Cade instaura processo contra telefônicas por irregularidades em licitação dos Correios
O Globo
28/08/2017
28/08/2017
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica – SG/Cade instaurou, em despacho publicado no Diário
Oficial da União desta segunda-feira, processo administrativo para apurar
suposta conduta coordenada entre as empresas Claro S/A, OI Móvel S/A e
Telefônica Brasil S/A em licitação promovida pela Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos. As irregularidades envolveriam também condutas unilaterais de
discriminação de preços e recusa de contratar.
Segundo comunicado divulgado nesta manhã pelo
Cade, o caso teve início em 2015, a partir de denúncia da BT Brasil Serviços de
Telecomunicações Ltda., que acusa Claro, Oi e Telefônica de atuarem de forma
coordenada, com o objetivo de eliminar a competição entre elas. A prática
ocorria em licitações de órgãos da administração pública federal para
contratação de serviços de telecomunicação com abrangência nacional. A BT
Brasil questiona o suposto caráter anticoncorrencial da associação dessas
empresas nos certames, sob a alegação de que as concessionárias possuem o
controle sobre o acesso à infraestrutura local de telecomunicações.
A denúncia detalha as práticas
anticoncorrenciais supostamente ocorridas no Pregão Eletrônico nº 144/2015,
realizado pelos Correios. As representadas, que atuaram como um consórcio na
licitação, teriam discriminado preço e recusado a contratar circuitos de
comunicação necessários à formação da proposta da BT para a participação desta
no pregão. "Claro, Oi e Telefônica estariam valendo-se de um instrumento
legal do consórcio para coordenar interesses, gerando efeitos anticompetitivos
e afastando eventuais competidores", diz um trecho da nota do Cade.
"A investigação realizada pela SG /Cade
indicou a presença de indícios robustos de práticas anticompetitivas realizadas
pelas representadas, tanto no que se refere às condutas de discriminação e
recusa de contratar, quanto à atuação injustificada por meio de consórcio no
pregão dos Correios. Com base nesses indícios, a Superintendência concluiu pela
instauração de processo administrativo", informa o órgão.
Agora, as três empresas serão notificadas
para apresentar defesa. Ao fim da instrução processual, a Superintendência-Geral
opinará pela condenação ou arquivamento do caso, encaminhando-o para julgamento
final pelo Tribunal do Cade, responsável pela decisão final.
Posicionamentos
Procurada, a Oi informou que atua de acordo
com as normas vigentes e que não comenta processos em andamento. Já a Claro
disse que cumpre a legislação vigente e reitera o seu compromisso e respeito ao
consumidor. "A empresa esclarece ainda que tomou conhecimento da decisão
do CADE por meio do Diário Oficial e irá apresentar sua manifestação dentro do
prazo legal", disse a Claro.
A Telefônica, dona da Vivo, informou que a
prestação de serviço por meio de consórcio está dentro dos critérios
estabelecidos na lei. "Restringir a participação de consórcios em
licitações pode diminuir a eficiência e aumentar as despesas por parte das
empresas contratantes", disse a empresa.
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