Operador de Calheiros é alvo da PF em investigação do Postalis
Veja
1 fev 2018
1 fev 2018
A Polícia Federal (PF) investiga a partir
desta quinta-feira a atuação de uma suposta organização criminosa especializada
no desvio de recursos previdenciários do Fundo Postalis, o fundo de pensão dos
funcionários dos Correios. Um dos alvos da
investigação é Milton Lyra, apontado como operador do senador Renan Calheiros
(PMDB-AL).
Lyra é investigado no mesmo inquérito em que
Calheiros por suposta atuação em investimentos fraudulentos do Postalis. Em
relatório anexado ao inquérito, o MPF aponta que Lyra recebeu 13,8 milhões de
reais de fundos de investimentos em que o Postalis é cotista – 3,5 milhões de
reais do Atlântica Real Sovereign e 10,3 milhões de reais do Brasil Sovereign
II.No pedido de abertura do inquérito, o ex-procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, apontou que a quebra de sigilo telemática de Lyra mostra que há
nada menos que seis números de telefone e um e-mail constantes em seu celular
como sendo de Alex Predtechensky, ex-presidente do Postalis e denunciado por
desvios no fundo.
Em novembro de 2017, o empresário Paulo
Roberto Gazani Júnior, investigado na Operação Custo Brasil, desdobramento da
Lava Jato, afirmou em acordo de colaboração premiada que o ex-presidente do
Postalis Alexej Predtechensky pediu propina de 3% na negociação de uma operação
de debêntures envolvendo a empresa JHSF, em um total de 75 milhões de reais.
À época, Predtechensky apontava a necessidade
de honrar “compromissos” com seus padrinhos políticos do PMDB. Predtechensky
comandou o fundo de pensão entre 2006 e 2012.
No termo de colaboração, Gazani diz que o
ex-presidente do Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, não
deixou claro quem do PMDB era o responsável por sua indicação para o posto, mas
ele é conhecido por ser apadrinhado político do senador Edison Lobão (MA).
Predtechensky já foi sócio de um dos filhos do senador, Márcio Lobão, em uma
empresa que fechou há alguns anos.
O peemedebista nega a indicação política.
Gazani Júnior também afirmou na delação que até uma igreja foi utilizada para
mascarar suposto pagamento de propina para o ex-presidente do Postalis Alexej
Predtchensky.
A reportagem tentou contato com a assessoria
do empresário Milton Lyra. O espaço está aberto para manifestação.
Operação
A operação denominada Pausare continuará pelas próximas 48 horas em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Alagoas, segundo a PF.
A operação denominada Pausare continuará pelas próximas 48 horas em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Alagoas, segundo a PF.
Ainda segundo a polícia, a investigação surge
de auditorias de órgãos de controle encaminhados pelo Ministério Público
Federal, que identificaram má gestão, irregularidades e impropriedades na
aplicação dos recursos do Postalis – causando déficit de aproximadamente 6
bilhões de reais ao fundo. Como consequência, aposentados e funcionários do
Correios, além do Tesouro Nacional, tiveram de aumentar a contribuição para o
fundo de previdência.
O Postalis é o maior fundo de pensão
brasileiro em número de participantes e responsável por administrar um patrimônio
de 8,77 bilhões de reais.
Foram emitidos 100 mandados judiciais para 62
equipes policiais. Segundo a PF, entre os alvos estão pessoas físicas,
inclusive empresários em suposta articulação com gestores do fundo de pensão, e
pessoas jurídicas, como empresas com títulos em bolsas de valores e
instituições de avaliação de risco.
O nome da operação faz referência ao
infinitivo presente do verbo latino pauso, palavra empregada com o sentido de
aposentadoria.
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