Adcap Net 07/07/2020 - Senado e Câmara vêem poucas chances de que privatizações importantes avancem em 2020 e ex-Ministra diz que acha que Guedes enlouqueceu - Veja mais!
Senado vê poucas chances de que privatizações importantes avancem em 2020
Paulo Guedes prometeu para 90 dias
Podem ser empresas menos relevantes
Poder 360
06/07/2020
06/07/2020
O plano do ministro Paulo Guedes (Economia)
de privatizar 4 empresas nos próximos 90 dias vai encontrar 1 clima
desfavorável no Senado. Em conversas com líderes de bancadas nesta 2ª feira
(6.jul.2020), o Poder360 apurou que a percepção geral é de que as vendas de
estatais que precisem de aval do Congresso dificilmente vão avançar ainda em
2020.
O líder do PSL na Casa, Major Olimpio
(PSL-SP), disse que o que depender de lei vai ficar travado neste ano. Já o
chefe da bancada da Rede, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou haver poucas
chances do plano avançar.
“Não vai mesmo. O que depender de lei vai
travar mesmo. As empresas criadas por lei precisarão de lei para autorizar a
venda. Não vai nada este ano”, completou Olimpio.
Os líderes do PSD e do PT, Otto Alencar
(PSD-BA) e Rogério Carvalho (PT-SE) respectivamente, foram na mesma linha. O 1º
declarou não saber avaliar porque o ministro não especificou os nomes das
empresas e o 2º disse que ainda é muito cedo para o debate.
VENDAS PODEM SER DAS ESTATAIS ‘ESCONDIDAS’
Interlocutores do governo no Congresso
confirmam que há o desejo de que as privatizações sejam 1 dos pilares da
retomada econômica pós-pandemia. Mas as 4 vendas anunciadas por Guedes podem
ser de estatais “escondidas” –ou seja, empresas menores e em setores menos
relevantes.
As últimas grandes empresas que tiveram a
venda discutida no Congresso foram Correios e a Eletrobras. A 2ª
sofreu muita resistência à época e deve ter 1 caminho complexo pela frente.
Ainda no fim do ano passado, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), fez essa projeção: disse que a privatização da empresa de energia não
passaria no Legislativo do jeito que chegou do governo.
Atualmente, há 203 empresas estatais sob o
controle direto ou indireto do governo. O ministro da Economia tem mais chances
de consumar as 4 vendas se concentrar-se em estatais de menor porte.
Isso contraria a fala do ministro sobre o
tema, entretanto. Ele afirma que serão “grandes” vendas.
“Houve justamente esse questionamento: ‘Bom,
agora que o presidente buscou o centro democrático, ou o Centrão, isso agora
vai exigir o aparelhamento das estatais?’. Não. Nós vamos fazer 4 grandes
privatizações nos próximos 30, 60, 90 dias”, disse.
'Acho difícil que alguém vote privatização este
ano', diz Maia
Presidente da Câmara diverge da previsão
feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes
O Globo
07/07/2020
07/07/2020
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira, em videoconferência da corretora
Genial Investimentos, que o Congresso "dificilmente" vai aprovar
alguma privatização este ano. Apesar de o ministro da Economia, Paulo
Guedes, ter sugerido que haverá "quatro grandes privatizações em 90
dias", Maia elencou as dificuldades para que esses projetos saiam do
papel. Ele citou o adiamento das eleições como um dos fatores que podem
atrapalhar as negociações, além da resistência do próprio Palácio do Planalto
em encarar o tema.
O presidente da Câmara também lembrou que a
proposta mais avançada, a venda da Eletrobras, travou por causa de
resistências no Senado. Sem citar a fala recente de Guedes, Maia analisou
o ambiente político no Legislativo.
— Com eleição em novembro, eu acho difícil
que alguém vote privatização este ano.
Somado a isso, no Senado (há resistência). A
única (privatização) que está na Câmara é a Eletrobras. E, desde o ano
passado, alguns senadores muito importantes têm deixado bem claro que são
contra a privatização da Eletrobras. Isso tira ainda mais as condições de
a matéria avançar — disse.
Apesar da vontade de Guedes, Maia afirma que
não há empenho por parte do presidente Jair Bolsonaro em levar adiante
esta agenda.
— Não vejo outra privatização sendo
apresentada pelo governo. Não vejo. Os Correios poderiam ser um bom
debate. Talvez seja melhor tentar regular o setor de logística no Brasil,
do qual fazem parte os Correios, para que você tenha no Brasil um mercado
mais aberto, mais livre para todos, para um número maior de empresas. Acho
que a privatização dos Correios, não vejo o governo com intenção de
encaminhar. Pelo menos o presidente não disse nada diferente —
acrescentou.
O presidente da Câmara também disse não ver
indícios de que o governo esteja disposto
a enfrentar a discussão da privatização de bancos públicos e a Petrobras.
a enfrentar a discussão da privatização de bancos públicos e a Petrobras.
— As grandes privatizações teriam um impacto
maior, que era repensar a questão dos bancos públicos, da Petrobras, não
vejo isso como uma agenda do Palácio do Planalto.
Pode ser a agenda de uma parte do Ministério
da Economia, mas, do meu ponto de vista, estou dando minha opinião, não
tenho grandes informações, não é parte da agenda do Palácio do Planalto,
pela composição que o palácio tem hoje.
Ao ser questionado sobre o assunto na
videoconferência, Maia indicou que a agenda mais importante do
momento são as reformas tributária e administrativa.
— A reforma tributária a eleição não
atrapalha, ajuda, até porque é a primeira vez que temos um ambiente em que
quase todos os entes federados estão a favor da reforma, tirando algumas
capitais, como São Paulo, que representa 30% do ISS do Brasil.
