A importância dos Correios para o comércio eletrônico brasileiro
ADCAP
10/09/2020
Frequentemente leio
matérias que trazem declarações de pessoas a respeito dos possíveis benefícios
que a privatização dos Correios poderia trazer para o
comércio eletrônico brasileiro. Desconheço a motivação das pessoas que fazem
essas declarações e sempre me espanto com elas, pois não vislumbro um único
benefício que poderia advir dessa eventual privatização para estes players e,
por outro lado, enxergo uma série de riscos que me parecem muito concretos, os
quais tratarei nesta matéria.
Inicialmente, é
importante mencionar que o mercado de transporte de encomendas é totalmente
livre no Brasil. Assim, há milhares de transportadoras de todos os portes
atuando no país. Os Correios, apesar de serem o principal desses operadores,
são apenas mais uma opção à disposição das empresas de comércio eletrônico, não
havendo nenhum monopólio ou reserva de mercado.
Então, qual seria a
vantagem de se retirar do mercado uma das opções existentes? Ou então qual a
vantagem de o controle dessa empresa passar a ser de um dos privados que hoje
já opera ou pode operar no mercado? Como isso pode resultar em algum benefício
para quem envia encomendas?
A resposta óbvia é
que não há vantagem aí. Menos oferta leva a maior preço. E, se o privado
hipoteticamente pode praticar um preço menor que os Correios, por que já não o
faz agora, considerando que tem total liberdade de atuação? Por que será que na
imensa maioria dos casos, os fretes dos Correios são os mais econômicos nas
lojas virtuais?
No mundo todo, os
processos de privatização de correios sempre levaram a aumento de preços e a
redução de rede de atendimento. Aqui não será diferente. E isso não é bom para
os operadores de comércio eletrônico, principalmente para as menores que
dependem mais dos serviços postais.
Na atualidade,
qualquer empreendedor pode lançar seu e-commerce e já começar vendendo para o
Brasil todo, utilizando os Correios, com suas opções de encaminhamento normal
(PAC) e expresso (Sedex). Se preferir, pode usar outros transportadores para
determinados destinos em que isso for mais conveniente. É uma situação muito
favorável, em que a utilização dos serviços dos Correios é sempre uma opção à
mão, inclusive para os pequenos, mas não uma obrigação.
A pandemia acelerou o
comércio eletrônico e incrementou o surgimento de novos entregadores. Isso é
bom para os operadores, que possuem agora ainda mais opções no mercado. Mesmo
assim, os Correios continuam sendo muito importantes pela inigualável
capilaridade de seus serviços, pelos preços competitivos em muitas situações e
pela regularidade de suas operações. Mexer nisso só faria sentido se faltasse
capilaridade à rede dos Correios ou se seus preços fossem exorbitantes, duas
coisas que efetivamente não acontecem.
Como principal
transportadora do comércio eletrônico brasileiro, os Correios têm certamente
muito a melhorar. Isso é inegável. Mas também é inegável a importância da
presença dos Correios nesse mercado, assim como o fato notório de que qualquer
concorrente que se julgue melhor pode se estabelecer e prestar seus serviços
livremente.
Não faz, portanto,
nenhum sentido imaginar que a privatização dos Correios possa ser positiva para
o comércio eletrônico brasileiro. Não será. Os únicos beneficiados se essa intenção
se materializar serão outros, que intermediarão ou participarão de um negócio
bilionário de transferência de um patrimônio público extremamente valioso a
preço de liquidação, ou que dividirão o bolo das entregas sem a concorrência
dos Correios, podendo praticar preços maiores.
Assim, se você opera
no comércio eletrônico, desconfie de quem prega que a privatização dos Correios
lhe será favorável, pois não será.
