CPI dos Fundos de
Pensão pede indiciamento de 353 nomes
FOLHA ON-LINE
12/4/2016
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12/4/2016
Após oito meses de trabalho, o
relator da CPI dos Fundos de Pensão, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), pediu o
indiciamento de 353 pessoas e empresas ligadas a esquemas de corrupção
analisados pela comissão. O peemedebista apresentou seu relatório final, de 832
páginas, em que estima um prejuízo de R$ 4,26 bilhões a quatro fundos.
A CPI, criada para investigar o mau
uso de recursos financeiros no Postalis (dos Correios), Previ (do Banco do
Brasil), Petros (da Petrobras) e Funcef (da Caixa Econômica Federal) entre 2003
e 2015, investigou 15 casos com indícios de fraude e má gestão de fundos de
previdência complementar de funcionários das estatais e servidores públicos. O
relatório deverá ser votado nesta quinta-feira (14).
O relator encaminhou ao Ministério
Público Federal uma relação de 145 pessoas que podem ser responsabilizadas
penalmente, dentre elas o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado pela
Operação Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e o empresário
Adir Assad, também condenado pela Lava Jato por lavagem de dinheiro e
associação criminosa. Para Souza, os dois atuaram em esquemas que levaram os
fundos de pensão a ter prejuízos milionários.
Além deles, o ex-presidente do
Postalis Alexej Predtechensky, conhecido como Russo, também teve seu
indiciamento pedido. Ele, no entanto, já foi indiciado pela Polícia Federal no
último fim de semana por suspeita de fraude de R$ 400 milhões em operações
financeiras do fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Ele foi
enquadrado por gestão fraudulenta e apropriação de dinheiro, entre outros. Para
a PF, ele e o operador do mercado financeiro Fabrizio Dulcetti Neves, também
indiciado, eram os chefes do esquema, que envolveu a compra de ações e
pagamentos de taxas indevidas.
Além da responsabilização penal,
Souza também indicou os nomes de 158 pessoas e empresas que serão
responsabilizadas na esfera civil e e 50 instituições para apuração de
responsabilidade administrativa.
O presidente da comissão, deputado
Efraim Filho (DEM-PB), informou que o colegiado conseguiu autorização para a
quebra de sigilo de 350 contas bancárias sendo que as informações de apenas 63
delas não foram encaminhadas ainda para a comissão por falta de cooperação de
bancos. Para ele, no entanto, não há prejuízo para os trabalhos já que assim
que os dados forem entregues para a CPI, elas serão encaminhados para o
Ministério Público e a Polícia Federal.
Durante a reunião, Souza leu um
resumo de 70 paginas em que apontou os principais fatos de cada caso.
POSTALIS
Para ele, foi montado um forte
aparato pelas empresas citadas para fraudar os fundos de pensão e uma
metodologia foi estabelecida com a supervalorização de ativos a serem comprados
pelos fundos.
"As conclusões foram muito
satisfatórias porque elas demonstram que houve uma metodologia de fraudar os
fundos de pensão, não só o mais lesionado, que é o Postalis, que é o dos
carteiros, mas todos os demais. Mas percebemos que houve a supervalorização dos
ativos a serem comprados pelos fundos de pensão", disse. Para Souza, o valor
dos prejuízos pode ultrapassar uma dezena de bilhões de reais se todos os
investimentos dos fundos forem investigados.
A comissão encaminhará toda a
investigação para o Ministério Público e órgãos de controle, como o TCU
(Tribunal de Contas da União) para que eles possam, de fato, punir os
envolvidos na esfera civil e criminal, além da responsabilização
administrativa.
Em nota, a Funcef afirmou que conta
com um "modelo de governança de referência no setor de previdência
complementar baseado na gestão compartilhada" e que seus
"investimentos são realizados, sempre, com observância aos princípios de
liquidez, solvência e equilíbrio dos planos de benefícios administrados, além
de seguirem rigorosos padrões técnicos de análise, previstos em normativos
internos e na legislação aplicável às Entidades Fechadas de Previdência
Complementar".
"Enfatizamos, ainda, que o
processo decisório é baseado em pareceres das áreas de investimentos, de risco
e conformidade e da jurídica. A Funcef prestará todas as informações que outras
autoridades venham a lhe solicitar, e reafirma seu compromisso com todos os
participantes da Fundação", diz a nota.
Procuradas a Postalis afirmou que só
irá se pronunciar nesta quarta (13) e a Previ disse que só irá se pronunciar
após a votação do relatório. A Folha não conseguiu contato com a Petros.
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