terça-feira, 5 de junho de 2018


Que tal tratar de profissionalização da gestão em vez de privatização?

Blog Conselho Correios
22 de maio de 2018

Falar de privatização dos Correios tem sido um expediente utilizado por autoridades e dirigentes para desviar o foco da questão principal que é a má gestão da Empresa.

O subterfúgio acaba aprisionando os incautos e realmente desviando o foco daquilo que deveria estar sendo bem discutido no Brasil dos tempos atuais – a qualidade da gestão das estatais.

Em junho próximo termina o prazo para implantação da Lei nº 13.303/2016 nas estatais. Neste momento, seria de se esperar que contássemos nas estatais com melhorias substanciais de gestão, fruto especialmente da aplicação de critérios mais rigorosos para a escolha de dirigentes.

O que se vê, porém, na prática, é que, em geral, os dirigentes continuam a ser políticos ou politicamente indicados. Houve avanços a comemorar na regulamentação de governança nas estatais? Certamente. Mas o que precisa mudar de fato ainda está por acontecer – a ingerência política tem que ser afastada totalmente das estatais.

Até bem recentemente, tínhamos nos Correios um ex-Presidente de partido político como Presidente da Empresa. Foi designado às vésperas da entrada em vigor da Lei nº 13.303/2016, quando todos já conheciam bem o seu teor, especialmente o Presidente da República. O velho jeitinho brasileiro, porém, prevaleceu e a designação ocorreu, com todas as consequências que daí adviriam, porque a indicação era de um partido aliado do Governo.

As estatais não deveriam pertencer ao governo de plantão, como se pratica aqui, mas sim ao Estado. Seus dirigentes deveriam ser muito bem selecionados, entre os melhores servidores de carreira ou entre os melhores candidatos do mercado, e não indicados por caciques políticos, donos de partidos ou coisa do gênero.

No caso dos Correios e de outras estatais, essa deveria ser a discussão em pauta e não a privatização, pois ao cidadão pouco importa se a empresa é pública ou privada, desde que seja bem administrada e, consequentemente, entregue bons serviços e resultados. 

E o Ministério do Planejamento e outros órgãos do Governo Federal deveriam ser fortemente cobrados a respeito do que está sendo feito efetivamente para assegurar que as estatais tenham dirigentes devidamente qualificados e escolhidos sem interferência político-partidária, pois é isto que realmente importa para mudar para melhor a gestão dessas organizações.


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