Greve dos Correios entra no 8º dia sem acordo nas negociações
G1
04/05/2017
A
greve dos Correios entrou em seu 8º dia nesta quinta-feira (4)
com o impasse nas negociações entre a estatal e os representantes sindicais dos
trabalhadores.
Está prevista para esta quinta-feira uma reunião entre a direção da Federação
Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares
(Fentect) e o presidente dos Correios, Guilherme Campos.
Veja o que fazer para evitar problemas durante a greve dos Correios
Nesta quarta, reunião entre os Correios e as representações sindicais no
Tribunal Superior do Trabalho (TST) terminou sem acordo.
Os Correios informaram que a paralisação, ainda que parcial, acarreta um
potencial de perda de aproximadamente R$ 6,5 milhões por dia aos cofres da
estatal.
Segundo a estatal, integrantes da Fentect bloquearam na quarta-feira o acesso
ao edifício-sede da empresa em Brasília, tentando impedir a entrada de
funcionários.
Proposta de negociação apresentada pelos Correios no dia 1º foi levada para
assembleias dos sindicatos dos trabalhadores filiados à Fentect, que orientou
pela rejeição da proposta e continuidade da greve.
No momento, somente os estados do Amapá, Roraima e Rio Grande do Sul continuam
fora da greve. De acordo com a Fentect, a adesão à paralisação envolve
carteiros, atendentes, administrativos, técnicos e trabalhadores de nível
superior.
Os funcionários das agências franqueadas, que são terceirizados, não participam
da greve. A empresa possui atualmente cerca de 6.500 agências próprias, além de
mais de 1 mil franqueadas.
Segundo a estatal, a paralisação concentra-se principalmente, na área
operacional, sendo que 86,31% do efetivo total no Brasil está presente e
trabalhando.
Reivindicações
Os representantes dos trabalhadores pedem a retirada da mediação do TST sobre
os planos de saúde, revogação da suspensão das férias, debate sobre a situação
econômica da empresa, revogação da entrega alternada e otimização de atividade
interna, suspensão das ameaças de demissão motivada e privatização, suspensão
do fechamento das 250 agências e a criação de comissão com a participação dos
trabalhadores para tratar sobre o tema.
A estatal tenta implantar um novo formato para o plano de saúde dos
funcionários, o Postal Saúde. A empresa alega que esse custeio é o responsável
pela maior parte do déficit registrado nos últimos anos na estatal. Hoje a
estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários com 7%.
Quanto ao plano de saúde, os Correios propõem que os sindicatos apresentem uma
contraproposta. Caso haja acordo, os Correios retirarão a solicitação de
mediação que haviam feito junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Os Correios voltaram atrás em relação à decisão de suspender as férias dos
trabalhadores. A estatal prevê a revogação da medida por 90 dias e disse que
pagará até R$ 3,5 mil para os empregados que forem tirar férias em maio, junho
e julho. O restante dos valores será parcelado. Os sindicatos querem que as
férias sejam mantidas.
A estatal também disse que vai descontar as faltas dos funcionários na última
sexta-feira (28) e exigirá compensação dos funcionários que faltaram nos
últimos dias.
Os Correios informaram que se dispuseram a suspender as novas implantações de
medidas operacionais como a distribuição domiciliária alternada, entrega
matutina e organização das atividades internas e que essas medidas serão
negociadas em comissão a ser formada com essa finalidade. Os casos locais e os
que apresentarem maior dificuldade serão prioridade na negociação.
Crise nos Correios
Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos
e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta.
Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam,
aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de
pessoal.
Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e
pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao
programa.
Os Correios planejam também fechar cerca de 200 agências neste ano, além de uma
série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de
pagamentos. Segundo os Correios, o fechamento dessas agências acontecerá
sobretudo nos grandes centros urbanos.
No dia 20 de abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a
demissão de servidores concursados está na pauta e vem sendo estudada. Segundo
ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de
pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser
demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.
Nesta quinta-feira, no entanto, foi anunciada a escolha da organizadora do
próximo concurso dos Correios para as áreas de saúde, segurança e engenharia
para os cargos de auxiliar de enfermagem do trabalho júnior, técnico de
segurança do trabalho júnior, enfermeiro do trabalho júnior, engenheiro de
segurança do trabalho júnior e médico do trabalho júnior. O número de vagas e
salários não foram divulgados.
O último concurso dos Correios foi realizado em 2011 para 9,1 mil vagas.
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