Correios querem limitar plano de saúde para aliviar as contas
Diário Do Grande ABC
06/03/2018
06/03/2018
Os Correios aguardam o julgamento de
uma ação pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) para aliviar as finanças. A
sessão do órgão que julga ações trabalhistas acontece na segunda-feira e vai
analisar um pedido da companhia para que seja alterada a forma de pagamento dos
planos de saúde dos 106 mil servidores ativos e mais de 30 mil inativos, além
de dependentes.
Caso o resultado seja negativo para a
estatal, existe o risco de não ter condições financeiras de pagar os salários
de abril, segundo afirmou o presidente Guilherme Campos (PSD), em visita ao
Diário. Segundo ele, a crise da empresa pode começar a ser solucionada após a
análise do processo.A atual gestão da empresa quer reduzir os gastos de R$ 1,8
bilhão por ano para R$ 700 milhões com os custos de operação de plano de saúde
aos servidores. Para chegar ao número, a expectativa dos Correios é que seja
autorizado pagamento de 100% da assistência médica aos funcionários atuais e
aos aposentados e mais 15% dos resultados como auxílio para o custeio de
dependentes. Atualmente, a empresa paga planos de saúde para funcionários e
parentes diretos, como cônjuges, pai e mãe. O custo com o serviço representa
hoje 10% da arrecadação da estatal, em R$ 18 bilhões.
“Corre-se o risco de não ter dinheiro para
pagar as contas. Estamos alertando para a falta de caixa desde o início da
nossa gestão. Existia a previsão que em novembro de 2016 não haveria dinheiro.
Houve exercício de cortes e apertos e, por isso, a participação (dos gastos
trabalhistas), que era de 60%, passou para 75% após o corte dos outros custos.
Então existe o risco de funcionários ficarem sem receber”, afirmou Campos.
De acordo com o presidente da empresa, a
situação financeira também foi afetada por governos anteriores. “Os sindicatos
dos trabalhadores reclamam, com razão, que entre 2007 e 2013 foram retirados do
caixa da companhia mais de R$ 6 bilhões a título de dividendos e antecipação de
dividendos. Ou seja, foi feito superavit primário em cima dos Correios. Estamos
pagando caro por essa sangria e a situação atual deixou mais evidente essa
ineficiência”, comentou.
O rombo dos Correios, por outro lado, vem
diminuindo nos últimos anos. Em 2015, a empresa fechou o ano com deficit de R$
2,5 bilhões. No período seguinte, o balanço ficou negativo em R$ 1,6 bilhão.
Os números da estatal para 2017 devem apontar
R$ 1 bilhão de descompasso. O total pode dobrar com a contabilização do
pagamento de indenizações como parte de um plano de demissão incentivada, que
teve adesão de 8.000 funcionários no ano passado e será pago ao longo de oito
anos.
SOLUÇÕES
Para Campos, os Correios precisam buscar fontes alternativas para remodelação do negócio. “A primeira alternativa que aparece é a substituição imediata pelo e-commerce. O Sedex é um sinônimo de serviço, um símbolo da empresa dos Correios. Não tem empresa que faça esse serviço igual aos Correios”, destacou.
Para Campos, os Correios precisam buscar fontes alternativas para remodelação do negócio. “A primeira alternativa que aparece é a substituição imediata pelo e-commerce. O Sedex é um sinônimo de serviço, um símbolo da empresa dos Correios. Não tem empresa que faça esse serviço igual aos Correios”, destacou.
Por sua vez, o presidente da estatal relatou
dificuldades em um possível processo de privatização, que não teria atraído
interessados. “Quem pode falar sobre isso é o presidente da República (Michel
Temer, MDB). Nosso foco tem sido o de recuperar a empresa. Ninguém consegue
pegar com esse passivo trabalhista atual. Pela força que a empresa tem, pela
distribuição pelo País, chama a atenção. Mas tem a questão de ser um monopólio
que está acabando, um produto que não custeia mais a empresa”, ponderou, ao
analisar uma queda de 12,5% registrada no volume de serviços postais.
‘PSD não acolherá plano de Meirelles à
Presidência’
O presidente dos Correios e vice-presidente
nacional do PSD, Guilherme Campos, destacou que o ministro da Fazenda e seu
companheiro de legenda, Henrique Meirelles, não deve disputar a Presidência da
República neste ano e já avisou que o PSD não abrirá portas a um projeto
próprio ao comando do País.
Na visão de Campos, o PSD não teria como
sustentar uma corrida presidencial. “O partido não tem ilusão de ter candidato,
apesar de ter um quadro qualificado como o Meirelles. Hoje não colocamos o seu
nome como prioridade”, analisou. Comenta-se nos bastidores políticos que
Meirelles poderia ser indicado como vice na chapa de Alckmin, embora
publicamente o ministro sustente projeto próprio ao Palácio do Planalto.
Para o deputado federal licenciado, a
tendência é que o partido faça nos próximos meses uma escolha entre o projeto
do governador de São Paulo e provável presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin,
ou alguma outra chapa governista. Campos, por sua vez, não descarta a ideia de
que o presidente Michel Temer (MDB) possa disputar a reeleição, “caso a
economia dê mais sinais de melhora”.
Segundo o presidente dos Correios, porém, a
escolha do PSD deve sair às vésperas dos registros de candidatura para a
corrida presidencial.
No cenário estadual, por outro lado, a
articulação do PSD passa pela indicação do ex-prefeito de São Paulo e ministro
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, como
possível vice do prefeito da Capital paulista, João Doria, nome mais forte no
PSDB para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. As conversas nesse sentido
incluiriam o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo), Paulo Skaf (MDB), como candidato a senador na mesma chapa.
Campos também destacou que o PSD espera
aumentar neste ano tanto a bancada de deputados estaduais (atualmente são três)
e de deputados federais por São Paulo (são cinco na Câmara).
Por fim, o pessedista também analisou as
possibilidades da sigla em outros Estados. “Temos uma boa perspectiva no
Paraná, onde o deputado estadual Ratinho Júnior lidera as pesquisas, e também
lançaremos o Índio da Costa, no Rio de Janeiro, que deve ter uma eleição
bastante disputada.”
Campos deve deixar a presidência dos Correios
até o fim de março para concorrer a mais um mandato de deputado federal. O
parlamentar já foi vice-prefeito e secretário de Comércio, Indústria, Serviços
e Turismo de Campinas, no Interior de São Paulo.
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