quinta-feira, 30 de março de 2017

Plano de saúde dos servidores ‘está matando’ os Correios, diz presidente da estatal

O Globo
29/03/2017

O presidente dos Correios, Guilherme Campos, disse nesta quarta-feira que o plano de saúde oferecido aos servidores “está matando” a estatal. Conforme publicado na edição de hoje do GLOBO, dentro de um processo de reestruturação da empresa está uma negociação com os sindicatos para revisão do plano de saúde. Campos ameaçou que, se a negociação não avançar até esta sexta-feira, procurará “as vias judiciais”, levando a questão ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

— Com certeza teremos de fazer esse movimento em função da sobrevivência dos Correios — disse Campos em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal.

Segundo ele, em números ainda preliminares, do total de prejuízo apurado pelos Correios em 2016 de cerca de R$ 2 bilhões, R$ 1,8 bilhão se referem diretamente ao plano de saúde. Do total de custos do plano de saúde, a estatal paga 93% e os funcionários, 7%.

— A empresa não quer acabar com o plano de saúde, mas nos moldes que está hoje, é impossível de ser mantido.

Campos confirmou diante dos senadores as intenções da empresa, antecipadas pelo GLOBO, de reformar a estratégia comercial do Sedex e de transformar as agências dos Correios em um posto de relacionamento mais abrangente entre os órgãos públicos e a população, oferecendo outros tipos de serviços públicos.

O presidente disse ainda que a venda de linhas de celulares dos Correios em São Paulo tem obtido sucesso e que, em breve, as vendas avançarão para Brasília, Belo Horizonte e o interior de São Paulo. Até o fim do ano, disse Campos, as linhas deverão ser oferecidas em 3 mil cidades do país.

REESTRUTURAÇÃO

Guilherme Campos disse também que, dentro do pacote de reestruturação da empresa que será apresentado em até 90 dias consta uma solicitação à Caixa Econômica Federal para os Correios oferecerem em suas agências uma espécie de loteria. Hoje, as loterias são monopólio da Caixa, mas já existe uma discussão em âmbito federal para abertura do mercado para novas empresas, inclusive pela privatização da Lotex.

— É uma alternativa, aproveitando a capilaridade e a abrangência nacional dos Correios — disse Campos.

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que é preciso achar um caminho para a crise dos Correios e reafirmou que, caso contrário, não vê caminho possível que não seja a privatização da empresa. Ele negou, porém, que o processo de venda da empresa esteja em discussão dentro do governo do presidente Michel Temer.


— Nenhum de nós brasileiros gostaria de ver a empresa Correios privatizada, mas essa será a única solução, caso os Correios não encontrem o seu caminho — disse Kassab.

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