Marcos César Alves
Silva
Vice-Presidente
da ADCAP
Associação dos
Profissionais dos Correios
Antes que as coisas piorem, é preciso privatizar as estatais (estrangeiras) que exploram o Brasil
Tribuna da Internet
10/09/2020
A Enel é uma estatal, uma empresa de
distribuição de energia elétrica que pertence ao estado, mas não ao estado
brasileiro, ela pertence ao atrasado e retrógrado estado italiano, ela vem ao
terceiro mundo garimpar dinheiro na nossa modernidade, afinal é só ver a
quantidade de favelas e comunidades que existem na Itália, em contraponto a
sociedade brasileira, tão rica e justa…
Aqui colocaram na cabeça do povo que o que
pertence ao estado é ruim, não presta, quem ali trabalha é um parasita e o fato
de funcionários de estatais terem um tratamento mais justo, ganharem um salário
mais próximo à dignidade humana, criou no Brasil e no brasileiro um ponto
interessante de inflexão na mente de sua população.
SATANIZAÇÃO – Criou-se aqui no inconsciente
coletivo que trabalhar numa empresa, receber um salário mais justo, ter
direitos trabalhistas, assistência médica e um tratamento digno é algo a ser
destruído, ao invés de equiparar todo o trabalhador a esse patamar aqui o
modelo neoliberal optou por satanizar o funcionário de estatal e o funcionário
público.
Aqui, ao invés de se pregar que o funcionário
de uma estatal recebe um tratamento mais digno, e portanto, os empregadores dos
demais trabalhadores também podem chegar a esse patamar, optou se por
satanizá-los, a opção foi que devemos retirar desses brasileiros os seus
direitos e assim nivelar por baixo a todos.
Essa é só a página do tratamento dispensado
aos funcionários, como uma estatal trata seus empregados, mesmo tendo lucro, e
como a iniciativa privada trata os seus, ainda não chegamos no capítulo preço
cobrado e o tratamento dispensado ao usuário.
ESTATAL ITALIANA – Voltando a vaca fria, a
ENEL é uma estatal italiana, que trata seus empregados de lá da Itália com todo
o zelo e que vem aqui no Brasil explorar grana fácil, pagar salários
aviltantes, prestar um serviço de péssima qualidade e por último, graças ao
fato de dominar muito bem os esgotos do legislativo/judiciário brasileiro,
fazer o que bem entende.
Essa empresa é talvez a quarta ou quinta
empresa “privada” que explora a distribuição de energia elétrica no estado do
Rio de Janeiro, depois que a excelente estatal CERJ foi doada no governo
tungano do Marcelo Alencar e seus filhos roedores, e o povo do interior e
grande Rio nunca mais tiveram paz, essas empresas mudam de dono mas seus
esquemas de impunidade jurídica vem no pacote.
Em comum todas elas tem o fato que nunca
estenderam uma malha de distribuição, jamais criaram nada, todo esse
investimento foi do estado, receberam tudo de mão beijada, contanto que
mantivessem seus esquemas de corrupção dos três poderes azeitados.
MULTA MILIONÁRIAS – A última dessa gangue que
atende pelo nome de ENEL, como falei, estatal para europeus e privada para os
brasileiros, foi simplesmente distribuir multas milionárias de forma aleatória,
sem perícia técnica, sem processos abertos para centenas de milhares de
contribuintes /patos do estado do Rio de Janeiro. Meu irmão, por exemplo, foi
brindado com a cobrança da ninharia de 12 mil reais.
O critério de cobrança beira o surreal, é uma
obra rodriguiana de ficção que custa a qualquer cidadão dotado de bom senso
acreditar. Simplesmente eles alegam que acharam uma diferença de valores nos
últimos três anos e emitem uma notificação extrajudicial com a cobrança dos
valores arbitrados, e é isso aí mesmo e está acabado.
SERIAM ALGEMADOS – Num país mais ou menos
sério o presidente, a diretoria e os gerentes dessa empresa sairiam todos
algemados e a empresa perderia a concessão do serviço público imediatamente,
porém estamos no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, e a chance disso
acontecer aqui é zero, no máximo que o contribuinte-cidadão-otário vai conseguir
aqui, depois de gastos, lutas e perda de tempo, é a dívida ser anulada, mas
punição para a gangue que emite esses valores arbitrários não existe e nem
existirá, afinal eles compraram a impunidade junto.
