terça-feira, 13 de setembro de 2016

Longevidade e crise causam rombos, dizem gestores de fundos de pensão

FOLHA DE S. PAULO
12/9/2016

Os fundos de pensão estatais reagiram às suspeitas de corrupção, que estão sob a investigação da Operação Greenfield, da Polícia Federal, justificando que seus deficit atuariais foram causados principalmente pela maior longevidade da população, em desempenhos negativos da Bolsa e também em ajustes de regras.

Entre 2011 e 2015, a Bolsa brasileira acumulou perda de quase 40%, e a alta da taxa de juros desvalorizou papéis de renda fixa, ajudando a elevar o rombo, de acordo com os gestores.

"O deficit faz parte da gestão de fundo previdenciário. O ideal é ser equilibrado, nem superavitário nem deficitário", afirma o presidente da Abrapp (associação dos fundos de pensão), José Ribeiro Pena Neto.

A PF investiga a compra de cotas em FIPs (Fundos de Investimento em Participações) para corrupção. Os negócios que recebiam investimentos via FIPs seriam avaliados a preço elevados, levando os fundos a perdas mesmo que o resultado final fosse positivo. Os quatro fundos de pensão de empresas estatais têm investimentos suspeitos.

"Os FIPs são investimentos na economia real. Tem que separar o que é risco, gestão temerária -se descumpriu regra de prudência ou legislação- e fraude. Este tem de ser punido exemplarmente", diz Pena Neto.

A Anapar (associação dos participantes dos fundos) também afirma que nem tudo é corrupção.

"Continuamos na defesa do sistema e dos interesses dos participantes, mas devemos saber separar o que é gestão temerária e o que é resultado conjuntural", afirmou Cláudia Ricaldoni, vice-presidente da entidade em comunicado.

Procurados, os fundos Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios) justificaram brevemente, por meio de notas, a origem de seus rombos. Eles atribuem os problemas à conjuntura econômica, a ajustes de regras e à necessidade de provisionar perdas de investimentos, inclusive os investigados pela Operação Greenfield da PF.

José Roberto Ferreira Savoia, professor associado da FEA-USP, é mais crítico. "O relatório da CPI dos fundos de pensão diz que, de cada 10 operações, 8 foram feitas para dar errado."

O caso que chama mais a atenção é o da Sete Brasil, que atualmente passa por uma recuperação judicial.

A empresa foi criada para construir sondas de exploração de petróleo no pré-sal para a Petrobras.

O que causa o deficit 

Envelhecimento da população
As pessoas vivem mais e recebem aposentadoria por um tempo maior. No caso dos planos de benefício

POSTALIS
definido, se a longevidade dos participantes não estiver bem estimada, pode levar a um deficit Má gestão dos investimentos.

Os calculos de valor de contribuição e benefício futuro consideram a rentabilidade do valor investido. Se o gestor do fundo tomar decisões que não permitem atingir o rendimento esperado, há deficit.

Investimentos na economia real malfeitos


Aplicações dos fundos de pensão em FIPs (Fundos de Investimento em Participações) hoje trazem perdas pelo risco do investimento, por gestão temerária ou fraude.

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