terça-feira, 7 de agosto de 2018


'Estão querendo Gatorade'

VALOR ECONÔMICO
7/8/18

Os trabalhadores dos Correios devem entrar em greve por tempo indeterminado, a partir de amanhã, em meio a divergências nas negociações salariais. O pedida inicial de reajuste foi de 8% e mais R$ 300. Em resposta, a estatal ofereceu 2,21% - índice abaixo da inflação em 12 meses.

"Estão querendo até anticoncepcional e Gatorade", afirma o presidente Carlos Roberto Fortner, descrevendo a campanha salarial deste ano e descartando o reajuste de 8%. "Não temos fôlego para isso. A empresa saiu da UTI, está com as pernas engessadas e dando chute nos concorrentes, mas ainda não consegue correr."

De fato, como se vê na lista de demandas das entidades que representam os empregados, o fornecimento de pílulas contraceptivas e de bebidas isotônicas faz parte das reivindicações. "A nossa pauta é construída ouvindo todas as demandas dos trabalhadores", rebate Fischer Moreira, secretário de imprensa da Federação Nacional dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos (Fentect) e presidente do sindicato no Espírito Santo.

Fischer justifica a cobrança de isotônicos, por exemplo, pelo fato de que muitos carteiros percorrem trajetos extenuantes debaixo do sol em Estados de clima quente. Mas ele afirma que questões pontuais da negociação não devem servir para desviar o foco do que, segundo ele, realmente interessa: o corte de benefícios.

De acordo com o sindicalista, a proposta dos Correios é de interromper a distribuição do valecultura e aumentar a contrapartida dos empregados no auxílio-alimentação. A cobrança subiria dos menos de 1% atuais, diz Fischer, para uma faixa entre 5% e 15% dos salários, dependendo da renda de cada funcionário.

Trabalhadores também passaram a pagar mensalidade no plano de saúde. "Já havíamos fechado acordos coletivos ruins, mas com a perspectiva de manter benefícios", afirma Fischer. "A empresa não anunciou que teve lucro no ano passado?", diz.

Fortner afirma, baseado em paralisações anteriores, que uma greve faz os Correios perderem R$ 20 milhões em receita por dia.

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