Sobre privatizações de Petrobras e Correios. Por Cássio Faeddo
JC
02/12/2021
Por Cássio Faeddo, em artigo enviado ao blog
Em mais uma de suas promessas de planos infalíveis para salvar o país, o ministro Paulo Guedes declarou recentemente que o governo precisa agilizar as privatizações de Correios e Petrobras.
Afirmou que os Correios correm o risco de se tornarem uma empresa irrelevante em dois ou três anos. O mesmo destino, de perder valor, estaria reservado à gigante estatal Petrobras, pois na visão de Guedes, o mundo inteiro está indo em direção à economia verde e não necessitará mais de combustíveis fósseis.
Mesmo que houvesse um traço de razão nas afirmações, fica claro que Paulo Guedes é daqueles péssimos vendedores que desvalorizam seus produtos no momento de vendê-los.
Guedes pode até ser um economista com boa formação, afirmando ter lido Keynes no original diante de seus pares, mas deixa a desejar quando o assunto é o interesse nacional.
Perguntamos, a China negociaria as suas estatais de energia em um momento de escassez energética? Não, mas Paulo Guedes diz que é ótimo negócio.
Paulo Guedes sabe, mas os incautos aos quais ele dirige tais absurdos talvez não. Combustível é o fim menos nobre para o petróleo.
O petróleo é matéria prima para a indústria química e serve para a fabricação de produtos como cosméticos, tintas, solventes, roupas, resina, parafinas, conservantes, corantes, flavorizantes, produtos plásticos, benzeno em alguns analgésicos, produtos de limpeza como detergente e desengordurantes, borracha sintética (para pneus, tênis e calçados, por exemplo), asfalto, giz de cera e até goma de mascar, como ilustrações.
Paulo Guedes sabe de tudo isso com certeza, mas prefere dizer que economia verde vai engolir a Petrobras. Bilhões de veículos, para Guedes, serão substituídos na velocidade de dobra espacial de "Jornada nas Estrelas". É a mesma conversa de quem professa que tudo agora é indústria 4.0, decretando o fim de produção manufaturada e do emprego. Já conhecemos o destino das certezas como as narradas na obra "O fim da história" de Francis Fukuyama.
Entregar a energia para uma estatal norueguesa ou chinesa definitivamente não parece uma boa ideia em termos de soberania em tempos de Brexit.
Quanto aos Correios, é uma empresa de logística lucrativa, com ampla capilaridade, que faz chegar aos mais distantes locais do país toda espécie de encomenda, no imenso e crescente mercado de compras remotas.
Para Guedes os Correios perderão valor e sucumbirão à concorrência que prestará o mesmo serviço. Paulo Guedes precisa sair da Faria Lima urgentemente para conhecer os rincões deste país.
Em um tempo de crescimento vertiginoso de negócios on line, o ministro da economia desvaloriza e quer vender na sequência a estatal de logística.
O problema nunca foi uma empresa ser estatal ou privada, mas como se lida com a gestão. Acreditar que não ocorre corrupção privada, com custo na ponta final, o consumidor, é um devaneio brasileiro.
Prejuízo, os Correios não dão, tendo superávit nos últimos 20 anos, e repassado 73% dos resultados positivos para seu acionista, o governo federal.
A história é a mesma, elegemos gestores que têm como solução, em face de inépcia gerencial, o repasse de nossos ativos depreciados para a iniciativa privada.
A depreciação ocorre por todos os meios, até com declarações que desvalorizam as empresas antes de vendê-las.
As privatizações devem ser amplamente debatidas na campanha eleitoral de 2022, mas com dados e fatos. Não se pode manipular o eleitor com temas polêmicos, a maioria irrealistas e sobre costumes, para esconder assuntos de vital importância para a soberania nacional.
Cássio Faeddo. Advogado. Mestre em Direito. Especialista em Ciências Políticas – USCS. MBA em Relações Internacionais. FGV/SP.
A importância dos Correios para o Brasil
Apresentação dos Correios na 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia - 03 a 10 de dezembro/2021
Asssita no link: https://youtu.be/xVqoIpv0LMg
Direção Nacional da ADCAP.
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