Justiça definirá aumento para funcionários dos Correios
O Dia
11/09/2019
11/09/2019
Em greve por tempo indeterminado,
os trabalhadores dos Correios (Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos) vão aguardar, agora, a solução do conflito com a estatal na
Justiça. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) instaurou, no fim da tarde desta
quarta-feira, o dissídio dos funcionários da empresa, que pedem a reposição
inflacionária de cerca de 3% e o pagamento de alguns benefícios.
Segundo representantes dos
trabalhadores, a empresa abandonou as negociações, e propôs um reajuste de
0,8%, equivalente a um quarto da inflação do período apurado (de julho de 2018
a julho de 2019).
Vice-presidente da Associação dos
Profissionais dos Correios (ADCAP), Marcos César Alves Silva alega que o
governo vem tratando a classe com "injustiça". "A reposição
inflacionária de 3% e manutenção de benefícios, eu diria que são o mínimo que
se espera numa negociação", disse.
Foi a empresa que entrou, nesta
quarta-feira, com dissídio coletivo no TST. O Tribunal irá avaliar o processo
de negociação e ouvir as partes. O relator apresentará seu voto, que será
analisado depois por um colegiado do tribunal.
Em nota, os Correios informaram
que, desde o início de julho, a empresa participa de reuniões com os
representantes dos empregados, "nas quais foram apresentadas a real
situação econômica da estatal e propostas para o acordo dentro das condições
possíveis, considerando o prejuízo acumulado, atualmente na ordem de R$ 3
bilhões".
A empresa acrescentou que as
federações, no entanto, "apresentaram reivindicações que superam até mesmo
o faturamento anual da empresa".
Privatização no contexto
Para Silva, o discurso da estatal
desvaloriza a categoria, que tem contribuído para que os Correios apresentem
resultados positivos. Ele ressalta que a intenção do governo federal de
privatizar a empresa é mais um motivo de insatisfação dos trabalhadores.
"A questão da privatização
também está no contexto. Essa é uma grande preocupação dos trabalhadores ,
principalmente pela forma como o governo está tratando o assunto. Querem fazer
a toque de caixa, em vez de valorizar os Correios, pois, quem quer vender algo,
valoriza o que se quer vender, mas só falam mal", declarou Silva.
O vice-presidente da associação
citou dados para reforçar os resultados da empresa. "Estamos com mais de
99% de regularidade na entrega de encomendas. Só no Rio há exceções pela
questão da violência em umas regiões".
Ele acrescentou que 90% das lojas
virtuais usam os Correios. "Não se trata de monopólio, aí é uma
predominância da empresa pela competência e pelo preço".
'Funcionários ficaram sem
saída'
Sobre as reivindicações dos
trabalhadores, Silva explicou que, desde o ano passado, a estatal passou a
cobrar uma mensalidade para os planos de saúde. "Isso onerou o
pessoal", afirmou.
"Nessas negociações, a
empresa queria reduzir benefícios e dar um reajuste de um quarto referente à
inflação do período (de julho a julho). Os funcionários ficaram sem saída, a
greve foi o único caminho", disse ele, que acrescentou: "Agora, vamos
para o dissídio. E o TST em outros dissídios, de outras empresas, normalmente
determina a reposição da inflação aos trabalhadores".
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