Adcap Net 21/02/2020 - Desmistificando o Monopólio Postal - Veja mais!
ADCAP – Desmistificando o Monopólio Postal
Correio Braziliense
20/02/2020
20/02/2020
Com o título “Desmistificando o Monopólio Postal. Por que área de reserva é essencial para o serviço postal brasileiro?”, a Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP) explica que “no Brasil, atualmente, a postagem anual é de quase seis bilhões de cartas. Assim, diferentemente do que falam alguns membros do governo federal, as cartas ainda são importantes em muitas situações e contadas aos bilhões, contribuindo com uma parte muito expressiva da receita dos Correios”
Veja a nota:
“Matérias recentes veiculadas pela imprensa
informam que o presidente da Câmara dos Deputados teria mencionado, mais uma
vez, como alternativa à privatização dos Correios, a quebra do monopólio
postal. A ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios esclarece o tema,
assim como as razões porque se trata de um caminho inviável.
Mais de 40% das receitas dos Correios se
originam no segmento de mensagens, onde está a denominada “área de reserva”,
comumente tratada, de forma equivocada, como “monopólio postal”. A terminologia
correta é “área de reserva”, porque a atividade postal é serviço público, de
interesse coletivo, e não exploração de atividade econômica.
A “área de reserva” para a prestação do
serviço postal refere-se apenas a cartas, cartões postais, telegramas e
correspondência agrupada. Ela é legalmente estabelecida, necessária e presente
na maioria dos países do mundo (incluindo os EUA). Garante que o Estado possa,
entre outras coisas, oferecer preço único para as cartas em todo o território e
a mesma qualidade de serviço nos grandes centros urbanos e nas regiões com
baixa concentração populacional. Assim, o selo de uma carta de Brasília para
Brasília custa o mesmo que para uma carta do Oiapoque destinada ao Chuí. E o
melhor: sem depender de subsídios do Tesouro Nacional.
O segmento de encomendas não é abrangido pela
área de reserva, ou monopólio, sendo de livre concorrência. Por esta razão, há
milhares de transportadoras de encomendas no Brasil concorrendo entre si e com
os Correios. A mesma coisa se aplica às malas diretas, que também estão fora da
área de reserva, podendo ser distribuídas livremente.
No mundo todo, a curva de demanda de
correspondências físicas vem decrescendo à medida que evoluem as tecnologias de
comunicação eletrônica. Mas há ainda um volume bem expressivo de documentos que
precisam ser enviados fisicamente. No Brasil, atualmente, a postagem anual é de
quase seis bilhões de cartas. Assim, diferentemente do que falam alguns membros
do governo federal, as cartas ainda são importantes em muitas situações e
contadas aos bilhões, contribuindo com uma parte muito expressiva da receita dos
Correios.
Eliminar a “área de reserva”, ou monopólio,
como mencionou o presidente da Câmara dos Deputados, significaria possibilitar
que as cartas fossem distribuídas também por empresas privadas, o que criaria
uma série de problemas.
Na prática, significaria a falência dos
Correios, que, em nome do Estado, teriam que continuar operando nos locais
remotos e periferias, enquanto os demais operadores se concentrariam nos
mercados locais e grandes centros. O resultado disso seriam mais impostos para
bancar o que hoje é feito pelos Correios sem ônus para os contribuintes.
O correio brasileiro tem conseguido levar o
serviço postal a todos os 5570 municípios do país sem depender de aportes do
Tesouro Nacional, graças à sinergia de seus serviços, à qualidade operacional e
ao empenho de seus trabalhadores. Mexer nisso, pensando em privatização ou em
eliminação da área de reserva, não produzirá resultados positivos para os
cidadãos, para os municípios e nem para as empresas; pelo contrário, acabará
gerando a necessidade de aportes do Tesouro Nacional para assegurar a prestação
do serviço postal nas regiões mais afastadas do país e periferias de grandes
cidades. E a consequência disso para todos virá de imediato, com mais impostos.
O Brasil tem problemas muito graves a serem
enfrentados, na saúde, no meio ambiente, na educação e na segurança pública. Os
Correios não fazem parte desses problemas, mas sim têm sido uma parte
importante da solução. O governo federal e o Congresso nacional precisam
compreender isso. O estudo sintético que segue logo abaixo foi produzido pela
Assessoria Técnica da ADCAP. É um trabalho de extrema importância para quem
precisa se informar a respeito do tema.
Existe Monopólio Postal?
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ADPF 46, em virtude de comando constitucional presente no Art. 21, Inciso X, o serviço postal não consubstancia uma atividade econômica em sentido estrito: serviço postal é serviço público. Portanto, devem ser observadas as características de universalização dos referidos serviços.
Assim, conforme muito bem interpretou aquela
Corte, não é adequado referir-se à existência de “monopólio postal”, tendo em
vista que a expressão “monopólio” é inerente às atividades econômicas em
sentido estrito. O que existe, efetivamente, são alguns serviços reservados ao
operador público, para exploração em regime de privilégio postal da União.
Por que existem os serviços reservados?
Os únicos serviços reservados à ECT, em regime de privilégio postal da União, conforme entendimento do STF, referem-se aos serviços de carta, cartão postal e correspondência agrupada, cujas exclusividades decorrem da prática de subsídio cruzado.
Quanto aos serviços de encomendas, o setor
postal brasileiro hoje é composto por um operador público (ECT) e por centenas
de operadores privados, nacionais e estrangeiros, dentre eles os principais
players do mercado internacional, sendo que inexiste monopólio ou área
reservada para a prestação dos referidos serviços, como equivocadamente querem
fazer crer.
A prática do subsídio cruzado é considerada
uma das ferramentas mais poderosas para implementar políticas redistributivas,
conciliando a manutenção do equilíbrio fiscal com a ampliação do acesso da
população a bens e serviços essenciais. No entanto, para tornar viável o
subsídio cruzado é necessário conferir exclusividade à empresa estatal
prestadora do serviço público, pois só assim será possível fazer com que alguns
segmentos de usuários contribuam para o custeio do consumo de outros.
Com os serviços reservados e a prática do
subsídio cruzado, a União, por meio da ECT, assegura à população brasileira a
universalização dos serviços postais, com quatro elementos fundamentais na sua
execução: (i) a cobertura integral dos territórios nacionais, sobretudo dos
lugares mais remotos e economicamente menos desenvolvidos; (ii) a continuidade
do serviço postal; (iii) preços ou tarifas uniformes ou módicas; e (iv)
segurança, ou simplesmente preservação do sigilo de correspondência pessoal.
Quem vai pagar a conta da extinção da reserva
dos serviços?
A verdade é que os brasileiros dispõem de um serviço postal regular, acessível e prestado com boa qualidade. Com a extinção da área de reserva, não seria possível a manutenção do subsídio cruzado, implicando o reajuste substancial dos preços e tarifas dos serviços postais.
Assim, ou se oneraria demasiadamente os
contingentes populacionais mais carentes e os residentes em locais mais remotos
e economicamente menos desenvolvidos, ou seria onerado o Tesouro Nacional, que teria
que custear a universalização dos serviços postais. Em suma, todos perderiam.
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O governo fala em
privatizar os Correios a toque de caixa, apesar de a empresa apresentar índices
de qualidade operacional excelentes, estar financeiramente equilibrada e gerar
centenas de milhares de empregos diretos e indiretos. Parece que tudo o que
funciona tem que ser desmontado, colocando em risco o que os brasileiros têm de
bons serviços públicos. Não se iluda com o canto da sereia.
#todospeloscorreios
Direção Nacional da
ADCAP.
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