quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Nº 72 – 31/10/2019

ADCAP PROTOCOLA AÇÃO COLETIVA
SOBRE CORREÇÃO DO FGTS


Conforme informado anteriormente, a ADCAP protocolou, nesta data, ACP 1034522- 89.2019.4.01.3400, com o objetivo de corrigir os saldos das contas de FGTS dos associados.

A matéria de fundo ainda será decidida pelo STF nos próximos meses e, caso reconheça o direito à correção dos saldos das contas do FGTS por índice diferente da TR, as ações em trâmite se beneficiarão dessa decisão que possui repercussão geral.

É a ADCAP atuando, de modo vigilante, na defesa dos interesses dos seus associados.


Direção Nacional da ADCAP.
ASSEMBLEIA GERAL DA POSTAL SAÚDE É

QUESTIONADA PELOS TRABALHADORES



Pavio 

Folha SP
Coluna Painel
31/10/19

Após recentes atritos que provocaram greve e a exclusão de pais de funcionários dos Correios do plano de saúde, os conflitos voltam a crescer na estatal. Trabalhadores questionam a assembleia geral extraordinária realizada na quinta passada (24) sobre o novo estatuto do Postal Saúde, que opera os planos de saúde dos profissionais. 

 
Direção Nacional da ADCAP.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Privatização dos Correios - Audiência Pública
na Câmara Municipal de Vitória/ES 




O Núcleo da ADCAP ES participou, ontem, 29/10, de uma audiência pública na Câmara Municipal de Vitória/ES proposta pelos Vereadores Luiz Paulo e Lionel. Na ocasião foram discutidos os reais motivos da intenção do governo em privatizar os Correios, os obstáculos legais, as consequências para a sociedade, bem como foram evidenciados o histórico de credibilidade da empresa, seu desempenho no quesito qualidade e financeiro. Foram desmentidos veementemente as diversas fake news que andam circulando sobre os Correios.Também foi abordado o panorama dos Correios no mundo, realçando que dos mais de 190 países, que fazem parte da UPU, somente 08 foram privatizados e que, além de serem países pequenos, 03 deles já estão com graves problemas que afetam a sociedade, especificamente na Argentina, já está em processo de reestatizacão.

Por fim, a audiência foi encerrada com os seguintes encaminhamentos: 1) criação de uma comissão Municipal com a liderança de dois vereadores, representantes da sociedade e das entidades representativas de empregados para desenvolver um trabalho de mobilização do corpo político e da sociedade contra a privatização dos Correios; 2) propositura de moção de repúdio à privatização; 3) reunião com a diretoria da associação de Municípios do ES para exposição das consequências da privatização para a população dos municípios menores e mais distantes.







Direção Nacional da ADCAP.

terça-feira, 29 de outubro de 2019


Funcionários dos Correios vão à Justiça contra Guedes por uso de dados mentirosos sobre a estatal

Revista Forum
28 de outubro de 2019

Os funcionários dos Correios avaliam ir à Justiça contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e Salim Mattar, secretário de Desestatização, pelo uso de informações sobre a estatal que eles afirmam ser mentirosas, com o objetivo de manipular a opinião pública e justificar a privatização da empresa. Informação é da coluna de Guilherme Amado, na Época.

Uma das informações que os funcionários afirmam estar errada é sobre o balanço dos Correios, que, de acordo com eles, registraram lucro de R$ 800 milhões nos últimos dois anos. Enquanto isso, o ministro da Economia tem repetido que a empresa dá prejuízo.

Os Correios têm sido o principal alvo do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O presidente chegou a dizer que “privatização começa pelos Correios” e a empresa é uma das 15 incluídas no plano de privatizações de Paulo Guedes, que  abarca também Eletrobras, a EBC e a Casa da Moeda.

No entanto, um levantamento do Datafolha divulgado no último mês revelou que a população brasileira não está de acordo com os planos. Segundo a pesquisa, 67% dos brasileiros são contrários às desestatizações e apenas 25% se diz favorável.


Funcionários dos Correios avaliam ir à Justiça contra Guedes e Mattar

Reconta Aí
28 outubro

Em sua coluna desta segunda-feira (28) na Época, o jornalista Guilherme Amado afirma que os funcionários dos Correios estudam a hipótese de ir à Justiça contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o Secretário Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar.

A justificativa, segundo o colunista, seria “pelo uso sistemático de informações sobre a estatal que eles afirmam ser erradas, com o objetivo de justificar a privatização da estatal.”

Marcos César Alves Silva, vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), contou que uma das informações falsas usadas pelas autoridades é de que a empresa pública tem dado prejuízo.

“O Ministério da Economia sabe, por força de ofício, porque está no site dos Correios, que nos últimos dois anos demos lucro de mais de R$ 800 milhões”, disse.

Alves Silva ressalta que a ação vem como uma resposta dos funcionários que estão “cansados de ver isso acontecendo e a diretoria da empresa silenciosa”.

Ele finaliza dizendo que os “ultraliberais extremistas do governo estão afoitos para provar suas teses extremistas e por isso criam fake news para macular a imagem de estatais que deveriam ter seu trabalho reconhecido”.

