terça-feira, 9 de maio de 2017

Fechamento de agências dos Correios já atinge a Bahia

A Tarde
08/05/2017

Das 47 agências que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) mantinha em funcionamento na capital baiana antes de o governo federal iniciar a extinção e a fusão de lojas da companhia estatal, duas já foram fechadas nos bairros de Cajazeiras e Pau da Lima. Outra, em Base Naval, tem previsão de fechamento para este mês.

De acordo com a assessoria de comunicação da empresa na Bahia, as duas primeiras unidades serão reabertas. Não foi informado, porém, quando isso acontecerá. Já o posto de Base Naval, afirmou o órgão, será fechado definitivamente. No Brasil, 103 já foram fechadas.

No interior da Bahia, ainda segundo os Correios, apenas uma agência, localizada no Shopping Conquista Sul, no município de Vitória da Conquista, foi fechada.

Em nota, a estatal informou que, atualmente, 506 postos da empresa estão em funcionamento no estado – antes eram 507. O cálculo da companhia não subtrai, no entanto, os postos encerrados temporariamente em Cajazeiras e Pau da Lima.

A previsão, de acordo com o comunicado, é que 250 unidades "passem pela otimização nas cinco regiões do Brasil". Porém, segundo o órgão, não há expectativa de encerramento de outras agências na Bahia.

"Na verdade, a fusão de agências tem como objetivo tornar a rede de atendimento mais eficiente e melhorar a prestação de serviço à população", informou os Correios. Segundo a empresa, "nenhum município ficará sem atendimento".

"Trata-se, exclusivamente, de uma reorganização da distribuição das unidades, evitando-se a sobreposição de atividades e de custos", explicou a estatal.

Demissões
Para a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Estado da Bahia (Sincotelba), Shirlene Pereira, o encerramento de agências da empresa no Brasil faz parte da intenção da companhia em demitir, segundo ela, 25 mil servidores.

Este número, de acordo com a sindicalista, representa 30% do efetivo dos Correios no país. Na Bahia, segundo estimativa feita pelo Sincotelba, a empresa funciona com um déficit de 2.100 carteiros. Isso significa que o efetivo atual teria que ser duplicado para suprir a demanda, já que, segundo a entidade, a categoria conta, atualmente, com dois mil trabalhadores.

"A gente nunca vai aceitar negociar demissão de trabalhador concursado, porque é um direito nosso. A Constituição Federal diz que só podemos ser demitidos por justa causa e após um processo administrativo", defende a vice-presidente.

Greve
Shirlene lidera a greve da categoria no estado, que entra hoje no 12º dia. Segundo ela, 70% dos servidores dos Correios na Bahia aderiram ao movimento paredista até a última sexta-feira.

Comandada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a paralisação foi apoiada por 33 dos 36 sindicatos da categoria.

Eles são contra o plano de fechamento das unidades da companhia e criticam uma possível privatização da empresa. Além disso, reivindicam melhores condições de trabalho.

"Desde o ano passado já foram fechadas agências no sul da Bahia, em municípios como Itabuna, Ilhéus, Mucuri, Nova Viçosa e outros. Em algumas dessas cidades, a agência dos Correios é o único lugar para sacar dinheiro. Nós não vamos aceitar perda de direitos", defende Shirlene Pereira.

Outro lado
Na lista dos fechamentos ocorridos em anos anteriores estão, ainda, as agências de Plataforma, encerrada em 2015, do Tribunal de Justiça da Bahia, fechada em 2014, e dos Tribunais Especiais da avenida Paralela, extinta em 2013. A informação foi confirmada pela diretoria dos Correios na Bahia.

A empresa estatal nega, entretanto, que as agências do CAB e de Periperi tenham sido fechadas, conforme relatou à reportagem de A TARDE a vice-presidente do Sincotelba.

Sobre a falta de trabalhadores para atuar no estado, o órgão afirmou que "o efetivo dos Correios é dimensionado com base em metodologia específica e, nos casos pontuais onde é identificada alguma necessidade, a empresa adota medidas alternativas, como realocação de empregados". De acordo com a nota da companhia, não haverá demissão de funcionários.


Segundo o texto, "foram adotadas medidas contingenciais, como o plano de desligamento incentivado, de adesão voluntária dos empregados, visando reduzir gastos, racionalizando despesas de pessoal, que são de 65% do total".

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