Cade decide aprofundar análise de joint venture entre Correios e Azul
IstoÉ Dinheiro
01/10/18
01/10/18
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) declarou “complexo” o ato de concentração entre Correios e
Azul Linhas Aéreas para a criação de uma joint venture e resolveu realizar
diligências complementares antes de uma decisão final sobre o caso. Com isso,
de acordo com despacho publicado no Diário Oficial da União (DOU), a
Superintendência Geral do Cade poderá, se for o caso, ampliar o prazo de
análise da operação.
Em dezembro, Azul e Correios assinaram um
memorando de entendimentos para criar uma empresa privada de solução de
logística integrada. Com participação de 50,01% da Azul e 49,99% dos Correios,
a nova empresa oferecerá ao mercado o serviço de gestão de logística integrada
para transporte de cargas e começaria movimentando aproximadamente 100 mil
toneladas de cargas por ano.
As companhias aéreas Latam e Gol veem com
preocupação a aprovação da joint venture entre Correios e Azul nos moldes
propostos. No mês passado, convocadas pelo Cade a se manifestar sobre a nova
sociedade, as empresas avaliaram que a parceria poderá prejudicar a
concorrência no mercado de carga aérea e apontam que houve favorecimento da
Azul na hora de os Correios procurarem uma parceira.
Tanto Latam quanto Gol observaram, em suas
manifestações ao Cade, que os Correios não abriram uma licitação para firmar a
parceria e tampouco ofereceram o negócio a outras empresas concorrentes da Azul
no mercado de transporte aéreo de carga.
“A seleção da Azul para a celebração da
operação não foi isonômica, revelando preferência injustificada”, escreveu a
Latam, que sugeriu à Superintendência Geral do Cade que peça aos Correios uma
apresentação detalhada das justificativas internas para a contratação
específica da Azul.
A Gol argumentou que a Azul foi favorecida de
forma “discricionária, injustificada e discriminatória” e citou que existe um
processo aberto no Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar
irregularidades na criação da parceria.
Na documentação da operação enviada ao Cade,
Azul e Correios sustentam que o negócio não gera uma sobreposição horizontal no
mercado brasileiro e afirmam que a nova empresa e os Correios continuarão
concorrendo entre si em seus mercados de atuação. “A operação não resulta em
qualquer tipo de preocupação concorrencial no Brasil, uma vez que envolve apenas
relações verticais, sem qualquer potencial ou incentivos de fechamento de
mercado”, dizem as interessadas na parceria. “Além disso, a operação não
envolve qualquer concentração de mercado, na medida em que não consistirá na
fusão das atividades das partes.”
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