A real
causa do “problema” dos Correios
Imagine o leitor que trabalhe num local onde seu presidente
apregoe, a cada oportunidade que lhe surja, que o principal serviço de sua
empresa está morrendo. E que, apesar das pragas do presidente, esse serviço
ainda seja absolutamente necessário para a maioria da população e responsável
por quase a metade das receitas da empresa.
Imagine que os anúncios de gestão desse presidente e de sua equipe
sejam apenas de fechamento de unidades, demissão de trabalhadores, cortes
orçamentários e desativações de serviços.
Imagine que este mesmo presidente, embora não tenha conseguido
promover nenhuma inovação comercial expressiva após mais de um ano em sua
cadeira e nem alavancar as receitas da companhia, atribua aos trabalhadores e a
seus direitos, conquistados ao longo de muitos anos, a responsabilidade pelos
prejuízos.
Imagine que o acionista dessa empresa tenha recorrido sistematicamente
ao caixa dessa empresa para cobrir seus prejuízos, deixando-a completamente sem
recursos e sem reservas. Além disso, esse mesmo acionista concordou em
implementar mudanças contábeis que sozinhas já condenariam a companhia a sair
de um lucro anual de mais de R$ 1 bilhão para um prejuízo de mais de R$ 500
milhões.
Imagine, ainda, que os porta-vozes desse acionista falem, em tom
de ameaça, na privatização da companhia para “resolver o problema”.
Depois de imaginar isso tudo, é fácil compreender porque os
trabalhadores dos Correios estão revoltados com a direção da Empresa e com o
Governo Federal. É possível compreender que o problema dos Correios não está
nos trabalhadores, mas sim nos andares superiores de gabinetes da sede da
empresa e de alguns ministérios.
Direção Nacional da ADCAP.
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