sexta-feira, 18 de maio de 2018

Fechamento de agências e demissões nos Correios pautam audiência pública desta quinta-feira no Senado

Fentect
17 de Maio de 2018

Na manhã desta quinta-feira (17), a FENTECT participou da audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação, do Senado Federal, para debater o anúncio do fechamento de mais de 500 agências próprias da estatal e a demissão de 5,3 mil funcionários. Segundo o presidente da estatal, Carlos Fortner, o processo tem como objetivo modernizar e melhorar o atendimento, porém, com um modelo mais enxuto, principalmente nos interiores. Fortner também assumiu que o estudo para esses fechamentos e demissões já havia sido elaborado por uma consultoria contratada em 2016, quando começou a ser discutida a reestruturação da empresa.

No entanto, o secretário geral da federação, José Rivaldo da Silva, questionou essa decisão mesmo com o lucro milionário apresentado recentemente pelo ministro das Comunicações Gilberto Kassab. “Há mesmo um lucro ou se trata apenas de uma manobra contábil? O processo sequer foi dialogado com as representações sindicais. Simplesmente estão implementando e nós ficamos sabendo pela imprensa”, disse.

Para a presidente da Comissão, senadora Regina Sousa (PT-PI), é preciso agir conjuntamente, trabalhadores e sociedade, para barrar a filosofia de governo de Michel Temer de entregar o Brasil para os ricos. “Se há um nome para caracterizarmos o governo Temer, este é ‘O Demolidor’. Quando tomam uma decisão como esta (da ECT), provam que não conhecem os interiores do nordeste ou mesmo as pessoas que viajam quilômetros para serem atendidas”, protestou.

Nos últimos tempos, a categoria vive sob o assédio e a dúvida em relação ao futuro da empresa. Não está claro, afinal, qual empresa de Correios querem para o Brasil. “Querem transferir negócios na ótica da terceirização ou querem discutir um Correio que atenda? Precisamos apresentar novos serviços e aumentar a capacidade de entregas. Mas como fazer isso se, hoje, temos apenas 105 mil trabalhadores? Já em 2011 o déficit era de 20 mil”, informou José Rivaldo.

Os dados manipulados também impressionam a categoria. Foi levantada pelo representante da federação a dúvida sobre o percentual de remuneração das agências franqueadas. Nota-se que os clientes estão sendo transferidos para as franquias, que aumentaram o faturamento.
“Nós vamos reagir e não vão conseguir privatizar essa empresa, que não é de Michel Temer, mas de todo o país”, garantiu a deputada federal Érika Kokay (PT-DF). Para a parlamentar, o governo federal quer desqualificar a empresa frente à opinião pública e vende-la. Segundo ela, não há lógica pagar valores bilionários às franqueadas. “Queremos todos os estudos técnicos e cópias das deliberações para entender”, finalizou.

A prática e o modelo utilizados pela ECT são semelhantes ao processo que privatiza ou, no mínimo, transfere serviços rentáveis da empresa ao mercado. Entretanto, o representante da FENTECT deixou claro que o que falta hoje nos Correios é contratação de mão de obra, por meio de mais concursos públicos. “Os trabalhadores não perderam a capacidade de executar seus serviços. Perdemos, sim, a lógica da entrega rápida dos serviços por causa dos modelos de gestões que andaram prejudicando os Correios. Para essa transição, é importante ouvir a categoria. Muitas coisas que aconteceram na Europa ainda não nos afetaram e podemos preservar as pessoas e o serviço de integração nacional, que é o papel dos Correios”, ressaltou.

Ao final, a FENTECT deixou como proposta a suspensão do fechamento de agências e as demissões para dar continuidade ao debate, agência por agência, com toda a categoria. “Está faltando ouvir o trabalhador. Quem melhor do que ele, que entrega todos os dias na sua região e sabe das dificuldades, para ajudar a traçar táticas de melhorias para os Correios?”, finalizou José Rivaldo.

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