quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Correios e Banco do Brasil tentam acordo para impedir fechamento de bancos postais

Senado Notícias
26/09/2017

A Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) discutiu, em audiência nesta terça-feira (26), a possibilidade de fechamento de agências de bancos postais em todo o país. De acordo com os participantes, os comandos do Banco do Brasil e dos Correios ainda não chegaram a um acordo para impedir o fim dos serviços em várias localidades.

Os Correios ameaçam acabar com a atividade em quase 2 mil agências em cidades e estados onde há obrigatoriedade legal de manutenção de vigilantes armados. A empresa alega que não tem como arcar com tais custos, principalmente em lojas deficitárias.

- Fechar significa destruir o comércio local, punir o aposentado, afetar brutalmente a economia. Temos consciência disso. E tomamos uma decisão doída, muito a contragosto - admitiu o presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT), Guilherme Campos.

Segundo ele, existem atualmente no Brasil 6.045 unidades dos Correios com serviço de banco postal, das quais 5.062 dão prejuízo. Guilherme Campos ainda informou que das 1.979 agências operando em locais com obrigatoriedade de segurança armada, 1.558 são deficitárias.

- Essa é a realidade. Não temos capacidade financeira de assumir pagamento de vigilante. Mas é bom deixar claro: vamos encerrar apenas a atividade bancária; as agências continuarão abertas cumprindo sua função de universalizar os serviços postais - garantiu.

Proposta
O vice-presidente do Banco do Brasil, Walter Malieni Júnior, lembrou que as duas instituição estão tratando do assunto e propostas estão sendo encaminhadas. Ele disse que o banco estaria disposto a dividir com os Correios o custo de R$ 8 milhões mensais para garantir a segurança das 1.979 agências. A proposta foi apresentada pelo deputado Júlio César (PSD-PI), mas não foi aceita pelo presidente da EBCT, Guilherme Campos.

— De qualquer forma, o assunto está sendo discutido com boa vontade pelas duas partes. Há outras propostas na mesa. Acredito numa solução gradativa - afirmou Malieni.

O Banco do Brasil começou a operar a atividade bancária nas agências postais em 2011, quando venceu uma disputa com outros bancos privados. O contrato terminou no fim de 2016, quando foi feito novo leilão. Na época, não apareceram interessados em explorar o serviço. Desde então, o BB tem operado o sistema por meio de um acordo.

Pressão
A presidente da  CDR, senadora Fátima Bezerra (PT-RN), afirmou ser inadmissível o fim dos bancos postais e deu o exemplo do problema no Rio Grande do Norte, onde 130 das 167 cidades do estado ficarão sem acesso a qualquer tipo de serviço bancário. Ela ainda disse desconfiar de que, por trás da iniciativa, esteja uma estratégia de privatizar a estatal.

– Inclusão bancária significa promover o acesso de milhões aos serviços básicos. São tarefas simples, mas essenciais, como depósitos, saques, abertura de contas e pagamentos. Uma parceria tão virtuosa como essa não pode morrer de maneira nenhuma – afirmou.

Já o senador Elmano Férrer (PTB-PI) e deputados do Nordeste que participaram da audiência afirmaram que estatais como o Banco do Brasil e a EBCT não podem agir visando somente ao lucro, deixando de lado compromissos sociais. Eles pressionaram por uma solução ainda durante a reunião, mas não obtiveram sucesso.

Greve
A atual greve de parte dos funcionários dos Correios também foi abordada durante a audiência. O secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), José Rivaldo da Silva, aproveitou para esclarecer que a paralisação não ocorre apenas por melhores salários. Além do enxugamento das agências, demissões, ameaça de privatização e modificações no plano da saúde são alvos dos protestos.

Em resposta, o presidente dos Correios lembrou que quem fica feliz com a greve são os concorrentes que atuam fora do serviço monopolizado pela estatal.


- Os correios passam agora pela hora da verdade. A empresa tem que se reinventar. O monopólio postal é uma atividade que cai a cada ano. O Brasil não fez a lição de casa. No passado, havia usuários do sistema. Hoje tem que ir atrás dos clientes. A atividade do monopólio acabou. Acabou! - avisou Guilherme.

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