quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

PF deflagra ação contra desvios no Postalis, fundo de pensão dos Correios

O Globo
01/02/2018

A Polícia Federal saiu às ruas para cumprir cerca de 100 mandados judiciais na manhã desta quinta-feira contra uma organização criminosa especializada no desvio de recursos previdenciários do Fundo Postalis, o instituto de seguridade social dos Correios.

Entre os alvos, está o Milton de Oliveira Lyra Filho, indicado em delações premiadas da Operação Lava-Jato como operador do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ex-presidente do fundo, Alexej Predtechensky. A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão relacionados a ele. Conforme o GLOBO revelou em setembro do ano passado, o operador Lúcio Funaro afirmou em seu acordo de colaboração premiada que o Postalis era parte de um esquema em que atuava e que distribuía propina para Predtechensky.

De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO, dois dos alvos da operação desta quinta-feira da Polícia Federal são o banco americano BNY Mellon e a corretora Bridge. O dono dessa corretora seria Zeca de Oliveira, ex-presidente da instituição financeira novaiorquina na época em que os desvios ocorreram. Há ainda pelo menos mais uma corretora sob investigação, além de antigos funcionários do Postalis.

Equipes estão cumprindo ordens da Justiça em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Alagoas. A operação foi batizada com o nome Pausare e é o resultado de uma investigação conjunta de órgãos de controle encaminhada pelo Ministério Público Federal. O nome faz referência ao infinitivo presente do verbo latino pauso, palavra empregada com o sentido de aposentadoria.

Segundo a Polícia Federal, o déficit da Postalis atualmente é de aproximadamente R$ 6 bilhões, o que levou aposentados e funcionários dos Correios a aumentar a contribuição para o fundo de previdência. Os alvos da operação são empresários que atuaram na articulação com gestores do fundo de pensão, além de dirigentes de instituição financeira internacional. Empresas com títulos em bolsas de valores e instituições de avaliação de risco também são alvos da operação.

A Polícia Federal adotará uma estratégia diferente na análise do documentos. A instituição irá realizar a análise da pertinência de possíveis evidências e mídias, além de outros atos de apuração, nos próprios locais de busca. De acordo com a PF, a estratégia é criar novas possibilidades investigativas e aumentar a agilidade, eficácia e a transparência do trabalho de investigação policial. Relatórios parciais devem ser produzidos em até 48 horas.

"A meta das equipes policiais convocadas para o trabalho é buscar o esgotamento de todas possibilidades de investigação nas primeiras horas da ação, quando a organização criminosa encontra-se desarticulada e a equipe de mais de 200 policiais toda mobilizada", afirmou a PF.

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