terça-feira, 6 de março de 2018


Os Correios atacam de novo

Diário do Vale
6 de março de 2018

Na semana passada os Correios anunciaram um aumento de 7,58 nas tarifas de postagem, que começa a vigorar já este mês. Isso para quem mora fora do Rio de Janeiro. Os moradores da ex-cidade maravilhosa vão ter que pagar três reais a mais devido a violência. Algo que está sendo contestado pelos Procons. O problema com os Correios é que o preço dos serviços aumenta, mas a qualidade continua caindo. Os leitores assíduos desta coluna têm acompanhado as novelas de que sou protagonista por causa de correspondências atrasadas.

No ano passado foram os cartões do banco. Meu cartão perdia a validade em agosto e o banco enviou um cartão novo em junho. Esperei um mês e não foi entregue. Reclamei com o banco, que enviou um segundo cartão em julho. Que também foi capturado pelo buraco negro dos Correios. A gerente precisou me dar um cartão de débito provisório para manter o acesso a minha conta. Afinal, no fim de agosto, o carteiro finalmente apareceu com os dois cartões. Que tinham ficado sumidos durante dois meses.

Este ano mal começou e já tem outra novela. No dia 2 de fevereiro comprei um pequeno objeto em uma loja de hobbies de São Paulo. A loja enviou o pacote para mim, pelos Correios, no dia 5 de fevereiro. Um pacote pequeno, de São Paulo para Pinheiral, via Volta Redonda. Algo que devia ter sido entregue em sete, dez dias no máximo. Não apareceu até hoje. Segundo o rastreio da encomenda os Correios enviaram meu pacote para Pernambuco. De Pernambuco foi para o Rio de Janeiro e do Rio para Volta Redonda. A última notícia que tive foi que tinha chegado em um centro de triagem de Volta Redonda no dia 20 de fevereiro depois de passear pelo nordeste do Brasil.

Mas esses rastreios não são muito confiáveis. No dia 2 de fevereiro pegou fogo em um centro de distribuição dos Correios que ficava em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e nove mil encomendas foram destruídas. Mas, a informação “extraviado” só apareceu no sistema de rastreamento cinco dias depois, segundo comunicado feito pela própria empresa na ocasião. Ultimamente esses incêndios se tornaram comuns. Teve outro em Parapuebas, no Pará, em janeiro; no centro de distribuição de Teresina em dezembro; e mais outro em Fortaleza na terça-feira do Carnaval. Confie nos correios e veja a sua encomenda virar cinzas.
Atraso
Quando o pacote não pega fogo ele demora a chegar. Segundo uma pesquisa recente 30% das encomendas chegam atrasadas aqui no Brasil. O que levou várias lojas virtuais a contratarem empresas particulares de entrega de volumes e deixarem de usar os serviços da estatal. O Natal do ano passado registrou um aumento no comércio pela internet. Foi outro desastre. Pessoas que compraram presentes de Natal em dezembro ainda não tinham recebido as encomendas em janeiro. Uma dona de casa, entrevistada por um telejornal, lamentava a tarefa ingrata de ter que explicar para os filhos que os presentes de Natal não iam chegar naquele ano.

Lá em Pinheiral as empresas de água e energia elétrica já contam com entregador próprio para suas contas. Porque se depender dos correios a conta vai chegar um mês depois do vencimento. No Natal passado a empresa alegou que os atrasos se deviam ao grande número de encomendas. Pois bem, o Natal já passou faz dois meses e os atrasos continuam. Qual será o motivo agora? Os incêndios nos depósitos e centros de triagem?

Diante deste quadro de decadência e incompetência a empresa não devia cobrar mais caro pelos seus arriscados serviços. Devia era indenizar todos aqueles que recebem as encomendas depois do prazo. Meu pai costumava citar uma frase do imortal Capistrano de Abreu. Que disse uma vez que a constituição brasileira devia ter um artigo único: “Todo brasileiro tem que ter vergonha na cara”.

Coisa que falta aos diretores dessas estatais.

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