Após prisão de
dirigentes da CBDA, rescisão com Correios ameaça
torneios em 2017
IstoÉ
20.04.17
20.04.17
Se confirmada no próximo mês, a rescisão do
contrato de patrocínio dos Correios
com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos)
pode inviabilizar a realização de competições importantes no País, deixar
atletas sem premiações e provocar a demissão de treinadores. Quase metade do
orçamento da confederação vem dos Correios e vários pagamentos programados na
previsão orçamentária de 2017 da entidade deverão ser feitos exclusivamente com
verba do patrocínio da estatal. As outras fontes de renda da confederação são
insuficientes para cobrir os gastos.
No início deste mês, os Correios chegaram a
anunciar a rescisão do contrato de patrocínio à CBDA após a prisão de
dirigentes, entre eles o ex-presidente Coaracy Nunes, acusados de desviarem
cerca de R$ 40 milhões. Depois de apelo feito por Gustavo Licks, interventor
nomeado pela Justiça para comandar interinamente a confederação, a estatal
anunciou a manutenção do patrocínio somente até maio – a continuidade do
contrato ainda depende de um novo plano de gestão e transparência da entidade,
que será apresentado pela CBDA no próximo mês.
Por meio da Lei de Acesso à Informação, o
jornal O Estado de S.Paulo obteve cópia do contrato assinado em 31 de janeiro
entre CBDA e Correios. O acordo prevê o repasse de R$ 11,4 milhões por dois
anos, com pagamentos mensais no valor de R$ 475 mil, totalizando R$ 5,7 milhões
por ano. As outras receitas da CBDA para 2017 são R$ 3,6 milhões da Lei Agnelo
Piva e R$ 2,5 milhões da venda dos direitos de transmissão de TV de
competições.
Uma das cláusulas do acordo com os Correios
prevê a suspensão dos pagamentos em caso de “aplicação de qualquer parcela do
crédito para outros fins que não os previstos no contrato”. O acordo,
inclusive, pode ser rescindido “pelo envolvimento ou participação da
patrocinada (CBDA) em atos que tragam prejuízo à imagem institucional da
patrocinadora (Correios)”. Outro tópico estipula possíveis punições à CBDA.
Entre as penalidades está a devolução do dinheiro recebido e a declaração de
falta de idoneidade da confederação para licitar ou contratar com a
Administração Pública. Na prática, a CBDA ficaria impedida de receber recursos
públicos.
Diante da ameaça de rescisão do contrato com
os Correios, coube ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) garantir o repasse de
verbas para a realização de competições já marcadas, como o Troféu Maria Lenk,
além da presença dos atletas brasileiros no Mundial de Budapeste, na Hungria, e
no Sul-Americano Juvenil de Cali, na Colômbia.
Outras competições, no entanto, correm
grandes riscos, e preocupam a atual administração da CBDA. “Risco sempre
existe, mas estamos trabalhando para manter o calendário”, comentou ao jornal O
Estado de S.Paulo o novo coordenador geral de esportes da confederação, o
ex-atleta Ricardo Prado – medalha prata nos 400 metros medley nos Jogos
Olímpicos de Los Angeles-1984.
O Campeonato Brasileiro de Natação Torneio
Open, previsto para ser disputado no fim da temporada, tem um custo previsto R$
100 mil, bancados exclusivamente com verba dos Correios. O Troféu Brasil
Masculino de Polo Aquático vive situação idêntica. Programado para junho, no
Rio e em São Paulo, o campeonato custará R$ 62 mil e todo o dinheiro viria da
cota da empresa estatal. O mesmo vale para várias etapas do Campeonato
Brasileiro de Maratonas Aquáticas.
Entre janeiro e dezembro, estão previstos R$
200 mil com despesas com comissão técnica bancadas pelos Correios. No mesmo
período, outros R$ 200 mil da estatal serão destinados para o pagamento de
premiações aos atletas. Entre despesas com funcionários, vale-refeição,
vale-transporte, plano de saúde, prestadores de serviços autônomos e contratos
com pessoas jurídicas, serão outros R$ 950 mil pagos pelos Correios até
dezembro.
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