Correios desistem de operar Banco Postal após fim de parceria com BB
Valor
17/12/19
17/12/19
Os Correios desistiram completamente de
operar o Banco Postal. O serviço vinha sendo realizado em parceria com o
Banco do Brasil, cujo contrato venceu anteontem. O BB e os Correios já
tinham anunciado que não haveria mais contrato de exclusividade, como o que
vigorou nos últimos anos. As partes, porém, ainda negociavam as bases de
uma renovação que permitisse o uso do balcão pelo BB, mas sem
exclusividade. A empresa de postagens ainda buscava outros parceiros
no setor privado, sem sucesso.
O fim da negociação com o BB foi confirmado
ontem oficialmente pelos Correios, após ser procurado pelo Valor. Em
comunicado interno obtido pela reportagem, a direção da estatal informou
que nos próximos três meses ainda serão realizados atendimento básico de
saques, depósitos, consultas e recebimento de contas em 1.876 agências, em
parceria com o BB. “Os serviços poderão ser prorrogados por igual período,
em localidades específicas. Caso a desmobilização ocorra em
período inferior, as unidades serão comunicadas pontualmente”, diz o
comunicado distribuído aos funcionários da empresa.
No mesmo documento, a empresa explica que o
fim do serviço se deve ao custo elevado de operacionalização e “ao aumento
de ações judiciais envolvendo o negócio, que impactaram negativamente na
sustentabilidade do modelo existente”.
A questão dos custos está relacionada à falta
de disposição do BB e de outros bancos pagarem outorga pelo uso do balcão.
O texto lembra ainda que os bancos têm
incentivado a migração do atendimento financeiro para o digital. “Diante
disso, os Correios estudaram a possibilidade de adotar novos modelos de
serviços financeiros após o encerramento do Banco Postal, mas nenhum se
mostrou viável”, afirma a nota interna.
O vice-presidente da Associação dos
Profissionais dos Correios (ADCAP), Marcos Alves
Silva, lamentou a decisão da empresa. Ele disse ao Valor que os
ataques sofridos pela instituição vindas do próprio governo, que pretende
privatizar a empresa, geram insegurança e podem estar relacionados à
dificuldade encontrada para manter o serviço. “Foram ditas uma série de
falácias e isto gera insegurança no mercado. É natural que as instituições
queiram esperar o que vai acontecer para fechar alguma parceria”, disse
Silva.
Para ele, a rede dos Correios é um ativo
valioso, que interessaria às instituições financeiras, não fosse a
insegurança que se criou. Silva afirma que os Correios não conseguiram
montar um plano para ganhar com sua rede, que poderia
fortalecer financeiramente a instituição.
Os Correios iniciaram a prestação do serviço
de Banco Postal em 2002, em parceria com o Bradesco. Posteriormente, em
2011, o Banco do Brasil ganhou a licitação para tomar o lugar do Bradesco. Após
o fim desse período, o contrato foi renovado por dois anos, evitando a
descontinuidade do programa, mas já em bases menos rentáveis para os
Correios.
Agora,
o Banco do Brasil já não aceitava pagar qualquer outorga, embora
quisesse manter a plataforma em alguns locais, marcadamente onde não há
agências. A decisão dos Correios de descontinuar o serviço chegou a
surpreender alguns integrantes do banco, que apostavam no novo modelo, sem
exclusividade.
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