Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.
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Apesar de estar fora do governo, Salim Mattar foi ouvido pela Revista Veja, a respeito do tema privatizações. Como o ex-Secretário novamente proferiu falácias a respeito dos Correios, a entrevista em questão mereceu abordagem nesta edição nº 15 do "Desmontando Fake News".
Veja: A determinação de que os Correios estejam em todos os municípios pode motivar resistência para a venda?
Isso como entrave é uma mentira da esquerda, dos que não querem a privatização. A Caixa Econômica Federal está em mais municípios do que os Correios, assim como as loterias.
Comentário da ADCAP: Como os Correios estão presentes em todos os municípios brasileiros, a declaração do Secretário é absurda. Além disso, as redes dos Correios e da Caixa + loterias são redes com propósitos e características distintas. O Secretário repete erradamente o briefing que recebeu quanto esteve na SEST, o qual tentava atenuar a questão de, com uma eventual privatização dos Correios, o governo estar renunciando a um ponto de presença em todos os municípios brasileiros.
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Salim: As pessoas que são contra as privatizações e a esquerda implementam estas falácias. Quem vai entregar carta na Amazônia? perguntam eles. Falácia, principalmente dos sindicatos e funcionários.
Comentário da ADCAP: As declarações falaciosas são do ex-Secretário, que está, inclusive, sendo processado por isso pela ADCAP. A indagação sobre como ficará a entrega de cartas no interior do país é completamente pertinente, pois, como se sabe, a iniciativa privada sempre busca atuar onde tem lucro. No Brasil, em apenas 324 municípios o serviço postal gera mais receitas que despesas; nos demais, a infraestrutura presente custa mais do que arrecada.
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Salim: Não há divergência em relação aos Correios. Não há resistência do Congresso Nacional em relação à privatização dos Correios. Existem, o que é natural, alguns segmentos, partidos mais à esquerda, alguns deputados com relação com sindicatos. Existe alguma minoria contrária, o que é natural em uma democracia como a nossa. A grande maioria é favorável à privatização dos Correios.
Comentário da ADCAP: O Congresso Nacional sequer se debruçou sobre a questão da intenção de privatização dos Correios, o que torna completamente falaciosa essa declaração do ex-Secretário. Quando e se o assunto chegar ao Congresso Nacional, a sociedade brasileira saberá como o parlamento verá essa questão.
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Salim: A Constituição está sendo violada, pelos governos anteriores e por este governo, enquanto detiver empresas.
Comentário da ADCAP: Em seu extremismo neoliberal, o ex-Secretário profere mais uma falácia, interpretando de forma completamente enviesada o que está na Constituição. Na verdade, o que se viu até agora foi o governo federal tentando buscar "atalhos" para driblar o que está expresso na Constituição e privatizar estatais sem seguir a tramitação normal desse tipo de tema, incluindo a apreciação pelo Congresso Nacional.
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Veja: Uma das críticas à privatização neste momento é de que as empresas estão desvalorizadas por causa da pandemia. O preço de venda hoje é deficitário?
Salim: Isso é uma falácia. Os Correios têm prejuízo de 11,5 bilhões de reais no fundo de pensão, o Postalis. Existe outro rombo de 3,5 bilhões de reais nos planos de saúde. Se deixar lá por mais cinco anos, esses 15 bilhões de reais virariam 30 bilhões de reais. A verdade: quanto mais rápido vender, melhor para o governo. Essa história de aumentar o valor dos Correios para vender é uma falácia de quem pretende continuar administrando a empresa. É mentira. Quem paga esse prejuízo sou eu e você, então temos que nos livrar o mais rápido possível.
Comentário da ADCAP: Com a moeda brasileira no fundo do poço e as empresas em geral com grandes problemas de caixa no mundo todo, não é preciso argumentar muito para demonstrar que a declaração do ex-Secretário é completamente desprovida de qualquer base e que o momento é extremamente ruim para se desfazer de qualquer ativo.
No caso dos Correios, que produziu lucros de mais de R$ 900 milhões nos últimos três anos e que já acumulou neste ano mais de R$ 770 milhões de lucros até agosto, as afirmações do ex-Secretário se mostram, então, completamente desarrazoadas.
No caso do fundo de pensão e do plano de saúde dos Correios, o ex-Secretário também repete sem saber do que fala argumentos falaciosos que recebeu quando esteve no governo, para tentar justificar o injustificável. Mistura questões contábeis com econômicas, sem nenhum aprofundamento, para confundir a audiência. E omite questões importantes, como a retirada excessiva de dividendos que o governo federal impôs aos Correios ou o congelamento tarifário.
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A ADCAP deixa alguns comentários finais para reflexão:
Os Correios não foram feitos para produzir lucros; mesmo assim produziram R$ 770 milhões de lucro até agosto, em plena pandemia. Quantas empresas públicas ou privadas no Brasil ou no mundo podem apresentar neste momento um resultado igual ou superior a esse? Pois é! E nenhuma outra dessas empresas cuida sozinha da responsabilidade de levar o serviço postal a todos os municípios de um país que tem o 5º maior território do mundo e grandes diferenças regionais.
Os Correios são um paradigma de empresa pública que deve mesmo incomodar extremistas neoliberais como o ex-Secretário.
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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito.
Direção Nacional da ADCAP.
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