Os Correios exercem um papel fundamental na logística de correspondência no Brasil. Sem essa expertise da empresa pública, seria impossível realizar o Enem, por exemplo. Além disso, não há meios de garantir capilaridade de atendimento e inviolabilidade das correspondências se a empresa perder seu caráter público.

O governo anunciou uma lista com 17 estatais a serem privatizadas, dentre elas os Correios, a Telebras, Serpro, Dataprev, Casa da Moeda e Eletrobras.


Correios confirmam fim de contrato com BB no Banco Postal

Valor
28/10/19

Os Correios e o Banco do Brasil não chegaram a um acordo sobre a renovação do contrato do Banco Postal. A parceria entre as estatais será encerrada em 15 de dezembro e a prestação do serviço será descontinuada, apurou o Valor. A informação foi confirmada pela empresa postal.

A partir desta data, a prestação de serviços básicos como saques, depósitos, pagamentos de contas e consultas serão feitos por meio do Balcão do Cidadão, em parceria com mais de uma instituição financeira. O próprio Banco do Brasil negocia adesão a este modelo de serviço.

Em 2018, o Banco Postal estava presente em 6.058 agências e teve receita de R$ 234,61 milhões. O número de agências que oferece o serviço à população caiu 60% entre desde o ano passado, totalizando 2.448 unidades. Entre os municípios sem serviços bancários, passou de 1.929 para 829.

No início do mês, o Valor mostrou que os dois lados estavam negociando a questão, mas que havia dificuldades. O Banco do Brasil queria evitar o pagamento de “luvas” pelo direito de operar o serviços, enquanto os Correios desejavam receber esse bônus para fechar a parceria com o banco estatal ou outra instituição.

O banco público discute os termos para aderir à proposta para prestar serviços bancários sem exclusividade com nenhuma instituição financeira. A ideia no BB é tentar manter operações por meio dos Correios em lugares de mais difícil acesso, em posição complementar à sua própria operação. Esse projeto de ampliar a prestação de serviços nas 6.248 agências espalhadas pelos 5.570 municípios surgiu na administração de Juarez Cunha, que comandou a estatal de remessas por sete meses e foi substituído por Floriano Peixoto junho deste ano.

Uma fonte disse à reportagem que a ideia de Cunha era aumentar a oferta de serviços para mostrar ao governo federal a importância dos Correios e evitar a privatização. Neste mês, um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro incluiu a empresa no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que fará estudos sobre a privatização.

Segundo a estatal, todas as unidades de atendimento dos Correios estarão disponíveis para a prestação do serviço no Balcão do Cidadão, que será formalizado por meio de contratos comerciais entre a empresa e as instituições financeiras. Por Alexandre Melo e Fabio Graner, Valor Econômico.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019


Funcionários dos Correios avaliam ir à Justiça contra Guedes e Mattar 

Época
28/10/2019 

Os funcionários dos Correios avaliam ir à Justiça contra Paulo Guedes e Salim Mattar pelo uso sistemático de informações sobre a estatal que eles afirmam ser erradas, com o objetivo de justificar a privatização da estatal. 

Uma das informações que os funcionários afirmam estar errada é sobre os resultados dos Correios, que, de acordo com eles, registraram lucro de R$ 800 milhões nos últimos dois anos, e o ministro da Economia e o secretário de Desestatização têm repetido que a empresa dá prejuízo. 


Direção dos Correios tenta dar golpe no Postal Saúde, mas categoria se mobiliza e impede

Mundo Sindical
28/10/2019

A direção da ECT usou o presidente do Conselho, para tentar impor suas propostas retrógradas. Ela queria que fosse aprovada a decisão da reunião de sua diretoria, em vez do Conselho Deliberativo do Postal Saúde.

Em linha gerais, a intenção da direção da ECT era acabar com a democracia, impedindo a candidatura de dirigentes sindicais aos Conselhos Deliberativo e Fiscal. Também queria tirar a obrigação da ECT de manter o plano, mudando a condição de mantenedora para de patrocinadora, e assim colocar todo o custo nas costas do trabalhador. E queria, ainda, liberar a indicação, por ela, de pessoas estranhas à categoria para gerir o Postal Saúde, abrindo a possibilidade de controle por agentes privados!

Trabalhadores ocupam Brasília
Cientes do risco, a FINDECT e seus sindicatos filiados enviaram ônibus com sócios e dirigentes para fortalecer essa luta de resistência. Vários outros Sindicatos fizeram o mesmo, o que resultou numa grande e representativa mobilização dos trabalhadores.

O presidente do plano de saúde tentou aprovar a proposta da direção da ECT. Foi autoritário e tentou manobrar, mas os trabalhadores reagiram e impediram. A proposta foi rejeitada pelos beneficiários presentes por unanimidade.

Mas é preciso se manter atento e mobilizado!
Provavelmente a direção da empresa vai tentar impor esses retrocessos novamente, pois sua intenção, orientada pelo governo, é colocar todo custo do Plano Médico nas costas dos trabalhadores e entregar a carteira para os gestores de planos privados!


Correios e BB não chegam a acordo sobre Banco Postal; serviço pode ser descontinuado

Valor/O Globo
28/10/19

A parceria entre as estatais deve ser encerrada em 15 de dezembro, disse uma fonte que acompanha o assunto

Os Correios e o Banco do Brasil não chegaram a um acordo sobre a renovação do contrato do Banco Postal. A parceria entre as estatais deve ser encerrada em 15 de dezembro, disse uma fonte que acompanha o assunto. Em comunicado interno ao qual o Valor teve acesso nesta segunda, a empresa postal informa aos funcionários que a prestação do serviço “será descontinuada”.

O Valor mostrou no início do mês que os dois lados estavam negociando a questão, mas que havia dificuldades. O BB queria evitar o pagamento de “luvas” pelo direito de operar o serviços, enquanto os Correios querem receber esse bônus para fechar a parceria com o banco estatal ou outra instituição financeira.

Em 2018, o serviço prestado pelas duas estatais em 6.058 agências de atendimento dos Correios teve receita de R$ 234,61 milhões.

Entretanto, o número de agências que oferece o serviço à população caiu 60% de dezembro de 2018 a agosto deste ano, totalizando 2.448 postos. Entre os municípios sem serviços bancários, passou de 1.929 para 829. Nas cidades atendidas por instituições financeiras, o número caiu de 3.322 para 1.431.
Procurados, Correios e BB não se pronunciaram até a publicação dessa reportagem.


Sob escolta da PM, provas do Enem chegam ao Juruá nesta quarta-feira

Juruá Em Tempo
28/10/2019

As provas do Enem das cinco cidades do Vale do Juruá serão escoltadas pela Polícia Militar até o quartel da corporação. As provas chegam, nesta quarta-feira, 30, pelos Correios. Essa é a primeira vez que as provas ficarão sob guarda da PM.

Para as cidades mais distantes, como Porto Walter e Marechal Thaumaturo, as provas serão enviadas de avião também sob escolta da PM.

Segundo o comandante da PM de Cruzeiro do Sul, major Evandro Bezerra, 15 policiais estão envolvidos na operação.

“Temos a responsabilidade na guarda, transporte e entrega das provas e nosso objetivo é que o certame ocorra sem problema”, disse em entrevista ao ac24horas.

Vale lembrar que as provas do Acre chegaram no dia 10 de outubro e, desde então, estão no quartel do 4º BIS, em Rio Branco. A partir desta quarta, as provas começam a ser transportadas via Correios para os quartéis da PM em todo o estado.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Indústria postal traz novas forças motrizes para o desenvolvimento das regiões pobres da China

Portuguese.cri
2019-10-24 

A Administração Estatal de Correios da China informou no dia 23 que a entidade vai melhorar os serviços nas regiões pobres do país e procurar modelos de alívio da pobreza com precisão.

A autoridade revelou que no primeiro semestre deste ano, o valor de vendas nos distritos pobres em nível nacional atingiu 110 bilhões de yuans, aumentando 29,5% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo foi informado, a Administração está impulsionando ativamente a combinação entre correios, comércio eletrônico nas zonas rurais, produtos agrícolas típicos e agricultores.

As estatísticas mostram que nos primeiros três trimestres deste ano, a entidade ajudou 1.143 projetos de produtos agrícolas típicos e realizou o transporte de encomendas de 284 mil toneladas, um aumento de 69%, comparando com a mesma época do ano de 2018. Além disso, até o momento, 95% das zonas rurais desfrutam dos serviços de entrega rápida por causa dos mais de 30 mil postos de entrega rápida.

Correios anunciam fechamento de subsidiária com dívida de R$ 21,7 milhões

Extra
24/10/19

O Conselho de Administração dos Correios aprovou a proposta de dissolução e liquidação integral da subsidiária Correios Participações SA (CorreiosPar).

Segundo a empresa, a CorreiosPar tinha como objetivo constituir e gerir parcerias societárias estratégicas. No entanto, a estatal diz que a subsidiária criada em 24 de dezembro de 2014 tem um patrimônio líquido negativo de R$ 21,7 milhões.

A medida foi chancelada em reunião extraordinária do órgão realizada em 10 de outubro e é parte de outras iniciativas de reestruturação dos Correios.

De acordo com a direção da estatal, as ações tem objetivo de melhorar a saúde financeira e sustentabilidade da instituição e faz parte dos estudos de viabilidade econômico-financeira da empresa no âmbito do Programa de Parcerias e Investimentos da Presidência da República (PPI) e de privatizações.

O próximo passo para efetivar a liquidação é o encaminhamento da matéria para a Assembleia Geral dos Correios e, se aprovada, a posterior submissão à Assembleia Geral da própria CorreiosPar, em conformidade com o Estatuto da subsidiária.

A decisão da estatal e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) está alinhada à política do Governo Federal, que estabelece a redução do número de empresas com participação direta ou indireta da União.

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Infelizmente, os jornalistas das matérias seguintes ouviram apenas o interventor.
A ADCAP entende que a intervenção no POSTALIS, que já dura 752 dias, não resolveu nenhum dos problemas centrais do instituto, que eram as efetivas cobranças dos desvios lá havidos do BNY Mellon (administrador fiduciário) e da Reserva
Técnica aos Correios (RTSA). 

Felizmente, apesar disso, pelo menos o Ministério Público Federal tem feito alguma
coisa para punir os responsáveis e recuperar os prejuízos havidos.
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Intervenção do Postalis termina em 2019

Valor
24/10/19

Segundo Walter Parente, a melhor saída é a migração dos participantes para um plano de contribuição definida

A intervenção do Postalis deve ser encerrada até o fim do ano, estima Walter Parente, auditor fiscal designado para cumprir a tarefa no fundo de pensão dos Correios. O plano de benefício definido (BD) da fundação tem um déficit a ser saneado de R$ 12 bilhões diante de um patrimônio de R$ 3 bilhões. A melhor saída, diz, é a migração dos participantes para um plano de contribuição definida (CD). Para ser concretizada, a medida ainda depende da aprovação da Previc, autarquia que regula o setor. A intervenção foi determinada em 4 outubro de 2017. No mês passado, foi adiada por mais 90 dias. “Estamos chegando ao final da intervenção com bons resultados alcançados”, disse o interventor ao Valor. Segundo ele, a expectativa da Previc é que não haja necessidade de novos adiamentos.

O déficit representa 80% do montante de R$ 15 bilhões necessários para pagar os benefícios aos participantes, a chamada reserva matemática. Se fossem aprovadas novas contribuições extras, elas representariam 40% dos benefícios dos aposentados e 30% dos salários dos que ainda estão na ativa, o que é inviável, na visão do interventor. O Postalis hoje tem 177 mil associados. No BD, são 84.722 participantes, 27.155 aposentados e 6.369 pensionistas. Além desse plano, o fundo tem o Postalprev, de contribuição definida. Quando a intervenção foi decretada, o patrimônio do plano BD era avaliado em R$ 5 bilhões, mas os valores foram inflados, segundo o interventor, por causa de ativos mal-avaliados, especialmente os fundos de investimento em direitos creditórios não padronizados (FIDCs NP). Com o ajuste, os ativos passaram a valer R$ 2,7 bilhões. Hoje, estão em quase R$ 3 bilhões. Parte desse aumento refere-se à recuperação de ativos, diz Parente. Desde outubro de 2017, o interventor e sua equipe já conseguiram retornar à fundação R$ 137,8 milhões, por meio de execuções judiciais de devedores inadimplentes. Também apresentou denúncias à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que já julgou alguns casos relacionados a fundos de investimentos do Postalis. A criação de um plano de contribuição definida visa evitar a liquidação do plano BD. Se isso acontecer, o vínculo jurídico dos associados com o plano seria cortado e eles não teriam direito a futuras recuperações de investimentos temerários ou malsucedidos que o Postalis ainda busca.

“Os participantes têm que ficar no quartinho do lado e o quartinho é o novo plano que estamos oferecendo. A migração não é compulsória, mas não tem saída”, defende Parente. O interventor excluiu a possibilidade de redução de benefícios futuros, a exemplo do que foi implementado na Fapes, fundo de pensão dos funcionários do BNDES, e o que se pretende criar na Petros, dos funcionários da Petrobras. Parente estima que novas recuperações serão obtidas, mas evita fazer projeções. “Estamos buscando garantias, chamando gente para fazer acordos. Sabemos que os recursos vão ingressar.” Um dos principais litígios é com o banco BNY Mellon, que administrava fundos do Postalis, como os que aplicavam em títulos da Argentina e Venezuela. O interventor reiterou a expectativa de que haverá um acordo com a instituição. Outra frente que ainda não teve conclusão é a negociação da dívida do patrocinador, a chamada Reserva Técnica de Serviço Anterior (RTSA), avaliada em R$ 1,3 bilhão. Mas já há uma ação de cobrança para retomada do pagamento. “Hoje temos uma relação muito boa com a diretoria do patrocinador, estamos trabalhando nisso.” Do lado dos investimentos, o plano BD teve retorno de 10,21% no ano até setembro, ante meta atuarial de 6,37% no mesmo período. O resultado é basicamente fruto de aplicações em renda fixa, que representam quase 70% do plano. Parente reconhece a necessidade de aumentar o risco, diante da queda dos juros, mas diz que o Postalis jamais vai aplicar em títulos de alto risco. No plano CD, com patrimônio de R$ 5 bilhões, o resultado no ano é de 10,38%, acima do objetivo de 6,41%.

Com a melhora da governança, o Postalis voltou a ser procurado por bons gestores e administradores, diz. “O mercado deixou de ver o Postalis como um leproso.” Mas os oportunistas, segundo ele, ainda aparecem. “Eles batem a todo momento. Nós os recebemos para um café, e mandamos ir embora.”

Intervenção do Postalis deve acabar dentro de dois meses, diz interventor

O Globo
25/10/19

RIO - Após mais de dois anos e quatro prorrogações, a intervenção do órgão regulador no fundo de pensão dos Correios, o Postalis, deve terminar daqui a dois meses, prevê o interventor Walter Parente. Nessa reta final, o comando da fundação se prepara para apresentar aos participantes um novo plano de aposentadoria e quer trazer à mesa de negociação a administradora de fundos BNY Mellon, contra a qual move seis processos.

A Previc, que supervisiona os fundos de pensão, decretou intervenção no Postalis em outubro de 2017. À época, a fundação era alvo de uma série de denúncias de fraudes , e a Previc constatou que o Postalis contabilizava irregularmente em seus balanços ativos já considerados podres.

Parente sustenta que, desde então, a intervenção conseguiu recuperar R$ 137,8 milhões que haviam saído do balanço da fundação por meio de execuções judiciais e denúncias na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra administradores de seus fundos.

Nos dois meses que restam para a intervenção, Parente vai propor aos participantes a migração para um plano de contribuição definida (CD). Ele funciona como um plano de capitalização, com contas individuais e benefício ligado ao desempenho dos investimentos — logo, não tem déficit.

Dívida dos correios
Segundo Parente, a migração será opcional mas, se não ocorrer, a Previc acabará liquidando o plano mais problemático — de benefício definido, pelo qual os participantes escolhem quanto receberão na aposentadoria. O objetivo do novo plano é eliminar o equacionamento de um déficit da ordem de R$ 12 bilhões do plano de benefício definido.

— Os aposentados teriam que contribuir com quase 40% da aposentadoria. É impossível descontar isso — diz. O fundo também conseguiu calcular em R$ 1,3 bilhão uma dívida dos Correios com o Postalis, a chamada Reserva Técnica de Serviço Anterior. Segundo Parente, essa conta está agora sendo auditada pelos Correios, mas ele vê boa disposição da estatal para quitá-la.


 
Direção Nacional da ADCAP.
ASSEMBLEIA GERAL DA POSTAL SAÚDE
 MUDANÇA DE ESTATUTO


A ADCAP Nacional se fez presente ontem, 24.10.2019, na Assembleia Geral da Postal Saúde, realizada no Auditório da Universidade Corporativa dos Correios, na pessoa do Diretor de Relações Funcionais José Maria dos Santos Silva, associado aposentado da Postal Saúde, residente em Brasília/DF, de forma a participarmos da AGE, considerando diversas observações e restrições à sua realização.

Durante o procedimento de assinatura da lista de presença, entregamos ao presidente do CODEL – Conselho Deliberativo 525 procurações, recebidas de associados que gostariam de participar da AGE, mas não o poderiam por residirem em outras cidades. As procurações foram devidamente recebidas pelo Presidente do CODEL, entretanto com ressalvas, considerando restrições previstas no Estatuto quanto a votos por procuração.

A Assembleia foi aberta no horário previsto, 18h e 18:30h, estando presentes uma quantidade expressiva de associados empregados da ativa e aposentados, além de representantes sindicais, de associações, do POSTALIS como patrocinados e dos Correios como mantenedora.

A ADCAP, considerando a falta de transparência na apresentação das alterações propostas no Estatuto e o modo de condução de todo o processo, entende que a realização da AGE estava comprometida por ilegalidades cometidas pela Mantenedora e pelo Presidente do CODEL.

Como consequência dessa forma de condução preparatória da AGE, o descontentamento dos empregados e associados presentes ficou agravado quando o Presidente do CODEL inicialmente indicou uma pessoa presente, empregada da Postal Saúde, para secretariar os trabalhos, quando o correto, segundo o Estatuto atual, é eleger uma pessoa dentre os presentes para exercer esse papel.

Após esse episódio, o Presidente do CODEL, sem qualquer estratégia aparente para conduzir a votação, sem apresentar ou submeter a debates ou discussões do que estava sendo alterado no Estatuto e o porquê das alterações, informou que iria abrir a palavra por 5 minutos apenas para 1(um) representante de cada entidade presente. A reação foi imediata e a contrariedade se alastrou, pois todos tinham o direito de manifestar sua concordância ou contrariedade em relação a cada mudança proposta.

Em seguida, o representante dos Correios tomou a palavra, que estava com o Presidente do CODEL, e instigou ainda mais os presentes no auditório ao dar a entender que eles estavam de acordo com as alterações, resultando numa resposta uníssona "contra". Continuou a falar e insinuou que o voto da plateia já estava definido e ele como representante da mantenedora votava a favor. Daí em diante não houve mais clima no auditório.

Em meio a grande manifestação dos presentes, o Presidente do CODEL chamou o representante do POSTALIS para votar que disse que era a favor das mudanças e o voto dos Correios já se sabia. Encerraram a "Assembleia" e saíram do ambiente sem dar alguma satisfação. Não se sabe o que colocarão na Ata.

A ADCAP Nacional levantou duas questões de ordem a serem colocadas na Assembleia, que impactariam certamente nos resultados da votação AGE. Embora as tentativas feitas pelo nosso representante em apresentá-las, não foi possível registrá-las face a condução irresponsável e atabalhoada da mesa diretora da AGE, e, ainda, da suspensão inesperada da Assembleia Geral e da recusa do Presidente do CODEL em prosseguir com os trabalhos, bem como receber qualquer questão de ordem.

Essa assembleia já estava viciada desde o início porque as propostas de alterações do Estatuto foram feitas sem debates ou discussões construtivas no ambiente dos participantes da Postal Saúde e encaminhada pelo Presidente do CODEL, sem qualquer aprovação no âmbito daquele Colegiado, confrontando o Estatuto atual.

A ADCAP, diante desses fatos de absoluto autoritarismo, prosseguirá com as medidas cabíveis, inclusive judiciais, para defesa e amparo dos associados.



Direção Nacional da ADCAP.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Os diretores da FINDECT visitaram os gabinetes dos deputados federais e articularam apoio político em defesa dos Correios

Findect
23/10/19

Os diretores da FINDECT Wilson Araújo (MA), Maxy Morais (TO), Silvana Azeredo (SP) e Débora Henrique (RJ), nos dias 22 e 23 de outubro deram sequência à série de visitas aos gabinetes dos deputados federais, buscando dialogar e articular apoio em defesa dos Correios público e 100% estatal, além de acompanhar o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público em Brasília.

Em busca de conquistar mais apoio, os diretores visitaram alguns parlamentares, entre eles os deputados federais Juscelino Filho (DEM-MA) e Gil Cutrim (PDT-MA), que, além de receberem muito bem os representantes da Federação, demonstraram preocupação sobre a limitação ao serviço postal pela população, sobre o futuro dos 100 mil trabalhadores e da sociedade com uma provável venda da estatal. Os representantes conversaram com os parlamentares e passaram uma série de informações sobre os impactos que a privatização pode causar a toda população, trabalhadores e para a economia do país.

O trabalho político de visitar e dialogar com os parlamentares sobre a importância de manter os Correios público e 100% estatal é fundamental, por conta disso a FINDECT tem intensificado os trabalhos junto aos deputados federais, estaduais e nas prefeituras das cidades, conversando com os parlamentares a fim de buscar o compromisso de defender o direito da população ao serviço postal público.

Lançamento da Frente
A FINDECT também participou nessa quarta-feira, 23, do lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público em Brasília. Frente importante no debate e defesa dos direitos dos servidores e do fortalecimento do serviço público de qualidade a toda população brasileira.

É importante que os trabalhadores também se incorporem às atividades, seja ela visita aos gabinetes como também dos atos e panfletagens realizadas pelos sindicatos, afinal de contas, defender o serviço público dos Correios é dar continuidade, também, aos nossos serviços como trabalhadores da maior empresa pública brasileira – os Correios.

FINDECT EM DEFESA DOS CORREIOS PÚBLICO, 100% ESTATAL E DE QUALIDADE!
Correios acaba com sua subsidiária

Correios do Brasil
24/10/19

O Conselho de Administração dos Correios aprovou a proposta de dissolução e liquidação integral da Correios Participações S. A. Criada em 2014 para gerir parcerias estratégicas, nunca conseguiu concluir sua finalidade.

A subsidiária acumula R$ 21 milhões em patrimônio negativo líquido, que será absorvido pelos Correios. Tem um custo anual de R$ 3,3 milhões. As informações são do Estadão

Um ano após reclamar que China 'compraria o Brasil', Bolsonaro quer vender estatais e commodities em visita a Xi Jinping

BBC News Brasil a Pequim
23/19/19

O presidente Jair Bolsonaro chega nesta quarta-feira (23/10) ao momento mais importante de sua viagem pela Ásia e pelo Oriente Médio com o desafio de avançar em três grandes objetivos econômicos, ao mesmo tempo em que tenta minimizar obstáculos políticos e ideológicos que surgiram após sua posse.

Em sua estreia em solo chinês, o brasileiro aposta no eixo-chave do maior projeto de investimentos de seu governo: encontrar empresários dispostos a comprar estatais em processo de privatização, como a Eletrobras, os Correios e setores da Petrobras. Também quer mostrar um Brasil mais disposto do que nunca a vender soja, carne, petróleo e minério de ferro ao gigante asiático. 

Por fim, busca convencer megainvestidores a construirem ferrovias, estradas, portos e usinas de energia na expectativa de destravar a economia brasileira, estacionada em problemas históricos de infraestrutura. 

O cliente é um velho conhecido. Há 10 anos, a China é o principal parceiro comercial do Brasil no mundo. A relação entre os dois países vem se aprimorando com o passar do tempo: em 2018, a soma das importações e exportações entre os dois países alcançou um recorde inédito na América Latina — US$ 98,9 bilhões, ou quase R$ 400 bilhões, sinalizando um ápice na relação bilateral. 

Mas o governo brasileiro também colocou pedras no caminho para atingir suas próprias metas. 

Há um ano, em outubro de 2018, Bolsonaro, ainda candidato à Presidência, subiu o tom contra o país asiático e ganhou manchetes no mundo inteiro ao dizer: "A China não compra no Brasil. A China está comprando o Brasil". 

Cinco meses depois, em aula magna a formandos do Itamaraty, o chanceler bolsonarista Ernesto Araújo disse a diplomatas que o Brasil não iria "vender sua alma" para "exportar minério de ferro e soja" para a China comunista. 

O cenário nesta semana é o oposto. Prestes a encontrar o presidente chinês, Xi Jinping, na capital do país com o maior Partido Comunista do planeta, o líder brasileiro tenta aproveitar o vácuo aberto pela guerra comercial entre China e EUA para ampliar ao máximo seus negócios com os chineses.

Em meio a tantos altos e baixos, quais devem ser os resultados práticos da visita e como os chineses reagirão à reaproximação bolsonarista? Que impactos ela pode ter na relação amistosa entre o brasileiro e o presidente americano, Donald Trump? E por que os brasileiros exportam apenas commodities a um dos mercado consumidores mais ávidos por produtos industrializados em todo o planeta?

Choque de realidade
A viagem é descrita por representantes do mercado, da academia e da diplomacia ouvidos pela BBC News Brasil na China como "controle de danos", "choque de realidade" e "correção entre o discurso eleitoral e o de governo". 

"A gente passou por atritos profundos na relação bilateral durante a campanha eleitoral", avalia Tulio Cariello, coordenador do Conselho Empresarial Brasil-China, que reúne as principais empresas brasileiras do setor. "As frases polêmicas do governo não faziam o menor sentido por uma razão muito simples: a relação entre Brasil e China é hoje essencialmente econômica, e não política."

As exportações brasileiras para a China são compostas principalmente por produtos básicos, sem valor agregado. A soja ocupa o topo da lista, com 35% das exportações, seguida por óleos brutos de petróleo (24%) e minério de ferro (21%). 

Do outro lado, segundo o Itamaraty, as importações brasileiras de produtos chineses "correspondem, em sua quase totalidade, a produtos manufaturados" — a maioria é formada por componentes elétricos e bens de consumo.

Representando o lado chinês, o especialista em infraestrutura Jesse Guimarães, diretor de uma das maiores multinacionais chinesas de construção pesada, classifica a viagem como uma oportunidade de "destravar mais de 200 projetos de infraestrutura apresentados pelo governo Bolsonaro para empresários chineses" e "aproveitar um momento recorde de otimismo no empresariado asiático com o Brasil".

Segundo Guimarães, que participou de reuniões em Pequim entre politicos chineses e o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, em maio deste ano, os principais projetos oferecidos pelos brasileiros se referem a aeroportos, ferrovias e portos. Eles estão em fase de finalização até que as concessões sejam oferecidas por meio de concorrências.

Para a professora Karin Vazquez, chefe do Centro de Estudos dos BRICS da Universidade Fudan, em Xangai, o presidente brasileiro desembarca na China após sofrer um "choque de realidade" posterior às eleições.

"Há uma diferença normal entre o discurso eleitoral e o de governo. O eleitoral usa um apelo popular, exageros, uma retórica para ganhar um eleitorado que não conhece a China ou o comércio internacional. É o que ganha voto", explica.

"Depois que assume, o presidente é imediatamente pressionado pelo lobby do agronegócio, pelas confederações de industria. Ele se dá conta que quase 30% da pauta de exportações se refere à China. E percebe que não fazer negócios com chineses em 2019 é inconcebível para qualquer país", prossegue. 

A China é o principal destino das exportações brasileiras em todo o planeta. De janeiro a setembro de 2019, 27,6% do total das exportações brasileiras foram para o país asiático. No mesmo período, a China também ocupou o primeiro lugar entre os países de origem das importações brasileiras, com 19,9% do total.

Favorável ao Brasil há 10 anos, o superávit entre os dois países saltou de US$ 11,8 bilhões para US$ 29,5 bilhões entre 2016 e 2018, de acordo com dados oficiais. 

'China quer namorar o Brasil'
O pragmatismo com que os chineses são conhecidos no mundo dos negócios fala mais alto que qualquer sentimento de rancor ou desconfiança, na opinião dos entrevistados.

"O chinês sempre observa calmamente o que acontece antes de fazer qualquer movimento. Eles não agem por emoção ou impulso, como fez Bolsonaro", diz Eduardo Ponticelli, um empresário brasileiro que vive há 12 anos na China intermediando importações de produtos brasileiros e exportações para o Brasil.

A visita do vice-presidente Mourão ao país, em maio, trouxe tranquilidade aos chineses, segundo diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil em condição de anonimato. 

"Mourão acabou apertando as mãos e acalmando Xi Jinping em pessoa, meses antes do chefe de Estado chinês encontrar o presidente brasileiro", lembra um membro do Itamaraty. "É um protocolo torto, mas mostrou que o governo brasileiro não pensa daquela maneira."

Para Ponticelli, a experiência de Mourão e o prestígio do ministro Paulo Guedes (Economia) desfizeram qualquer má impressão.

"Hoje, o que ouço dos chineses é que a China quer namorar o Brasil e roubá-lo do Trump", brinca.
O comentário surge em meio à guerra comercial travada entre Washington e Pequim - um dos principais impulsionadores do recorde nas trocas comerciais registrada no ano passado entre chineses e brasileiros.
"No curto prazo, os ganhos foram significativos principalmente no agronegócio e no mercado de soja", lembra o doutor em ciência política Mauricio Santoro, especialista em relações Brasil-China e professor do Departamento de Relações Internacionais da Uerj.

"Mas a guerra comercial cria uma instabilidade grande no sistema multilateral de comércio, cria desrespeito a regras da OMS, aumenta o protecionismo."

Chineses e americanos sinalizam uma possível trégua por meio de um novo acordo comercial — que traria dor de cabeça aos brasileiros. "Em uma situação de acordo, o Brasil perde, porque chineses vão precisar comprar mais produtos agrícolas dos americanos", diz Santoro.

Hoje, além de principal parceiro comercial, segundo o Banco Central, a China é o 9º maior investidor no Brasil. Os recursos chineses são destinados principalmente a energia (geração e transmissão, além de petróleo e gás) e infraestrutura (portuária e ferroviária), de acordo com o Ministério da Economia. 

Honraria máxima a um Chefe de Estado

A estrutura organizada pelo governo chinês para receber o líder brasileiro mostra que não parece haver ressentimentos sobre os comentários de Bolsonaro na eleição.
Na tarde de sexta-feira (horário chinês), Bolsonaro será recebido no Grande Palácio do Povo pelo presidente Xi JinPing, pelo primeiro-ministro, Li Keqiang, e pelo Presidente da Assembleia Popular da China, Li Zhanshu.

À noite, Xi Jinping oferece jantar ao presidente brasileiro junto aos principais CEOs chineses — entre os quais, especula-se, o magnata Jack Ma, fundador do império de vendas online AliBaba.

Além dos encontros com as autoridades chinesas, Bolsonaro também participa de um jantar organizado pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, com empresários brasileiros que fazem negócios com a China.

"Se compararmos essa viagem com a abertura da Assembleia-Geral da ONU, veremos outro Bolsonaro. Nas Nações Unidas, ele mostrou seu lado mais extremo, com a retórica antiglobalista e um nacionalista extremado que não reconhece preocupações globais, como meio ambiente. Na China, ele vai se comportar de forma mais trivial, cordial, o que já é um ganho para o Brasil", avalia Mauricio Santoro, da UERJ.

Mas, junto a toda a cordialidade do encontro, obstáculos politicos podem dificultar a lua de mel econômica entre os presidentes.

Nova Rota da Seda
Avaliado como o maior projeto de política externa da China em 40 anos, a Nova Rota da Seda é um mega programa de investimentos em infraestrutura que deve movimentar mais de 1 trilhão de dólares vindos da China em mais de 70 países com a construção de portos, ferrovias, estradas, gasodutos e oleodutos.

O objetivo chinês é expandir o acesso de seus produtos a outros mercados, ao mesmo tempo em que multiplica a presença de suas multinacionais ao redor do mundo e amplia seu acesso a recursos naturais escassos em seu território.

O projeto, que inicialmente se concentrava na Ásia e na África, se expandiu para a América Latina, onde já tem a adesão de 19 países — o principal deles é o Chile, somado a economias menores no Caribe e na América Central.

A adesão formal de uma economia forte como a brasileira ao projeto seria uma enorme vitória política para os chineses e é um dos principais esforços da diplomacia de Pequim no momento. 

O problema, no entanto, é a reação que isso causaria em Washington.

"O discurso do Brasil é de querer estes investimentos, mas pelo Programa de Parceria de Investimentos (PPI), e não pela Rota da Seda", explica Santoro.

"O Brasil quer evitar o ônus político na sua relação com os EUA. É uma preocupação legítima. Apoiar o projeto chinês é se posicionar diante de uma disputa comercial intensa entre o país asiático e Donald Trump, que é um parceiro-chave do Brasil neste momento", diz.

Para a professora Karin Vazquez, o Brasil precisaria de contrapartidas fortes para aderir ao projeto.

"Traria um ganho político imenso para a China, na medida em que a China tenta aumentar seu foot print (pegada, em inglês) na América Latina. Mas, do lado do Brasil, não me parecem claras as vantagens para um país que já atrai investimentos do tipo há décadas e já é uma das maiores economias do continente."

Tulio Cariello, do Conselho Empresarial Brasil-China, concorda. "Uma eventual assinatura teria efeito mais político do que econômico. A vantagem teria que estar muito clara para o Brasil embarcar", afirma.

Commodities, burocracia e o mercado consumidor chinês

Nos últimos anos, o governo chinês tem investido pesado na expansão da importância do consumo no seu PIB.

De 1978, com o processo de abertura da economia chinesa, até hoje, o PIB do país cresceu 172 vezes. 
O analfabetismo, que alcançava 80% da população, hoje se aproxima de zero. A expectativa de vida saltou de 35 anos para 75. 

Com isso, uma nova classe média, mais conectada aos costumes do ocidente e ávida por consumo, se consolidou no país.

"Muitos politicos e empresários no Brasil têm uma visão da China pré-revolução, ou o país que produzia artigos baratos e de baixa qualidade. É uma visão muito estigmatizada e antiga, que faz com o que o Brasil não aproveite as maiores oportunidades desse mercado", avalia a professora Vazquez.

"Estamos falando sobre um país que desenvolveu uma lua artificial para oferecer energia, que criou o trem-bala mais rápido do mundo, que lidera a quarta revolução industrial, pautada por tecnologia de ponta, cidades inteligentes, big data, ciber-segurança", diz.

Mas por que o Brasil não exporta produtos industrializados para essa sociedade em ebulição?
O caso do café oferece respostas interessantes.

"O Brasil é o maior exportador mundial de café bruto. Pela primeira vez na história, os chineses, tradicionais consumidores de chá, estão se tornando grandes bebedores de café. O mercado está crescendo a quase 40% ao ano. Seria ótimo para o Brasil", conta Mauricio Santoro.

O jovem chinês, no entanto, não procura o café ensacado tradicional do supermercado, mas variedades "gourmet". 

"Este não é o café brasileiro. É um café com forte valor agregado em marketing. Um café para um consumidor que está ficando mais refinado, mais rico. O Brasil poderia entrar nesse mercado, mas ainda não associa seus produtos a esta imagem e acabamos ficando presos às matérias-primas."

Do outro lado, os chineses reclamam da dificuldade de investir no Brasil — principalmente a burocracia estatal.

"O ICMS é um bom exemplo. Os chineses reclamam muito porque há uma regra diferente para cada Estado. No final das contas, são várias regras diferentes para pagamentos de impostos e isso dificulta muito o trabalho", diz Santoro.