No início, o governo federal anunciava sua intenção de privatizar os Correios acompanhada de uma série de argumentos e bordões. Era necessário quebrar o monopólio postal para aumentar a concorrência, baixar preços e melhorar a qualidade. Além disso, segundo o governo, os Correios davam prejuízo e representavam um grande risco para o orçamento da União.
Com o passar do tempo, porém, esses argumentos foram sendo
desmontados a partir de seu confronto com a realidade.
Além disso, é necessário frisar que, apesar de o Brasil ter
o 5º maior território do mundo, a tarifa da carta brasileira é uma das menores,
situando-se bem abaixo da média mundial. E a qualidade do serviço postal
brasileiro (próxima a 95% de conformidade) não perde para os correios de países
mais desenvolvidos e com melhores infraestruturas de logística.
Entre outras questões, o projeto:
a) cria despesas para a União, apesar de afirmar o contrário.
Afinal, quem vai bancar a tarifa social lá prevista ou a ampliação da Anatel,
para abranger a fiscalização dos Correios?
b) introduz uma verdadeira jabuticaba – a possibilidade de a
tarifa da carta ser estabelecida considerando a origem e destino do objeto,
enquanto que, no mundo todo, incluindo o Brasil, a tarifa de carta é única
dentro do território, variando apenas em função do peso do objeto;
c) não estabelece nenhum tipo de garantia real a ser
prestada por um eventual adquirente dos Correios, com relação aos passivos
trabalhista e previdenciário da empresa, colocando em risco de calote
bilionário os quase 100 mil trabalhadores e dezenas de milhares de ex-trabalhadores;
d) transfere indevidamente ao executivo competências típicas
do legislativo, como é o caso da definição da política do serviço postal no
país e dos serviços postais universais;
e) cria um monopólio privado, o que é inconstitucional, e
ainda sem prazo certo;
f) não assegura a permanência do atendimento postal em todos
os municípios e a entrega postal em distritos com mais de 500 habitantes, como
já faz hoje os Correios; a menção a respeito no projeto remete à regulamentação
a definição das áreas remotas do país onde o atendimento seria garantido.
Assim, para que os brasileiros não tenham mais um problema a
lhes afligir, é importante que o governo federal seja aconselhado a abandonar
essa ideia e deixar que os Correios sigam seu caminho, antes que se veja
obrigado a fazê-lo por decisão judicial ou por mais uma derrota no Congresso
Nacional. Não precisa ser assim.
ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios
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