Correios pedem para a união devolver R$ 3,2 bilhões
Época
14/04/2018
14/04/2018
Em grave situação financeira, os Correios estão
cobrando da União, sua controladora, a devolução de R$ 3,2 bilhões referentes a
dividendos transferidos em excesso ao governo federal quando a companhia ainda
era rentável. O foco da discórdia são os repasses feitos entre 2007 e 2013.
No período, os Correios transferiram, em
valores atualizados, R$ 8 bilhões à União quando a legislação das sociedades
por ações - que regulou os repasses entre 2007 e 2010 - e, posteriormente, o
estatuto da companhia limitavam o pagamento obrigatório de dividendos a R$ 4,8
bilhões. Só entre 2011 e 2013, quando o estatuto já limitava o pagamento de
dividendos para a União a 25% do lucro líquido apurado no exercício, foram
transferidos quase R$ 3 bilhões.A direção da companhia argumenta que o
recolhimento excessivo de dividendos comprometeu a capacidade de investimento e
a viabilidade econômico-financeira dos Correios. Na tentativa de rever esses
recursos, a estatal, em ofício encaminhado há três semanas, solicitou para a
Advocacia-Geral da União (AGU), a abertura de um processo de
conciliação.Procurada, a AGU informou que o pedido está sob análise. Se aceito,
o impasse deverá ser encaminhado à câmara da AGU responsável por negociar
acordos amigáveis em controvérsias entre órgãos e entidades da administração
pública. A empresa de entrega de correspondências, por sua vez, disse que não vai
se manifestar sobre o processo. Limitou-se a informar que a audiência de
conciliação ainda não foi agendada.
Cobrar do controlador a devolução dos
dividendos foi um dos últimos atos do ex-presidente dos Correios Guilherme
Campos antes de deixar o cargo, na semana passada, para se candidatar a
deputado federal pelo PSD. Desde então, a presidência da estatal é exercida
interinamente pelo vice-presidente de finanças e controladoria, Carlos Roberto
Fortner.
No documento enviado para a advogada-geral da
União, ministra Grace Mendonça, a direção dos Correios cita as conclusões de
uma auditoria feita pelo Ministério da Transparência e pela Controladoria-Geral
da União que alerta sobre a perda de solvência (capacidade de pagar dívidas) e
ao risco de maior dependência da empresa em relação à União.
O texto também aponta a necessidade de
injeção de recursos do controlador, já em 2017, diante dos prejuízos acumulados
nos últimos três anos. O excesso de dividendos transferidos ao governo foi
citado pelo relatório do Ministério da Transparência entre os motivos da atual
situação econômica dos Correios.
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