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DA ADCAP COM O VEÍCULO
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Artigo: Sem argumentos para privatizar os Correios Trata-se da única instituição pública federal presente em todos os municípios brasileiros
O Globo
29/08/2019
29/08/2019
Marcos Cesar Alves Silva (ADCAP)
Num
momento em que a privatização volta a ser uma das maiores bandeiras defendidas
pelo governo, e anuncia-se a intenção de privatizar os Correios, um debate mais
aprofundado sobre o tema se faz extremamente necessário, para que sejam
esclarecidos os argumentos a fim de justificar tal feito. Em meio a tantas
razões para a privatização dos Correios, é de essencial importância que se
esclareçam as verdades sobre argumentos sem embasamento utilizados por quem se
coloca a favor da medida.
E é de
essencial importância também que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicação, que supervisiona os Correios, centralize o debate, já que se
trata da única instituição pública federal presente em todos os municípios
brasileiros, levando não só as correspondências ou cartas, mas também as
encomendas e os serviços financeiros básicos. É muito importante ressaltar que
apenas as correspondências são objeto do monopólio postal. A prestação de
serviços de encomendas no Brasil é livre, havendo milhares de transportadoras e
empresas as mais diversas que prestam tal serviço. Os Correios, porém, são a
única empresa que leva encomendas a todo o território nacional, atendendo,
inclusive, aos concorrentes, que muitas vezes redespacham suas encomendas
quando o destino é mais remoto.
No mundo
inteiro, há menos de uma dezena de outros Correios que foram totalmente
privatizados, e nenhum deles num país com as dimensões ou as diferenças
regionais do Brasil. Além disso, privatizações feitas a toque de caixa, cujo
único objetivo é cumprir pautas de governo, como aconteceu na Argentina,
acabaram se mostrando desastrosas e motivando posterior reestatização do
serviço postal.
A busca
incessante em se desfazer de estatais marginaliza a busca por dados de
efetividade concretos e exclui do debate público novos modelos de gestão para a
empresa prosperar. Esta prática busca alienar a população a respeito do
trabalho desenvolvido pela empresa, além de desprezar toda a história de
referência e modelo dos Correios. Afinal de contas, a verdade dos fatos
não alimenta a narrativa que vem sendo empregada.
Por que
não, em vez de privatizar, transformar os Correios numa valiosa ferramenta para
que o próprio governo possa levar seus serviços para cada vez mais perto dos
cidadãos, facilitando suas vidas? A começar pelos bancários, tendo em vista que
a segurança pública tem proposta de reestruturação e de integração nacional
como prioridade do atual governo (vide o Projeto de Lei Anticrime, já
apresentado à Câmara Federal). Isso sem falar nas perspectivas de retração na
onda de assaltos que dificulta a prestação dos serviços bancários nos pequenos
municípios. A ampliação da rede que presta esses serviços favorecerá as
economias dos pequenos municípios e a vida dos cidadãos e comerciantes locais.
Se a
empresa acumulou prejuízos entre 2013 e 2016, é preciso lembrar que, nesse
mesmo período, cerca de R$ 6 bilhões foram retirados dos cofres dos Correios
pela União. Argumentos favoráveis à medida desconsideram que os Correios são
uma empresa independente financeiramente. A verdade é que, há mais de 350 anos,
é a única responsável pelo serviço postal e também pela integração nacional. O
que poucos também sabem é que o monopólio é essencial para que a empresa
consiga atender a todas as regiões, garantindo a universalização do serviço
postal.
Marcos
Cesar Alves Silva é vice-presidente da Associação dos Profissionais dos
Correios
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