Longevidade e crise
causam rombos, dizem gestores de fundos
de pensão
FOLHA DE S. PAULO
12/9/2016
Os fundos de pensão estatais reagiram às
suspeitas de corrupção, que estão sob a investigação da Operação
Greenfield, da Polícia Federal, justificando que seus deficit atuariais foram
causados principalmente pela maior longevidade da população, em desempenhos
negativos da Bolsa e também em ajustes de regras.
Entre 2011 e 2015, a Bolsa brasileira
acumulou perda de quase 40%, e a alta da taxa de juros desvalorizou papéis
de renda fixa, ajudando a elevar o rombo, de acordo com os gestores.
"O deficit faz parte da gestão de
fundo previdenciário. O ideal é ser equilibrado, nem superavitário
nem deficitário", afirma o presidente da Abrapp (associação dos
fundos de pensão), José Ribeiro Pena Neto.
A PF investiga a compra de cotas em FIPs
(Fundos de Investimento em Participações) para corrupção. Os negócios que
recebiam investimentos via FIPs seriam avaliados a preço elevados, levando os
fundos a perdas mesmo que o resultado final fosse positivo. Os quatro
fundos de pensão de empresas estatais têm investimentos suspeitos.
"Os FIPs são investimentos na economia
real. Tem que separar o que é risco, gestão temerária -se descumpriu regra
de prudência ou legislação- e fraude. Este tem de ser punido
exemplarmente", diz Pena Neto.
A Anapar (associação dos participantes dos
fundos) também afirma que nem tudo é corrupção.
"Continuamos na defesa do sistema e
dos interesses dos participantes, mas devemos saber separar o que é gestão
temerária e o que é resultado conjuntural", afirmou Cláudia Ricaldoni,
vice-presidente da entidade em comunicado.
Procurados, os fundos Previ (Banco do
Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios) justificaram
brevemente, por meio de notas, a origem de seus rombos. Eles atribuem os
problemas à conjuntura econômica, a ajustes de regras e à necessidade de
provisionar perdas de investimentos, inclusive os investigados pela
Operação Greenfield da PF.
José Roberto Ferreira Savoia, professor
associado da FEA-USP, é mais crítico. "O relatório da CPI dos fundos
de pensão diz que, de cada 10 operações, 8 foram feitas para dar errado."
O caso que chama mais a atenção é o da Sete
Brasil, que atualmente passa por uma recuperação judicial.
A empresa foi criada para construir sondas
de exploração de petróleo no pré-sal para a Petrobras.
O que causa o deficit
Envelhecimento da população
As pessoas vivem mais e recebem aposentadoria por um tempo maior. No caso dos planos de benefício
As pessoas vivem mais e recebem aposentadoria por um tempo maior. No caso dos planos de benefício
POSTALIS
definido, se a longevidade dos participantes não estiver bem estimada, pode levar a um deficit Má gestão dos investimentos.
definido, se a longevidade dos participantes não estiver bem estimada, pode levar a um deficit Má gestão dos investimentos.
Os calculos de valor de contribuição e
benefício futuro consideram a rentabilidade do valor investido. Se
o gestor do fundo tomar decisões que não permitem atingir o rendimento
esperado, há deficit.
Investimentos na economia real malfeitos
Aplicações dos fundos de pensão em FIPs (Fundos de Investimento em Participações) hoje trazem perdas pelo risco do investimento, por gestão temerária ou fraude.
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