PL dos Correios afeta Amazon e Mercado Livre
Um dos dispositivos do projeto estabelece que “encomendas e mercadorias adquiridas por comércio eletrônico e por venda direta” serão consideradas objetos postais
Valor
26/0/2021
Encaminhado nesta semana ao Congresso
Nacional, o projeto de lei que viabiliza a privatização dos Correios prevê
a possibilidade de serviços de encomendas expressas, o que inclui a entrega de
produtos vendidos em plataformas digitais, serem regulamentados por normas da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Atualmente, esse tipo de
prestação de serviço não se submete às regras da agência reguladora. A mudança
poderia ter impacto nas operações de empresas como Amazon e Mercado Livre, que
têm investido em estruturas próprias de logística.
Projeto dos Correios abre brecha para ação estatal no e-commerce
Valor
26/02/2021
Anatel teria poder para regular entrega
privada de produtos vendidos online encaminhado na quarta-feira à noite ao
Congresso Nacional, o projeto de lei que viabiliza a privatização dos Correios também
abre brechas para o Estado impor regras e condições ao funcionamento dos
serviços de encomendas expressas, incluindo a entrega de produtos vendidos
em plataformas digitais. Isso poderia ter impacto nas operações de empresas
como Amazon e Mercado Livre, que têm investido em estruturas próprias de
logística para concorrer com a (ainda) estatal.
Para dar mais clareza jurídica ao
funcionamento do mercado, o PL 591/21 classifica as atividades do setor em
vários grupos diferentes. Um dos dispositivos do projeto estabelece que
“encomendas e mercadorias adquiridas por comércio eletrônico e por venda
direta” serão consideradas objetos postais.
Caberá à Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), que terá suas responsabilidades expandidas para esse setor,
definir “pesos e dimensões” para caracterizá-los. A agência reguladora também
poderá editar normas sobre as “condições obrigatórias de aceitação,
encaminhamento e entrega” dos objetos postais.
A presença do dispositivo chamou a atenção de
especialistas, que apontaram aparente conflito com o discurso
pró-desregulamentação e liberdade econômica do governo. O Valor apurou que
houve manifestações contrárias do Ministério da Economia, uma das pastas
envolvidas na redação do projeto, a esse ponto específico.
Sem considerar necessariamente ruim a
existência de uma regulação para serviços de entrega do comércio
eletrônico, o vice-presidente da Associação de Profissionais dos Correios (ADCAP),
Marcos César Silva, afirma que o dispositivo
evidencia como a proposta enviada ao Congresso careceu de discussões
prévias com os atores diretamente envolvidos.
Para ele, dependendo da redação final do
projeto, a Anatel ganhará poderes para definir indicadores de qualidade
dos serviços já realizados por operadores privados, expedir autos de
infração penalidades e até mesmo encarecer a prestação dos serviços.
Apesar do forte crescimento do comércio
eletrônico, principalmente a partir da pandemia de covid19, o único mecanismo
de proteção dos usuários contra violações ou atrasos na entrega de
produtos por falha logística é o Código de Defesa do Consumidor.
Guilherme Campos, ex-presidente dos Correios
(governo Michel Temer) e atual diretor do SebraeSP, avalia que o projeto, à
primeira vista, realmente abre espaço para a regulação de entregas do
ecommerce. Ele acredita, porém, que isso tem um caráter positivo. “Onde as
privatizações que não deram certo, como na Argentina e em Portugal, não
houve a criação de uma agência reguladora”, observa Campos.
Em sua visão, a logística do comércio
eletrônico representa o futuro do setor postal. Os concorrentes dos
Correios, por não terem nenhuma obrigação de atender localidades deficitárias,
têm vantagem relativa. Ele lembra que pouco mais de 300 municípios são
lucrativos hoje nas operações da estatal.
Marcos César Alves Silva, da ADCAP, é crítico
da privatização e vê o e-commerce como trampolim para a prosperidade dos
Correios. Ele diz que a empresa terá lucro superior a R$ 1 bilhão em 2020
(o resultado ainda não foi divulgado) - patamar não atingido desde 2012.
Até setembro, o superávit foi de R$ 836 milhões. Por Daniel Rittner e
Rafael Bitencourt, Valor Econômico.
Proposta não terá regime de urgência para tramitar
Valor
26/02/2021
Proposta ainda teve pouca discussão
Enviado sem regime de urgência, o projeto de
privatização dos Correios deve tramitar
por uma comissão especial para ser amplamente debatido antes de ser
enviado ao plenário, segundo parlamentares. O entendimento dos líderes
governistas é de que a proposta ainda é desconhecida e não está pronta
para a pauta, diferentemente da desestatização da Eletrobras.
Enquanto a operação envolvendo a estatal
elétrica vem sendo debatida desde o governo Temer, com os termos
conhecidos pela classe política e pelo setor, o projeto de quebra do monopólio
postal e início das discussões sobre a privatização dos Correios acabou de
chegar à Câmara, num ato formal de entrega da proposta pelo presidente
Jair Bolsonaro.
Questionados, a maioria dos líderes
partidários disse que não teve tempo de discutir a proposta com suas
bancadas e nem analisar os detalhes do texto. Os partidos ficaram concentrados
na negociação da proposta de emenda constitucional (PEC) da imunidade
parlamentar e os deputados, na elaboração das emendas ao Orçamento.
A avaliação de líderes é que a tramitação
deve ser mais demorada que a privatização da Eletrobras e pode enfrentar
mais resistências, pelo fato de a empresa possuir 100 mil funcionários - com
mais uma centena de familiares afetados - e por ser um braço governamental
nos rincões do país, atendendo áreas em que as grandes empresas do setor
de logística não têm interesse.
O líder do Solidariedade, deputado Lucas
Vergílio (GO), afirmou que pessoalmente é a favor da privatização dos
Correios e que haveria inclusive grandes empresas, como o Mercado
Livre, interessadas no negócio, mas que não teve tempo de reunir a
bancada para discutir a posição do partido. Ele afirmou que um dos pontos
a serem avaliados é a situação dos funcionários, mas que o ministro das
Comunicações, Fábio Faria, garantiu que eles estão preservados.
Para o vice-líder do governo na Câmara, Evair de Melo (PP-ES), o texto demandará debate na comissão, mas será aprovado sem grandes dificuldades. “O marco legal do saneamento e a reforma da Previdência mostraram que as corporações têm força, mas que a Câmara hoje tem uma visão muito reformista”, afirmou. Ainda não há decisão sobre quem será o relator e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda não despachou o projeto para as comissões. Por Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro, Valor Econômico.
Direção
Nacional da ADCAP.
Fico discutindo, mas se administrador postal existem, porque estão sumidos, vão deixar acabar com correios sem aparecerem???
ResponderExcluir