(Neste caso) tem que se pensar numa solução (...) A reforma
administrativa, não vejo como um problema, um entrave, ela não vai
enfrentar os atuais servidores. Seria bem razoável (votar este ano), não
apenas porque vai gerar uma economia, certamente a partir do terceiro,
quarto ano, já que você está tratando só dos novos (servidores), mas pode
trazer um componente importante, que é gerar uma competição entre
servidores do modelo atual e os novos.
‘Acho que Paulo Guedes enlouqueceu’, afirma Miriam Belchior sobre privatizações
“Enquanto todos os países montam planos de
reconstrução nacional, por causa da crise provocada pela pandemia, ele continua
no samba de uma nota só da privatização”, critica ex-ministra
Rede Brasil Atual
06/07/2020
06/07/2020
Indiferente à pandemia de coronavírus e
atento a sua agenda ultraliberal, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse
neste domingo que o governo deve anunciar em breve as privatizações de quatro
grandes estatais. Ele não citou expressamente quais, mas confirmou que os Correios estão
na mira. “Está na lista seguramente, só não vou falar quando. Eu gostaria de
privatizar todas as estatais.”
A Eletrobras é outra estatal a ser vendida.
“Acho que ele enlouqueceu”, afirma a
ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior. “Enquanto todos os países estão
montando planos de reconstrução nacional, por causa da crise provocada pela
pandemia de coronavírus, ele continua no samba de uma nota só de falar de
privatização.”
Para ela, ao contrário do que Guedes defende,
o país, para crescer e criar empregos, precisa de investimento público. “Não
tem plano B. Ele não consegue sair da caixinha ultraneoliberal em que se
enfiou”, critica Miriam.
De mão beijada
Segundo Guedes, o Planalto vai anunciar planos para as grandes privatizações em “30, 60 a 90 dias”. Essa não é a primeira vez que ele afirma querer privatizar “todas as estatais”. A mesma frase foi dita ao jornal Valor Econômico em setembro de 2019.
Segundo Guedes, o Planalto vai anunciar planos para as grandes privatizações em “30, 60 a 90 dias”. Essa não é a primeira vez que ele afirma querer privatizar “todas as estatais”. A mesma frase foi dita ao jornal Valor Econômico em setembro de 2019.
“Assim como o presidente da República nega a
pandemia, o ministro da Economia nega que o país vai entrar em uma pindaíba
gigante e não vai ser com privatização, muito menos privatização de patrimônio
nacional, a área de energia, que vai solucionar o problema de necessidade de
crescimento e de criação de empregos”, observa Miriam. “Quero saber o que essa
privatização (da Eletrobras) vai gerar de emprego.”
O resultado, na visão da ex-ministra de Dilma
Rousseff, será “jogar fora” o patrimônio. Inclusive, dado o quadro de crise
mundial, eventuais compradores vão querer pagar preço muito abaixo do valor
real. “Vamos entregar de mão beijada. É uma insanidade.”
Risco à segurança
Para a eventual privatização da Eletrobras, os governistas dependem da boa vontade do Congresso, mas o tema é delicado e encontra resistências na Câmara.
Para a eventual privatização da Eletrobras, os governistas dependem da boa vontade do Congresso, mas o tema é delicado e encontra resistências na Câmara.
A ex-ministra acredita que é preciso haver
mobilização dos partidos de centro-esquerda no Congresso Nacional, por parte
dos funcionários das empresas, dos parlamentares que consideram a energia
estratégica e também de movimentos sociais.
“O suprimento de energia não ser controlado
de forma pública é um risco gigante para a segurança do país. Segurança
econômica e mesmo física. Se alguém quiser nos atacar, se controlar a energia,
tem um grande trunfo na mão”, alerta Miriam Belchior.
A privatização da Eletrobras e dos Correios
teria consequências semelhantes. “Quero saber quem vai entregar produtos nas
periferias, porque hoje as empresas privadas que fazem entrega de mercadorias
vendem o serviço para alguém postar no correio, para o correio entregar. Como
as mercadorias vão chegar nos lugares mais distantes e também nas periferias
dos grandes centros urbanos?”, questiona. Da mesma maneira, o fornecimento de
energia a locais não rentáveis para empresas pode ser seriamente comprometido.
Em janeiro, em entrevista à TV Record, o
secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, do
Ministério da Economia, Salim Mattar, justificou por que os Correios têm de ser
privatizados. “Não faz sentido mais ter uma empresa para entregar cartas se
ninguém mais escreve cartas”, disse.
Saneamento
No caso do saneamento, o problema seria semelhante. “Os pequenos municípios vão ser prejudicados, porque são o osso, e tem município que é a carne. As empresas só vão querer os municípios rentáveis, só vão querer a carne”, diz Miriam. “E o país vai ficar sem saneamento? É isso que vai acontecer com essa privatização do setor de saneamento do país. Esse é o debate que precisa ser feito sobre os efeitos dessas medidas.”
No caso do saneamento, o problema seria semelhante. “Os pequenos municípios vão ser prejudicados, porque são o osso, e tem município que é a carne. As empresas só vão querer os municípios rentáveis, só vão querer a carne”, diz Miriam. “E o país vai ficar sem saneamento? É isso que vai acontecer com essa privatização do setor de saneamento do país. Esse é o debate que precisa ser feito sobre os efeitos dessas medidas.”
Na quarta-feira (24), o Senado aprovou o novo
marco legal do saneamento básico. O Projeto de Lei (PL) 4.162/2019 facilita a
privatização da água por meio da concessão de serviços de estatais do setor
para empresas que visam ao lucro.
Direção Nacional da
ADCAP.
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