sexta-feira, 17 de agosto de 2018


Déficit chega a 20 mil e trabalhadores dos Correios cobram concurso

Metrópole
16/08/2018

Os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), mais conhecida como Correios, aceitaram a proposta mediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e decidiram não parar durante as negociações. O reajuste de 3,68% nos salários atende à categoria, porém, a demora na realização de novo concurso e o impasse sobre o modelo de pagamento do plano de saúde, as ameaças de demissões e de privatização continuam.

Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), uma das 38 entidades representativas dos funcionários, seria necessário suprir um déficit de 20 mil profissionais para o bom funcionamento das agências e não há motivo para adiar a realização de novo concurso.

O cenário é de crise e ameaça de privatizações. No início do mês, a empresa anunciou o fechamento de 41 agências próprias até dezembro, o que representará economia de R$ 1,5 milhão por mês. Os funcionários poderão pedir transferência para outra unidade ou aderir ao plano de demissão voluntária (PDV).Dentro do plano de reestruturação da empresa, devem ser fechadas 513 agências, podendo gerar até 5,3 mil desligamentos, informação que levou a direção dos Correios a ser chamada, em junho, a dar explicações na Câmara dos Deputados.

A espera por um novo concurso se arrasta desde 2015, quando os primeiros passos para seleção de 2 mil novos profissionais foram dados e, em seguida, paralisados para nunca mais avançar. As vagas seriam para operador de triagem e carteiro, cargos de nível médio com remuneração de até R$ 2,8 mil. O discurso, agora, é esperar que redimensionamento da força de trabalho seja concluído, para, só então, avaliar a necessidade de reforço.

Naquela época, eram contabilizadas cerca de 7 mil vagas ociosas em razão da campanha do PDV entre 2013 e 2014. Somado a esse saldo, até meados do ano passado, haveria pelo menos 14 mil funcionários que poderiam estar aposentados sendo mantidos na ativa. Enquanto isso, o quadro de empregados só encolhe, de cerca de 125 mil, em 2013, para cerca de 106 mil, atualmente.

Último concurso
A última seleção ocorrida para os Correios foi ano passado, com oferta de 88 vagas para área de saúde e segurança do trabalho e atraiu cerca de 21 mil inscritos para os cargos de auxiliar de enfermagem, enfermeiro, médico e engenheiro.

Os aprovados do processo realizado pela empresa Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades) estão sendo distribuídos por todas as unidades federativas, exceto as localizadas em Mato Grosso.

Antes disso, em 2011, foi realizado um grande concurso organizado pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe, antigo Cespe/UnB). Mais de 1,1 milhão de pessoas se inscreveram para as 9.190 oportunidades em funções de níveis médio e superior, boa parte delas relacionadas com a atividade-fim da empresa: carteiro, atendente, operador de triagem e transborno e analista de correios. A remuneração divulgada em edital era de R$ 1 mil a R$ 3,2 mil mais benefícios.

Os funcionários são contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e recebem bons benefícios. Além do vale-transporte e alimentação, são oferecidos auxílio-creche ou babá para as funcionárias com filhos de até sete anos no valor de R$ 360, auxílio a dependentes com deficiência de R$ 571, adicional noturno de 60% sobre a hora diurna, adicional de hora extra de 70%, vale-cultura e assistência médica e odontológica.

Mudanças em cargos e remuneração
Alterações no Plano de Cargos e Salários têm sido questionadas pela Fentect e outras entidades de classe, que consideram haver sobrecarga e desvalorização dos empregados. Recentemente, o cargo de operador de triagem e transbordos – responsável pelo processo de tratamento e encaminhamento de cartas e encomendas – foi extinto, funções da área administrativa sofreram redução de jornada e de remuneração depois da vigência da nova lei trabalhista e houve a suspensão de férias de carteiros, atendentes e operadores de cargas.

Também houve alteração no plano de saúde, que passou a ter coparticipação dos funcionários para redução dos custos, e exclusão de dependentes, o que gerou descontentamento. O custo para manutenção do auxílio de saúde integralmente pela empresa representava 10% do faturamento dos Correios, despesa de R$ 1,8 bilhão ao ano.

Em março, o movimento grevista foi tímido. As agências próprias ficaram fechadas por três dias em 20 estados e no Distrito Federal. O serviço com maior impacto foi o de distribuição, ainda assim, mais de 85% dos funcionários trabalharam normalmente. Seis meses antes, as atividades foram paralisadas por 17 dias.

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