Correios vão reduzir
total de agências
Época
03/02/2017
03/02/2017
m quatro anos seguidos de prejuízo, os Correios estudam
fechar agências próprias em grandes centros urbanos de todos os estados
brasileiros. A fusão de agências faz parte de um plano de economia que está
sendo implementado pela direção para tentar reverter a crise que a Empresa
Brasileira dos Correios e Telégrafos (ECT) enfrenta, mais de dez anos após ser
o palco inaugural do escândalo do mensalão.O número ainda não está fechado, mas
a estatal - que registrou em 2016 prejuízo em torno de R$ 2 bilhões, patamar
semelhante ao de 2015 - vai fundir agências consideradas
"superpostas", ou seja, muito próximas. Um exemplo: na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília, num raio de 10 km, existem 20 agências próprias da
empresa, uma a menos de um km da outra.
"O processo está sendo feito em
consonância com o Ministério das Comunicações, porque sabemos as reverberações
que a medida vai trazer", disse o presidente dos Correios, Guilherme
Campos, ao Estado. Segundo ele, a estatal trabalha contra o tempo para colocar
em prática o processo de "otimização e racionalização" dos serviços.
Atualmente, os Correios contam com 6.511
agências próprias. Responsável pela condução do estudo de fusão das agências, o
vice-presidente da rede de agência e varejo, Cristiano Morbach, adianta que o
"número vai cair bastante". A estratégia da empresa será ampliar a
rede de agências franqueadas, pouco mais de mil hoje. Campos ainda planeja
criar a figura de microempreendedor postal, uma pequena empresa que assumiria
os serviços postais em localidades menores.
Com o fechamento de agências próprias, os
Correios economizam nos custos de manutenção ou aluguel dos imóveis e no
enxugamento do quadro de funcionários. As agências franqueadas são selecionadas
por meio de uma oferta pública e remuneradas com um porcentual das receitas dos
serviços. Atualmente, oferecem quase todos os serviços postais das agências
próprias, mas não atuam como correspondentes bancários. Há negociações para que
os franqueados possam também oferecer serviços financeiros por meio do Banco
Postal.
Para o representante dos trabalhadores no
conselho de administração dos Correios, Marcos César Alves Silva, a parceria da
estatal com empresas privadas na rede franqueada, a princípio, não é ruim, mas
é preciso que o processo seja feito com cautela.
"É preciso cuidado, planejamento e responsabilidade
nessa hora", alerta. "Alternativas de atendimento precisam ser bem
testadas antes de serem amplamente utilizadas, pois um modelo teórico pode não
funcionar bem na prática. A população não pode ficar mal atendida e menos ainda
desassistida."
Os outros dois pontos do plano de economia
tocado por Campos são o plano de demissão voluntária (PDV) oferecido aos
funcionários e a revisão da política de universalização dos serviços postais,
que obriga a estatal a estar presente em todos os municípios.
Segundo o presidente dos Correios, o PDV já
tem adesão de 2 mil pessoas nesses primeiros 15 dias - a estatal espera a
adesão de 8,2 mil empregados e prevê economia anual entre R$ 700 milhões e R$ 1
bilhão. O prazo termina no dia 17. O fechamento das agências está em
consonância, segundo Campos, com o enxugamento do número de funcionários.
Para o representante dos trabalhadores, em
vez dessas medidas, os Correios deveriam investir em inovação e novos negócios.
Ele critica acabar com o princípio da universalização. "Em muitos
municípios, os Correios são a única representação do governo federal. Manter
esse ponto em funcionamento é importante para a comunidade", afirmou.
De acordo com Campos, o prejuízo de R$ 2
bilhões de 2016 foi impactado pelo rombo de R$ 1,8 bilhão da Postal Saúde,
plano de assistência médica dos funcionários. "Ou reformulamos o plano ou
ele acaba com a empresa", disse. Hoje, os funcionários não pagam
mensalidade para ter direito ao Postal Saúde. Em média, são descontados na
folha 7% dos gastos individuais com assistência médica, hospitalar ou
odontológica.
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