Em matérias sobre a intenção de privatização dos Correios frequentemente são mencionados números imprecisos sobre os resultados da estatal, além de apresentadas interpretações completamente equivocadas, muitas vezes induzidas por discurso falacioso de autoridades do próprio governo federal.
Nesta oportunidade, a ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios procurará oferecer informações precisas sobre o tema.
Primeiramente, é importante ressaltar que os Correios publicam em seu site na internet todos os seus demonstrativos financeiros. O link para acesso ao local onde qualquer pessoa pode examinar esses números é:
https://www.correios.com.br/acesso-a-informacao/institucional/publicacoes/demonstracoes-financeiras .
Os números a seguir foram extraídos desses demonstrativos, publicados pelos Correios.
Ano Resultado
2010 818.966
2011 882.747
2012 1.113.287
2013 -312.511
2014 -20.309
2015 -2.121.238
2016 -1.489.505
2017 667.308
2018 161.049
2019 102.121
2020 1.530.376
Um exame detalhado dos demonstrativos e das análises desses números feitas pela CGU permite entender as principais razões que impactaram os resultados dos Correios a partir de 2013, as quais nenhuma relação possuem com as operações e negócios da Empresa, com corrupção, má gestão ou coisas assim, como tentam avaliar alguns, mas sim com decisões do governo e mudanças contábeis, entre os quais se destacam:
- congelamento tarifário, por decisão do Ministério da Fazenda, pelo período de dois anos;
- recolhimento excessivo de dividendos, pelo Ministério da Fazenda, muito além dos 25% do lucro líquido previsto em lei e usualmente praticado;
- implantação abrupta de nova norma contábil (CPC 33), que determinou o pré-pagamento das despesas de pós-emprego, as quais eram contabilizadas até então à medida em que ocorriam, sem que o Ministério do Planejamento tomasse nenhuma medida para proteger as estatais grandes empregadoras, como Correios e Caixa, dos graves efeitos dessa mudança contábil; o MP poderia ter atuado para diferir os efeitos ou mesmo para articular a constituição de um fundo que evitasse a contabilização direta dos impactos da mudança nos balanços das grandes estatais, mas se omitiu completamente.
O gravíssimo impacto desses três fatores - produzidos pela área econômica do governo e não pela estatal - nos resultados dos Correios pode ser mais bem compreendido com a leitura do relatório da CGU intitulado AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA – Correios 2011-2016, no link: https://auditoria.cgu.gov.br/download/10370.pdf . Seria importante que os jornalistas e analistas econômicos lessem com muita atenção esse relatório, antes de tentar atribuir os resultados negativos a outros fatores, como muitos têm feito indevidamente.
Em 2020, diferentemente do que aconteceu com a imensa maioria das empresas, os Correios alcançaram um lucro recorde, de R$ 1,53 bilhão, turbinado pelo crescimento do e-commerce e pelo fato de que a Empresa não parou na pandemia.
Como se pode ver claramente por esses números, no caso dos Correios, apesar de tratar-se de uma empresa que presta serviço público, a estatal está com excelentes resultados, não cabendo qualquer alegação de tratar-se de uma organização que dá prejuízos ao Estado ou que padece de qualquer dificuldade de ordem econômica, inclusive para realizar investimentos. Isso não é verdadeiro e quem tem utilizado informação diversa dessa deve rever seus números e corrigi-los, para não induzir sua audiência a erro.
Associação dos Profissionais dos Correios
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