MATERIAIS DE
PROTEÇÃO
Diante das
informações sobre falta de materiais de proteção, a ADCAP encaminhou, no dia 6
de abril, (segunda-feira), telegramas ao Presidente dos Correios e ao Ministro
das Comunicações conforme teor a seguir:
Ilmo Senhor
FLORIANO PEIXOTO VIEIRA NETO
Presidente dos Correios
C/C: MARCOS CESAR PONTES
Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações - MCTIC
Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações - MCTIC
Assunto: Correios – tratamento dos trabalhadores durante a pandemia
Senhor
Presidente,
Vivemos
um momento da história em que as nações lutam vigorosamente para perder o menor
número de vidas possível com a pandemia, ainda que este número alcance, em
diversos casos, centenas de milhares.
No
Brasil, o Ministério da Saúde tem empreendido uma série de iniciativas e
estimulado a sociedade a agir para tentar minimizar o impacto dos efeitos que
podem advir dessa pandemia, que já demonstrou ser capaz de esgotar todos os
recursos hospitalares disponíveis para tratamento intensivo, provocando o
colapso do sistema de saúde.
Não
se trata, definitivamente, de algo que possa ser minimizado nem menosprezado.
Os cuidados e a atenção recomendados pelo Ministério da Saúde e pela OMS são
indispensáveis para que poupemos o máximo de vidas possível.
Apesar
desse contexto, o Estadão trouxe ontem (03/04/2020) uma matéria na qual se
reproduzia um Termo de Recusa que estaria sendo utilizado nos Correios. (https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,correios-vao-punir-funcionario-que-recusar-trabalho-por-falta-de-mascara,70003258686)
É
fato que a Empresa tem na atualidade a pior gestão de pessoas de sua história,
com imensos retrocessos que empobreceram significativamente os trabalhadores e
prejudicaram significativamente o clima organizacional. Mas a utilização de um
Termo como esse nos pareceu extrapolar qualquer parâmetro de bom senso, por
confrontar o que as autoridades de saúde estão divulgando e a experiência de
outros países, como a República Tcheca, por exemplo, tem demonstrado, colocando
vidas em risco.
Os
efeitos de iniciativas desastradas como esta, promovidas pela área que deveria
cuidar de pessoas, mas que, nesta gestão, só as menospreza e diminui, são
extremamente nocivas e, neste caso específico, criminosas, por conter
informação falsa que pode colocar em risco a vida dos trabalhadores e clientes.
Em
vez de fazer como diversas grandes organizações brasileiras, públicas e
privadas, fizeram, assegurando medidas e material de proteção para seus
trabalhadores que continuam labutando durante o período de pandemia, os
Correios querem obrigar seus trabalhadores a não usarem máscaras, coagindo-os
com um Termo absurdo como esse trazido no Estadão.
Os
exemplos da República Tcheca e de outros países estão aí para demonstrar que
medidas simples, como o uso sistemático de máscaras, pode efetivamente reduzir
o número de pessoas infectadas, permitindo que o sistema de saúde consiga
tratar dos casos remanescentes. Será que se, ao inverso do que tem sido feito,
cada carteiro e atendente dos Correios fosse estimulado a usar sistematicamente
máscara em suas atividades diárias isso não contribuiria para salvar algumas
vidas?
Uma
medida assim talvez não agrade quem prega que esteja havendo exagero nas
medidas para contenção dos efeitos da pandemia. Mas certamente contribuirá para
que os trabalhadores dos Correios e os clientes por eles atendidos se sintam
mais confortáveis durante os atendimentos e algumas vidas sejam salvas por se
evitar a disseminação do vírus.
Nada
tem mais valor que uma vida humana, Senhor Presidente. A área de gestão de
pessoas dos Correios deveria saber disso e, nesse momento em particular, estar
empregando todos seus esforços para garantir a melhor segurança possível aos
trabalhadores dos Correios, mas não faz isso e ainda usa de coerção para tentar
obrigar o pessoal a trabalhar sem nenhuma proteção.
A
direção da Empresa tem uma escolha a fazer nessa questão: perceber que, para
que a Empresa possa desempenhar adequadamente seu papel de serviço essencial
neste momento, os trabalhadores precisam estar devidamente protegidos e
preparados, ou escolher a trilha de menosprezar os efeitos da pandemia e contar
mais à frente as inúmeras vidas que serão perdidas, de trabalhadores e
clientes, tão somente por falta de atenção aos cuidados recomendados pelas
autoridades de saúde e pelas boas práticas adotadas em outros países.
Os
Correios do Brasil podem ser um bom exemplo e cuidar exemplarmente de seus
trabalhadores e clientes, ou pode ser negligente. Não temos dúvida que a
diferença entre essas duas condutas será contabilizada em vidas.
A
ADCAP espera que V.Sa. e a diretoria que comanda percebam a tempo a gravidade
do assunto e a importância de esse receber um tratamento à altura dos desafios
que traz, por todas as áreas da Empresa e, em especial, pela área que deveria
defender as quase 100 mil vidas que constituem a essência da Empresa.
Atenciosamente,
Maria Inês Capelli
Maria Inês Capelli
Presidente da ADCAP - Associação dos Profissionais dos
Correios
Direção
Nacional da ADCAP.
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