Reestruturação nos Correios pode gerar demissões, diz presidente
Correio do Estado
14 MAI 2017
14 MAI 2017
Os Correios devem apresentar ainda
neste mês de maio uma proposta de reestruturação para tentar levar suas contas
de volta ao azul, afirmou ao G1 o presidente da estatal, Guilherme Campos. A
empresa soma cerca de R$ 4 bilhões de prejuízo entre 2015 e 2016.
De acordo com ele, a reestruturação é
fundamental para reverter o resultado negativo. Em março, o ministro das
Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que, se a empresa não promover o
"equilíbrio rapidamente", vai "caminhar para um processo de privatização."
Campos disse ainda que a estatal já estuda a
viabilidade jurídica de corte de uma parte dos seus funcionários, após o
resultado de seu Programa de Demissão Incentivada (PDI) ter ficado abaixo do
esperado.
Anunciado em novembro do ano passado, o PDI
teve a adesão de cerca de 5,5 mil funcionários. No total, disse o presidente,
17 mil trabalhadores preenchiam os requisitos para participar do programa e a
meta era de 8 mil adesões. A empresa também já havia anunciado o fechamento de
agências.
"Se com esse movimento [PDI] nós não
tivermos um número satisfatório para chegar num ponto de equilíbrio, nós
partiríamos para um modelo de demissão motivada", disse Campos.
Segundo ele, os alvos das demissões, se
ocorrerem, serão os mesmos do PDI: funcionários do setor administrativo, com
salários mais altos e que continuam trabalhando nos Correios apesar de já
estarem aposentados.
A estatal tem hoje cerca de 110 mil
funcionários. Com a saída dos 5,5 mil que aderiram ao PDI, a estimativa é de
economia de R$ 700 milhões por ano.
Novo valor serviço de entrega
Campos avaliou como “consistente e
transformador” o plano de reestruturação que deve ser apresentado neste mês de
maio. Ele não quis dar detalhes, mas disse que uma das medidas será a adoção de
uma “política comercial mais agressiva” para enfrentar a concorrência no setor
de entrega de encomendas, que vai continuar a ser a grande aposta dos Correios.
Essa política mais agressiva, afirmou Campos,
passa pela mudança nos preços do chamado Sedex, que vai ficar mais barato “nas
localidades mais competitivas” (grandes cidades do país) e mais caro “aonde o
custo é maior para chegar” (regiões mais afastadas dos grandes centros).
“Nós estamos perdendo mercado. Crescemos na
parte de encomendas no ano passado, mas crescemos abaixo do mercado de
encomendas”, disse Campos. Ele também afirmou que os Correios vão melhorar a
qualidade do serviço de entrega de encomendas.
Plano de saúde
Outra medida considerada vital para a
recuperação financeira dos Correios, segundo Campos, é a mudança no plano de
saúde dos funcionários, da ativa e aposentados, que hoje gera um custo de R$
1,8 bilhão por ano à empresa.
De acordo com o presidente, hoje o plano
beneficia cônjuge, filhos e pais dos funcionários. A proposta da empresa é que
ele passe a valer apenas para o empregado – filhos, cônjuges e pais ainda
poderiam ser inscritos, mas o custo seria repassado ao trabalhador.
Se houver acordo e a mudança for feita, os
gastos dos Correios com plano de saúde passariam de R$ 1,8 bilhão para R$ 600
milhões por ano, segundo Campos.
Outras mudanças
O presidente dos Correios também se disse
favorável a mudanças na legislação que permitam aos Correios reduzir custos na
atividade postal. Uma delas é reduzir a frequência com que os carteiros visitam
algumas regiões mais afastadas e de menor demanda. Outra é desobrigar a empresa
de estar presente em todas as cidades.
“A atividade hoje dos Correios não consegue
mais financiar [a presença em todo o país]. Se houver uma decisão de estado
pela permanência, tem que ter um subsídio, um aporte de recursos para que isso
aconteça”, disse Campos.
De acordo com ele, uma das soluções possíveis
para essa questão pode ser a criação de microfranquias, que seriam
administradas por pequenos comerciantes em localidades remotas ou nas
periferias dos grandes centros. Esses comerciantes passariam a ser
representantes dos Correios em troca de um percentual da arrecadação com os
serviços.
Empresa aérea
Para ganhar mercado no setor de entregas, o
plano de reestruturação também vai prever investimentos em logística e
transporte das mercadorias. Entre elas, disse Campos, os Correios podem, apesar
da crise e das contas no vermelho, enfim colocar em prática o plano de criação
de uma empresa aérea.“É um desenho que está sendo construído, mas não tenho a
resposta hoje. A única certeza é que o modelo atual não atende mais nem os
Correios, nem as empresas de transporte aéreo”, afirmou o presidente.
De acordo com Campos, o transporte de
mercadorias dos Correios é feito hoje por “empresas pequenas, com aviões velhos
que não dão aquela confiabilidade que precisamos.”
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