente qualificado para conduzir uma organização do porte e da importância
dos Correios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário