Cielo cobra
explicações de Coaracy e diz que 'hora de mudar é
agora'
ESTADÃO ON-LINE
12/10/16
12/10/16
'Se tinha algum momento para uma virada na
natação, esse momento é agora', afirma nadador
Se há um momento para uma virada na natação
brasileira, esse momento é agora. Quem diz isso é o maior nadador brasileiro da
história, Cesar Cielo. Não que ele tenha se posicionado a favor da chapa de
oposição à gestão de Coaracy Nunes na eleição a ser realizada pela Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) no primeiro trimestre do ano que vem.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, disse, pelo contrário, que não vai
apoiar ninguém. Mas não escondeu que é contra a continuidade do trabalho do
dirigente, no cargo desde 1988.
"É um período político complicado, está
chegando eleição, e esse processo (do Ministério Público Federal) pode mudar o
curso dessa eleição. Se tinha algum momento para uma virada na natação, esse
momento é agora. Vai acontecer de uma forma bem radical, porque é muita coisa
acumulada, falta de medalhas na Olimpíada, o Correios está se afastando... Está
virando uma bola de neve. Espero só que a gente consiga sair disso
vitoriosos", comentou Cielo, que assiste à disputa política na CBDA pelo
lado de fora. Está em período sabático desde o Troféu Maria Lenk, em abril, e
não sabe quando - e nem se - volta às competições.
Assistiu aos Jogos Olímpicos pela televisão e
não viu o Brasil ganhar nenhuma medalha na natação, algo que não acontecia
desde 2004, antes de Cielo surgir como revelação, em 2007. Inicialmente, ao
comentar o desempenho dos colegas, disse que foi "bastante positivo",
devido ao recorde de finais. "Faltou a medalha para a gente ficar um pouco
mais tranquilo, mas não é tão ruim quanto parece", avaliou.
Depois, mostrou descontentamento.
"Enquanto não tiver alguém sério e com vontade de ajudar de verdade, vai
acontecer como aconteceu no Rio. Se deixar como tá, a gente vai colher
resultados piores daqui para frente", reclamou. "Nossa transição é
muito deficiente. A gente tem que aprender como fazer isso. Não dá para
empurrar tudo nas costas do Thiago, que tá desde 2004 em Olimpíada. A gente não
precisa nem inventar a roda. A roda já está inventada, tem que aplicar
aqui."
O que também teria que ser aplicado no
esporte brasileiro eram os R$ 4,53 milhões que o Ministério Público Federal
(MPF) denuncia terem sido desviados por Coaracy e pelo diretor financeiro da
CBDA, Sérgio Ribeiro Lins de Alvarenga, suspeitos de superfaturar uma licitação
de materiais esportivos. A acusação envolve ainda, entre outros, Ricardo de
Moura, o indicado de Coaracy para substituí-lo na presidência.
Cielo disse desconhecer detalhes do processo,
que corre em sigilo, e por isso não quis tecer comentários. Mas cobrou que o
dirigente se explique. "A gente espera que a verdade apareça. Não é querer
afastar alguém, chutar o pau da barraca. A gente quer que seja feita uma
apresentação sobre o que aconteceu nos últimos anos. Queremos ter um
esclarecimento do que aconteceu, não só nesse episódio", exigiu o nadador,
ressaltando que não tem "nada pessoal" contra ninguém da CBDA.
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