Esse é o modelo de terceirização brasileira,
pega se uma estatal que presta um serviço de primeira necessidade ao povo,
doa-se ela por inteiro a uma gangue estrangeira a troco de propinas, essa
empresa sucateia os serviços, demite metade dos funcionários, triplica o preço
do serviço e, não contente com isso, parte para a arbitrariedade unilateral.
O Brasil acabou, chegou no fundo do poço, ou
recomeça do zero ou então é melhor fechar as portas de uma vez por
todas. (artigo enviado por Renato Galeno)
Correios privatizados? Como funciona serviço em países como EUA e Alemanha
Uol
10/09/2020
A promessa de privatização dos Correios deve
deixar o Brasil à parte de outros países com dimensões continentais, que mantêm
empresas estatais como forma de assegurar entregas em todos os locais e a
soberania nacional.
No Brasil, os Correios registraram
faturamento de R$ 19 bilhões, com um lucro líquido de R$ 102,1 milhões no
ano passado, mas entraram na mira do governo Bolsonaro, que pretende passar o
controle da empresa à iniciativa privada.
A empresa também emprega cerca de 100 mil
funcionários, que agora estão em greve contra a privatização e a retirada
de direitos trabalhistas por parte da companhia, segundo o sindicato.
"O Brasil tem que garantir que os preços
não sejam exorbitantes para os locais mais distantes dos grandes centros. Por
isso, a conta que é preciso fazer é quanto custará regular, subsidiar e
oferecer isenção fiscal mesmo que privatize a empresa", disse Ana Lúcia
Pinto Silva, professora de economia da FAAP e Mackenzie.
Canadá, Rússia e até mesmo os EUA mantêm os
correios locais sob o comando governamental. Outros países, como Alemanha,
Portugal e Argentina, optaram por privatizar o serviço, mas, ao menos os
últimos dois, já discutem se a decisão foi acertada.
EUA têm correios estatal.
Os EUA possuem a United States Postal Service
(USPS). Os empresa, fundada em 1775, possui cerca de 630 mil funcionários
e receita de cerca de US$ 71 bilhões no ano passado, sendo a única companhia
de entregas a oferecer os serviços em todos os pontos do país, segundo
dados da companhia.
Apesar de a discussão acerca da privatização
da empresa já ter ocorrido em diversos momentos, a USPS mantém entre a
missão corporativa o desejo de "permanecer uma parte integrante do governo
dos Estados Unidos, fornecendo a todos os americanos acesso universal e
aberto à nossa rede inigualável de entrega".
Assim como no Brasil, há diversas outras
empresas no setor, como FedEx e United Parcel Service (UPS), por exemplo.
Mas, o USPS detém o monopólio de alguns serviços, como o de cartas. Além disso,
apenas a empresa estatal pode usar a caixa de correios nos EUA, enquanto
as demais empresas precisam deixar as encomendas em outros locais.
No Brasil ocorre algo semelhante. Os Correios
detêm monopólio, por lei, apenas de cartas pessoais e comerciais,
cartões-postais, correspondências agrupadas, conhecidos como malotes. A
concorrência, contudo, é liberada em setores mais atrativos, como o de
entregas de encomendas, por exemplo.
Agora, o governo Trump está em rota de
colisão com o USPS, dada a possibilidade de a empresa fornecer estrutura
para que os cidadãos americanos votem à distância nas eleições para a
presidência dos EUA, que ocorrerão em novembro deste ano, e, por isso,
debatem os subsídios à USPS, que devem chegar a R$ 25 bilhões neste ano.
Mesmo com a polêmica, a USPS mantém uma
aprovação alta no país. Uma pesquisa da consultoria Pew Research Center
realizada neste ano mostrou que 91% dos americanos mantêm uma visão positiva
da empresa.
"No caso dos EUA, ele é um caso que
mostra que, apesar de ter propostas de privatização, há uma resistência
muito grande, pois ela [a USPS] é muito bem avaliada pelos americanos, então
politicamente é muito difícil passar [a proposta de privatização]",
disse Ana Lúcia.
Canadá e Rússia: gigantes estatais
Outros dois países continentais, Canadá e Rússia também mantêm empresas do
governo nesse setor.
No país da América do Norte, a companhia
Canada Post possui exclusividade para coletar, enviar e entregar cartas
aos destinatários do país. Já na Rússia, assim como no Brasil, a Russian Post
tem como "São países muito grandes e com áreas de difícil acesso,
difícil de fazer o controle dessa entrega em regiões longínquas. Talvez
seja essa a explicação de manter um serviço público. E em países
ricos, menores, o setor privado consegue fazer a alocação de recursos e
dar lucro com um pouco mais de facilidade", afirmou a professora.
Argentina, Portugal e Alemanha privatizaram
Se os maiores países do mundo optam por permanecer com empresas de correios
estatais, outros países, menores em extensão territorial, entregaram suas
empresas à iniciativa privada.
Talvez o caso mais bem-sucedido tenha sido o
da Alemanha. O país privatizou o serviço por partes, começando em 1989. O
Deutsche Bundespost foi dividido em outras três empresas, de economia
mista, mas com maior participação e controle estatal.
A Alemanha manteve benefícios fiscais e
subsídios durante cerca de 15 anos, e só em 2005 é que investidores
obtiveram o controle da empresa, que hoje se chama DHL.
Na Argentina, a Encontesa (Empresa Nacional
de Correios e Telégrafos S.A.) foi privatizada em 1997. A companhia que
adquiriu a empresa à época pertencia a família de Maurício Macri, que viria a
se tornar presidente do país anos depois.
Como a empresa compradora deixou de pagar o
Estado pela compra, a empresa voltou a ter o controle estatal em 2003.
Após escândalos de corrupção envolvendo a empresa privada, a Encontesa passa
por uma crise e, agora, se vê em um imbróglio judicial com os
ex-controladores.
Portugal privatizou os Correios de Portugal
(CTT), que era uma empresa lucrativa, entre 2013 e 2014, por cerca de
909,2 milhões de euros.
A agência reguladora do país, responsável por
medir o nível dos serviços prestados pela empresa privada, porém, já
acionou mecanismos de compensação dada a má qualidade do serviço prestado pelo
CTT.
Alguns parlamentares e centrais sindicais já
discutem a possibilidade de o Estado voltar a ter o controle da empresa.
Correios, patrimônio do Brasil e dos trabalhadores
Correios do Brasil
10/09/2020
Empresa tem mais de 300 anos no território
brasileiro, sendo os últimos 50 como empresa pública
O Brasil vive hoje o maior ataque aos
trabalhadores e aos direitos sociais da sua história, retroagindo a
condições pré-revolução da década de 1840 na Europa.
As Reformas Trabalhista de 2017, seguida pela
da Previdência, levaram a massa dos trabalhadores brasileiros a uma perda
significativa e profunda de sua qualidade de vida, com consequências
drásticas na idade e no valor de todos os benefícios, inclusive a
aposentadoria.
O poder econômico, se apoderando das
instituições de Estado, não mede esforços para se apropriar cada vez da
mão de obra da classe trabalhadora e do patrimônio publico do povo
brasileiro. O objetivo do mercado é o lucro, nem que isto custe a inexistência
de serviços em lugares não lucrativos e o achatamento de direitos, sob um
falso mante de flexibilização.
E a nova bola da vez é a Empresa Brasileira
de Correios de Telégrafos e seus 100 mil colaboradores. A ECT atua
há mais de 300 anos no território brasileiro, sendo os últimos 50 como
empresa pública, e, atualmente, a única com capilaridade para fornecer
serviços públicos em 5570 municípios, atingindo os rincões mais distantes
e menos interessante do ponto de vista de rentabilidade de mercado.
Os Correios são a maior empresa de logística
do Brasil, com faturamento anual acima de
R$ 19 bilhões e lucro acumulado nos últimos 20 anos de mais de R$ 15 bilhões.
Em 2018 e 2019 o lucro foi acima de R$ 100 milhões, por ano.
No primeiro semestre deste ano, a empresa,
considerada essencial por decreto e para o enfrentamento da pandemia, foi
responsável pela manutenção das entregas com segurança, viabilizando o
negócio de milhares de empresas e protegendo milhões de brasileiros. O
faturamento e o lucro cresceram, atingindo R$ 614 milhões de janeiro a
junho, tudo isso às custas da vida de mais de uma centena de trabalhadores
mortos pela COVID-19.
Entretanto, o atual governo, com o objetivo
de asfixiar os trabalhadores para depois entregar a maior e mais
importante empresa nacional aos grupos econômicos, bem ao estilo Paulo
Guedes, por “preço de banana”, quer reduzir a remuneração
dos trabalhadores de 30 a 40%, sem sequer aceitar qualquer tipo de
negociação.
A proposta dos trabalhadores foi para
simplesmente manter o salário que recebem sem sequer o corrigir pela
inflação, cuja média dos carteiros é na faixa dos R$ 2 mil reais
e vinculados ao INSS como todos os demais da iniciativa privada.Acontece,
no entanto, que o governo, ao negar a manutenção dos direitos e se negar a
negociar, mesmo com a participação do TST, obriga os trabalhadores a fazer
greve para evitar a supressão de mais de 35 anos de direitos.
Outro ponto da reivindicação da categoria é a
garantia de condições mínimas de saúde e proteção no ambiente de trabalho
para o combate à COVID-19, ressaltando que a categoria não parou um dia
sequer desde o início da pandemia.
A conduta de ataque aos trabalhadores não é
exclusiva da categoria de correios, mas um fenômeno observado a todos os
empregados públicos e privados, imputando-lhes uma ideia de privilégios e
excesso de benefícios, o que não é a verdade da grande maioria dos casos.
Assim, parafraseando Bertold Brecht, a classe
trabalhadora deve unir-se antes que quando batam à porta de sua categoria
não haja mais quem possa lhe defender, pois a luta dos trabalhadores neste
momento não é só daqueles vinculados a ECT, mas sim de todos os
funcionários públicos e privados, uma vez que o ataque atual é coordenado
pelo poder econômico em detrimento da grande massa da classe trabalhadora.
Por Ricardo Sobral, Advogado do Sindicato de Trabalhadores de Correios de
Ribeirão Preto e Região, mestre em direito, doutor em administração,
pós-doutorando em administração FEARP-USP e professor de pós-graduação.
LGPD não vai ter impacto no ecommerce, aposta Fred Trajano
Estadão
09/09/2020
“Muita gente critica os Correios,
mas eles ainda são muito necessários”, afirma presidente do Magazine
Luiza, Fred Trajano, disse que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não
deve interferir no e-commerce brasileiro. Para ele, deve haver um período
de adaptação para aderir a todos os requisitos, mas isso não deve ter
impacto nos resultados do setor. “LGPD não vai ter impacto no e-commerce.
Deve haver um pouquinho de dor de cabeça para
aderir apenas”.
O CEO defendeu, na transmissão ao vivo
promovida pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit),
que os Correios ainda têm uma atuação importante no segmento. No Magazine
Luiza, essa modalidade de entrega representa cerca de 10% do total. “É
mais importante para o Parceiro Magalu em razão da sua capilaridade”,
afirma.
Logística e Correios
Trajano pontua que há rotas no país que não são feitas por outros operadores
de logística. “Muita gente critica os Correios, mas eles ainda são muito
necessários”, afirma. Para ele, as greves de funcionários da empresa não
influenciam negativamente o e-commerce. “Temos sempre, e o serviço sempre
volta”, diz.
Trajano comentou ainda, a pedido do
presidente da Springs Global, Josué Gomes da Silva, sobre os produtos
têxteis fabricados na China e que são comprados virtualmente no Brasil, o
que se chama de cross border. “Cross border é tendência irrevogável.
Há benefício fiscal que acho alto, de até US$ 50”, afirma.
Em sua visão, esses produtos importados
chegam muito competitivos à indústria local, o
que não seria justo.
Presidente dos Correios diz que estudos sobre privatização trazem avanços
Exame
10/09/2020
Para a empresa, amarras legais das estatais
prejudicam a competitividade
Em entrevista exclusiva à EXAME, o presidente
dos Correios, Floriano Peixoto, comenta a percepção
da população em relação à greve dos trabalhadores da companhia, que
já dura três semanas, e o resultado da pesquisa Exame/IDEIA sobre a
privatização da estatal. O levamento é fruto de um projeto que une Exame
Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto
de pesquisa especializado em opinião pública. A pesquisa mostra que 40%
dos brasileiros apoiam a desestatização dos Correios, enquanto a maioria se diz
contrária à venda da Petrobras e da Caixa Econômica. Veja, a seguir, os
principais trechos da entrevista.
A última pesquisa Exame/IDEIA mostra que uma
boa parcela dos brasileiros é favorável à privatização dos Correios. A que
se deve esse fato?
Ao longo de anos, a empresa foi prejudicada
por sucessivas gestões incapazes de conduzi-la de maneira adequada. Isso,
somado às sucessivas greves, trouxe impactos negativos em vários aspectos
para os Correios. O principal deles se refere à saúde financeira e
à capacidade de investimentos da empresa, o que a impossibilitou acompanhar
com a devida agilidade as transformações do mercado e novas exigências dos
clientes.
Isso afeta a percepção da população sobre a
qualidade do serviço?
Sim, esse descompasso se reflete na percepção
da sociedade quanto à eficiência dos Correios, sendo esse quadro agravado,
ainda, pela entrada de novos players no mercado de encomendas. A atual
gestão, alinhada ao Ministério das Comunicações e ao Ministério da
Economia, trabalha com transparência e busca aplicar as melhores práticas
de administração e governança na estatal. Seu objetivo é acelerar o
processo de recuperação da empresa e restabelecer seu equilíbrio
financeiro.
Fatores como greves (a última já dura três
semanas) também interferem na opinião dos brasileiros sobre o serviço
prestado pelos Correios?
A adesão à greve é baixa, pois a maior parte
dos empregados compreende a gravidade da situação da empresa e do país. Entretanto,
ainda que modesta, qualquer paralisação prejudica a percepção da população
em relação à empresa. Essa situação dificulta o processo de recuperação
dos Correios, prejudicando, ainda, as entregas de insumos básicos de saúde
que são indispensáveis nesse momento de pandemia. Soma-se a esse quadro a
considerável defasagem no contingente da empresa, pois há um grande
número de empregados em isolamento desde março, quando a medida foi
adotada para protegê-los. Com efeito, há uma sobrecarga ainda maior sobre
aqueles que não aderiram à greve.
A empresa também enfrenta dificuldades
econômicas?
É importante lembrar que, assim como suas
equivalentes em outros países, a empresa enfrenta a queda da receita
referente às mensagens e correspondências. Com a paralisação, perde também uma
parcela dos ganhos com encomendas, uma vez que clientes e empresas, por
receio de atrasos, optam por outras empresas de entrega.
Como a estatal se posiciona em relação à
hipótese de privatização da companhia?
A desestatização de qualquer empresa pública
exige estudos complexos e minuciosos que abrangem várias áreas. No caso do
setor postal brasileiro, esses estudos já estão em andamento no âmbito do
governo federal. A partir deles serão decididas as melhores estratégias
para modernizar e tornar mais competitivo e eficiente o serviço postal
do Brasil.
É fato, todavia, que a transformação da
cultura de consumo global aponta para a urgência da necessidade de
adaptação e inovação. Nesse contexto, as amarras da legislação para
empresas estatais acabam por prejudicar a competitividade necessária
ao bom desempenho das atividades dos Correios. É preciso, portanto, adotar
mecanismos que permitam à empresa competir em pé de igualdade com as
demais, que se reinventam sempre no ritmo do mercado. Certamente os
estudos em curso trarão soluções para tornar os Correios mais ágeis e,
consequentemente, qualificados a prestar um melhor serviço ao cidadão.
Direção Nacional da ADCAP.
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